Poluição do ar hospitaliza 200 mil pessoas na Tailândia em uma semana
Se, na teoria, ar limpo é um direito humano, na prática, nove em cada dez pessoas respiram todos os dias um ar cuja qualidade está abaixo do aceitável
- “Eu queria ser civilizado como os animais”, canta Roberto Carlos na música-mensagem O Progresso, lançada em 1976.
O Ministério da Saúde Pública da Tailândia divulgou que, somente na primeira semana de março, ao menos 200 mil pessoas ficaram doentes por causa da poluição atmosférica e precisaram de atendimento médico para tratar quadros de síndromes respiratórias.
O cenário mais crítico foi na capital Bangkok. Na última quinta-feira (09), o Índice de Qualidade do Ar ultrapassou quase 15x o valor considerado aceitável pela Organização Mundial da Saúde. O resultado foi uma neblina densa que se instalou sobre o conglomerado urbano. A situação foi tão preocupante que o Departamento de Controle da Poluição recomendou o teletrabalho, para evitar que a população saísse de casa.
Além dos problemas respiratórios – que podem ser minimamente suavizados com o uso de máscara -, a poluição atmosférica causa irritação nos olhos, na pele (como dermatites), e contamina a água e alimentos. Ou seja, é muito mais complexo do que podemos imaginar.
O Ministério da Saúde Pública da Tailândia estima que, só neste ano, mais de 1,3 milhão de pessoas já tenham sido hospitalizadas para tratar episódios resultantes da poluição. No país oriental e no mundo, são três as principais causas:
- o excesso de automóveis nas ruas, especialmente em cidades urbanas e em bairros centrais;
- os gases tóxicos liberados pelas indústrias;
- a queima de vegetação, especialmente aquela proposital, ligada ao agronegócio.
Outro país asiático que sofre muito com a poluição atmosférica é a Índia. Em 2022, escolas da capital Nova Délhi fecharam as portas devido aos altos índices de poluição do ar. A situação se repete constantemente, uma vez que a cidade é considerada a mais poluída da Terra.
E por falar no nosso querido planeta azul (que anda mais cinza que nunca), a Organização Mundial da Saúde alerta que nove em cada dez pessoas respiram diariamente um ar cuja qualidade está bem abaixo do considerado aceitável. Ou seja, muito provavelmente você faz parte dessa estatística neste exato momento.
Por ano, cerca de 9 milhões de pessoas morrem por causa da poluição atmosférica, de acordo com levantamento realizado pela ONG Pure Earth em 2022. Se durante o pico da pandemia de coronavírus houve uma melhora drástica da qualidade do ar, devido aos lockdowns, o pós-pandemia superou todas as expectativas, uma vez que as empresas e as pessas precisaram correr atrás do “tempo perdido”. Logo, indústrias emitiram como nunca gases tóxicos e mais carros saíram às ruas, liberando coletivamente quantidades assustadoras de Monóxido de carbono (CO) e Dióxido de carbono (CO2).
Em São Paulo, por exemplo, outro grande conglomerado urbano, os carros são os principais emissores de gases poluentes, segundo dados da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). Os automóveis respondem por 72,6% da emissão de gases causadores do efeito estufa.
Não à toa, síndromes respiratórias crônicas são cada dia mais comuns e muitas pessoas desenvolvem a condição já durante a primeira infância.