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No Brasil, governo, marcas e entidades se unem em prol do futebol feminino

Se depender das profissionais e especialistas da modalidade, não faltarão motivos para celebrar a modalidade nesta Copa do Mundo de Futebol Feminino

Por NAIARA ALBUQUERQUE Atualizado em 7 jun 2023, 15h27 - Publicado em 6 jun 2023, 16h57

Para que a nossa seleção feminina de futebol consiga trazer a tão sonhada – e inédita – primeira estrela para o escudo do uniforme da amarelinha, será necessário comprometimento de marcas, do Governo Federal, entidades e público. E todo esse engajamento já vem acontecendo, viu?

Segundo a ex-atleta da seleção feminina Aline Pellegrino, que trabalha à frente da coordenação de competições da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), temos muito motivos para comemorar o avanço da modalidade como um todo, e esse movimento não deve parar mais.

A convite da Nike, nós, da CAPRICHO, fomos até a cidade de Teresópolis, no Rio de Janeiro, para conhecer o novo uniforme da equipe e também participamos de um dia recheado de bate-papos com especialistas do meio. Além disso, entramos em campo e jogamos futebol na Granja Comary – onde as seleções costumam se concentrar antes de grandes eventos.

A galera do Instituto Bola pra Frente, que coordena projetos educativos no Complexo do Muquiço, na zona norte do Rio de Janeiro, também acompanhou todo o evento de pertinho com a gente.

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A Copa do Mundo de Futebol Feminino acontecerá entre 20 de julho e 20 de agosto, na Austrália e Nova Zelândia. A menos de 50 dias de seu início, o evento promete ser um marco para a modalidade. Em março, a Federação Internacional de Futebol (Fifa), informou que a premiação aumentou cerca de 300% para a modalidade e passará a ser US$ 150 milhões (ou R$ 792 milhões). Mesmo com esse avanço, ainda estamos muito distantes da premiação masculina, que na última edição, no Catar, foi de US$ 440 milhões (R$ 2,3 bilhões).

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Menina usa camisa amarela da seleção feminina de futebol
Lara Dantas, de 17 anos, é atleta da Base da Seleção Brasileira Gabriela Batista/ Nike/Divulgação

Um atraso histórico

No Brasil, a gente sabe que o caminho é longo para o futebol feminino, que enfrentou diversos percalços em sua história. Em 1941, um decreto assinado durante a ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas proibiu as mulheres de jogarem bola. A revogação dessa norma só aconteceu em 1979. Foram quase 40 anos de proibição, o que deixou a modalidade feminina  ‘parada no tempo’, apontam especialistas. Enquanto isso, os homens alcançavam títulos e recebiam todo o apoio.

Nos últimos anos, não foram poucos os desafios para a modalidade, mas uma maior preocupação em conseguir angariar meninas que jogam futebol – e no futuro na base da seleção tem se tornado mais frequente.

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Incluindo uma decisão que saiu em 2016 pela Conmebol para que todos os clubes masculinos que participarem da Copa Libertadores da América sejam obrigados a ter uma equipe feminina – decisão que só começou a valer em 2019.

”A gente pode celebrar tudo que está acontecendo. Se a gente olhar 40 anos atrás, agora que a gente está igualando algumas oportunidades. Pensando em tudo que aconteceu, a gente precisa estar feliz, sim. Quando a gente volta com a medalha de prata em 2004 [Durante os Jogos Olímpicos de Atenas] você tem uma semana de visibilidade e depois volta para um país que naquele momento não tinha competição. A gente voltava e cada uma ia para sua casa para jogar no time do bairro. Agora, a seleção brasileira vai voltar da Copa do Mundo e vai começar uma semi final de caMpeonato brasileiro que vai ser transmitida na TV aberta. Eu acho que o desenvolvimento passa pelas competições, não tem como”, afirmou Pellegrino, em evento na Granja Comary que aconteceu neste final de semana.

A ex-capitã da seleção feminina de futebol reforça a ideia de que o desenvolvimento da modalidade passa por um engajamento de toda a sociedade. Não só de competições oficiais, mas também que o futebol seja praticado por todas e todos: ”Se vocês hoje fizerem uma competição feminina no bairro, no prédio onde vocês moram, a gente já vai estar avançando um pouquinho mais”, acrescentou.

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Meninas jogando futebol na Granja Comary, no RJ
Meninas jogam futebol na Granja Comary, no RJ Gabriela Batista/ Nike/Divulgação

Os desafios

Um dos principais percalços em disseminar o futebol feminino tem relação com as dimensões territoriais do Brasil. Desafio que Sandra Santos, ex-técnica do Santos e atual Diretora de Políticas e Promoção do Futebol Feminino no Ministério do Esporte, já está mais do que familiarizada. O desafio é pensar em políticas públicas que consigam reverter todo o atraso que tivemos durante a proibição na história. Tarefa nada fácil, né?

Desde março deste ano Sandra assumiu o posto no Ministério. Desde então, uma estratégia nacional foi lançada pelo governo federal pelo Decreto Federal nº 11.458. Agora, o desafio é diagnosticar e entender exatamente quais projetos de fomento ao futebol feminino existem no país. Quantas meninas são atendidas? Em um segundo passo, disse Santos, será importante capacitar treinadoras e gestores para ocupar esses passos.

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”Essa é a minha missão e vamos começar pelas regiões que mais precisam”, afirmou, em evento na Granja Comary.

Com as implementações dessas etapas, a ideia é que meninas que sonham em jogar com a bola no pé possam, cada vez mais, estar bem preparadas, tanto física quanto mentalmente, para representarem o nosso país.

Lara Dantas, de 17 anos, é atleta da base da seleção brasileira e também sonha com um futuro onde o Brasil oferte estrutura e oportunidades melhores para toda uma próxima geração de meninas. Atualmente, Dantas joga nos EUA e fez parte da geração que trouxe o Campeonato Sul-Americano Sub 17 vestindo a amarelinha.

Além da preocupação com uma melhor estrutura para as meninas que querem treinar, o Brasil também tem se mostrado mais atento sobre o preparo mental de suas atletas, destacou Dantas, durante o bate-papo que participamos na Granja Comary.

”Eu tive muita estrutura em casa em relação à saúde mental, mas também tive contato com meninas que não puderam dizer o mesmo. Atualmente, na seleção, temos contato com coachs e terapeutas que nos ajudam a nos preparar mentalmente”, disse.

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