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‘Pequeno dicionário’ desmistifica termos polêmicos do debate político

Segunda edição de publicação traz versão em quadrinhos e com versão especial para a galera jovem.

Por Agência Bori Atualizado em 29 out 2024, 18h04 - Publicado em 6 dez 2023, 06h00
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que significa alguém dizer que usa uma ‘linguagem neutra’, se define como um ‘cidadão de bem’ ou defende a ‘liberdade’?

O significado e a história destes e de outros verbetes que se popularizaram nos debates políticos recentes no país aparecem em dicionário lançado nesta terça-feira (5) por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria com o Observatório de Sexualidade e Política (SPW, da sigla em inglês).

A segunda edição da obra “Termos ambíguos do debate político atual: pequeno dicionário que você não sabia que existia” trabalha com verbetes usados por pessoas de todo o espectro político brasileiro e tem duas versões: uma para jovens e outra para adultos. Ao todo, são 14 verbetes com temas que ganharam significados polêmicos como ‘família’, ‘identitarismo’ e ‘globalismo’ — seis verbetes a mais da primeira edição do dicionário, lançada em 2022.

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O livro pretende esclarecer acadêmicos, estudantes e formadores de opinião sobre a história e o percurso destes termos para que possam decidir, de modo informado, se desejam ou não usar essas expressões. Todos os verbetes têm uma ilustração que sintetiza seu significado, produzida pela jornalista e quadrinista Carol Ito, vencedora do Troféu Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos.

É como se esses bordões sempre tivessem existido. Ninguém se pergunta de onde vieram, como foram criados e a que se destinam. Recuperar essas trajetórias foi uma de nossas motivações, porque isso é vital para saber como melhor contestá-los

Sônia Corrêa, coordenadora do SPW

O material explica expressões como: ‘cidadão de bem’, usada nas campanhas presidenciais de 2018 e 2022. “Esse termo se popularizou num contexto de programas policiais, servindo desde sempre como um demarcador de condutas entre supostos bandidos e a população geral”, explica Isabela Kalil, coordenadora de Pós-Graduação em Antropologia da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) e coautora do dicionário.

“A popularização deste termo foram parte fundamental do processo que levou a extrema-direita ao poder”, destaca.

A pesquisadora Janine Pimentel, associada ao Núcleo de Estudos da Tradução da UFRJ, comenta que os verbetes da edição jovem do Pequeno Dicionário passaram por um processo de simplificação textual.

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“Usamos uma ferramenta que avalia o nível de dificuldade de um texto para produzir verbetes ainda mais curtos e descomplicados. Este é um processo chamado de ‘tradução intralinguística’, isto é, a tradução de um texto dentro da mesma língua, orientada por metas e públicos diferentes”, relata.

Sonia Corrêa, pesquisadora e cocoordenadora do SPW, diz que os termos tratados neste pequeno dicionário foram sorrateiramente absorvidos pela sociedade brasileira desde o final dos anos 1990 e, hoje, fazem parte do vocabulário político comum e corrente.

“É como se esses bordões sempre tivessem existido. Ninguém se pergunta de onde vieram, como foram criados e a que se destinam. Recuperar essas trajetórias foi uma de nossas motivações, porque isso é vital para saber como melhor contestá-los”, esclarece Corrêa.

Clique aqui para fazer o download completo da segunda edição do dicionário.

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