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Na COP27, Lula sugere Amazônia como sede e promete “desmatamento zero”

Presidente eleito deseja que a conferência climática da ONU em 2025 seja no Brasil e foca discurso na preservação da floresta e dos Povos Originários

Por Isabella Otto Atualizado em 16 nov 2022, 19h17 - Publicado em 16 nov 2022, 10h13
Lula ao lado de Sonia Guajajara na COP27, no Egito
Lula ao lado de Célia Xakriabá e Sonia Guajajara na COP27, no Egito Christophe Gateau/picture alliance/Getty Images

A vitória do presidente Lula (PT) nas urnas sinalizou uma automática melhora no setor ambiental do Brasil. Isso porque o resultado das eleições presidenciais de 2022 fizeram com que países como a Noruega declarassem que provavelmente vão aumentar os repasses financeiros para o Fundo Amazônia, uma vez que a renovação política significa o fim da gestão de Jair Bolsonaro (PL), marcada por políticas antiambientais.

Na última terça-feira (15), na COP27, no Egito, Lula se reuniu, em seu 1º compromisso internacional após ser eleito democraticamente, com os representantes John Kerry, dos EUA, e Xie Zhenhua, da China, para discutir questões climáticas. “O Brasil está de volta ao cenário mundial para discutir a preservação ambiental, sustentabilidade, desenvolvimento e combate às desigualdades. Desmatamento zero não é um sonho, é uma realidade. Brasil vai liderar pelo exemplo e será motivo de orgulho no mundo“, escreveu o presidente nas redes sociais.

Marina Silva, eleita deputada federal por São Paulo, também esteve presente na ala de Lula e no espaço Brazil Climate Hub no evento. A ala de Bolsonaro estava vazia. Joaquim Leite, atual ministro do Meio Ambiente, compareceu à conferência, mas pouco apresentou soluções e promessas de futuro.

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Em contrapartida, ele aproveitou a oportunidade para criticar o atual governo eleito e mais uma vez silenciou questões envolvendo a Amazônia. Para o ministro, o Brasil tem que apostar em empregos verdes, não em uma redução “extremamente forçada” de emissões de gases de efeito estufa. Leite também criticou a numerosa ala de Lula na COP: “Filantropos, líderes e empresários e seu sempre exagerado número de assessores vieram em jatos particulares ao luxuoso balneário do Mar Vermelho para cobrar metas de redução de emissões dos outros, sugerindo carros ultramodernos a hidrogênio ou 100% elétricos, completamente desconexos da realidade de diversas regiões do Brasil e do mundo”, disse em discurso.

No Brasil, Geraldo Alckmin, vice-presidente de Lula, rebateu: “O proprietário está indo junto para COP. Não tem empréstimo. Estão indo juntos no mesmo avião. Estão indo mais pessoas: ex-governador, lideranças políticas, ambientais, todos juntos”, explicou. No Egito, o presidente eleito sugeriu que a COP de 2025 fosse sediada na Amazônia. “O Brasil não pode ficar isolado como esteve nos últimos quatro anos, com um governo que não fez nenhum esforço para conversar com o mundo”, discursou o petista, que garantiu acabar com o processo de degradação das florestas tropicais brasileiras e preservar a identidade e a cultura dos Povos Originários que, segundo ele, foram tratados como “bandidos” durante a gestão de Bolsonaro.

 

Enquanto a Amazônia era claramente o foco do debate, Joaquim Leite seguiu se esquivando de temáticas envolvendo a floresta e sugerindo hidrogênio verde e carros 100% elétricos como soluções de conservadorismo climático. “Nosso estande é de energias mais verdes; o deles é mais ligado às florestas e aos desafios do consórcio”, disse. O problema é que, apesar de serem soluções extremamente interessantes, elas ainda estão financeiramente distantes do contexto brasileiro e não atuam diretamente na preservação da vida daqueles que já sofrem hoje com as mudanças climáticas, justamente as populações periféricas e as pessoas pretas. Não à toa essas soluções apontadas por Leite são presentes em economias de 1º mundo, que ainda têm o privilégio de pensar as mudanças climáticas como algo futuro.

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Em julho, a CH visitou Tumbira, uma comunidade sustentável no Amazonas, a convite da Creators Academy Brasil, e conversou com moradores da região para entender quem está destruindo a floresta e como é possível frear essa exploração, apresentando soluções reais e efetivas. Confira:

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Na tarde desta quarta (16), Lula discusou na COP27 e propôs uma aliança global contra a fome. “Este é um desafio que se impõe a nós brasileiros e aos demais países produtores de alimentos. Por isso estamos propondo uma aliança mundial pela segurança alimentar, pelo fim da fome e pela redução das desigualdades, com total responsabilidade climática”, disse.

O presidente eleito, que toma posse no dia 1º de janeiro de 2023, cobrou ainda ação e bom senso das nações ricas, além de se posicionar contrário a guerras como a da Rússia X Ucrânia: “O planeta que a todo momento nos alerta de que precisamos uns dos outros para sobreviver. Que sozinhos estamos vulneráveis à tragédia climática. No entanto, ignoramos esses alertas. Gastamos trilhões de dólares em guerras que só trazem destruição e mortes, enquanto 900 milhões de pessoas em todo o mundo não têm o que comer“.

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