O que desejo para o futuro de meninas como eu, que admiram Marielle Franco
"Foi emocionante enxergar a juventude engajada de forma intrínseca com a luta antirrascista e gritando por justiça."
o dia 14 deste mês completou-se meia década do assassinato de Marielle Franco e Anderson, e ainda não há resposta para a crucial pergunta: quem foi o mandante desse assassinato? Com sede de justiça, uma onda de movimentos sociais chacoalhou o Brasil para celebrar sua luta e mostrar que a memória dos vereadora não será esquecida e eu estive em um dos espaços que mais fez isso, viu?
Meu nome é Gabriela Machado, tenho 20 anos, moro no Rio de Janeiro e sou líder do clube Girl Up Elza Soares. A CAPRICHO e a Girl Up Brasil reuniram um grupo de meninas e jovens – incluindo eu – para participar e ver bem de pertinho o Festival Marielle Franco, realizado na Praça Mauá e que juntou uma série de artistas e ativistas para celebrar o legado da vereadora e a continuidade de sua luta.
O festival começou bem cedinho e, logo pela manhã, foi inaugurada a estátua gigante de Marielle, feita pelo artista Paulo Nazareth, com simplesmente 11 metros de altura. Foi impossível não ficar fascinada ao ver a imagem singela de Marielle tão grande quanto o seu legado, ocupando o espaço central do ambiente (a estátua, que é feita de metal e alumínio, se encontra bem na entrada Pilotis do Museu de Arte do Rio e está aberta à visitação, vale muito a pena, viu?)
Outra atividade que também estava rolando por lá, no Pilotis do Museu de Arte do Rio, era a Oficina de Bordado, com o pessoal do Linhas da Gamboa. Mesas com diversas cores de linhas espalhadas pela sua extensão criavam um ar alegre e juntavam-se às toalhas bordadas. Era pura arte!
Decorando o ambiente, um varal com panos de prato bordados com frases motivacionais como “Corpo bonito é aquele que tem gente feliz dentro” e “Lugar de mulher é onde ela quiser”. Momentos antes do festival começar no palco, nós acompanhamos de pertinho as falas tão sensíveis de figuras importantes por manter o legado de Marielle vivo.
“Esperança a gente tem que ter, e eu nunca perdi”, disse Anielle Franco, Ministra da Igualdade Racial do Brasil, e logo após, Lígia Batista, que é a atual diretora executiva do Instituto Marielle Franco, reafirmou a influência do Ministério público no caso e que ele deverá ser resolvido o quanto antes.
Logo após a despedida, as meninas não perderam tempo e corremos para tirar várias fotos juntinhas com o fundo da coletiva. Nesse momento, a Praça Mauá já estava lotada para acompanhar os shows, que contavam com tradução para LIBRAS, e fomos garantir seu lugar na frente do palco!
Foi emocionante enxergar a juventude engajada de forma intrínseca com a luta antirrascista e gritando por justiça
Como abertura, tivemos o pessoal do Projeto ‘Nenhum a Menos’, que assiste crianças e adolescentes da Maré, apresentando uma música autoral sobre Marielle Franco e discursando sobre a violência nas comunidades, que também atinge crianças. Em seguida, tivemos a apresentação do Coral Talentos do Morro, que oferece aulas gratuitas de canto e outros instrumentos para jovens das comunidades do Complexo do Alemão, Morro do Adeus e Penha.
Foi emocionante enxergar a juventude engajada de forma intrínseca com a luta antirrascista e gritando por justiça, impactada pelo legado de Marielle e se espelhando em sua força. Além disso, nomes conhecidos do cenário musical, como Djonga e Luedji Luna, juntaram-se à causa e estiveram presentes, movimentando a galera.
O Festival Justiça por Marielle e Anderson foi um momento de muita construção coletiva. Sabemos que o legado de Marielle, por meio de suas sementes, permanecerá vivo e sua história continuará impactando diversas pessoas. Porém, fica aqui a esperança de que o próximo 14 de março seja somente um momento de celebração da história de Marielle e que as interrogações que restaram sobre esse caso sejam transformadas em respostas e pontos finais.