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Mudanças climáticas podem fazer com que a gente se acostume com o fogo

Incêndios florestais se agravam cada vez mais pelo mundo e o cenário pode começar a ficar apocalíptico de verdade.

Por Marcela de Mingo, especial para a CAPRICHO Atualizado em 29 out 2024, 18h37 - Publicado em 18 jun 2023, 06h00
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alvez você tenha sido impactada por vídeos desse estilo no TikTok ou no Instagram: “POV: uma manhã apocalíptica em Nova York”. As imagens mostravam o céu laranja, e uma cobertura de fumaça sobre a cidade. As autoridades locais pediram para que as pessoas ficassem em casa e evitassem atividades ao ar livre. 

O cenário parecia mesmo típico de um filme do fim do mundo, mas era muito mais real do que imaginávamos. A fumaça que cobriu Nova York saiu do Canadá, que tem sido assolado por incêndios florestais desde a última semana. A intensidade das queimadas foi tão grande, que a cidade de Montreal ficou coberta de fumaça – mesmo a previsão indicando que o dia seria de sol. 

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Teve gente que chegou a dizer que esse seria o primeiro caso de “lockdown climático”: ou seja, a primeira vez que governos orientaram a população a ficar em casa por conta da condição do clima. 

Vamos combinar que casos como esse, na verdade, não são novidade – as queimadas na Amazônia já chegaram a cidades a quilômetros de distância, como São Paulo, que intoxicadas com fumaça, mas em uma menor escala por causa da propagação gerada pelo vento. 

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A questão que as queimadas canadenses trouxeram, no entanto, é um pouco mais profunda. A temporada de incêndios florestais mal começou no país, mas já bateu recorde e a situação parece que só vai piorar. 

Será que vamos nos acostumar com o fogo que destrói tudo?

Um relatório divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), liberado no ano passado, disse que veremos um aumento progressivo de incêndios florestais com um aumento de 30% até 2050. O que mais assusta é a recomendação do órgão: é hora de “aprendermos a viver com o fogo”. 

A crise climática está longe – muito longe! – de ser uma novidade, mas ano a ano começamos a ver as consequências do descuido com o meio-ambiente. Além dos aumentos das temperaturas, áreas que antes raramente viam o fogo agora estão experienciando incêndios também. É o caso do Círculo Polar Ártico, por exemplo. 

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De fato, estamos chegando no ponto de não-retorno: a humanidade lidou com o meio-ambiente de forma irreparável e será difícil voltarmos ao que era antes. Porém, existem medidas que podem ser tomadas para retardar a devastação ambiental e o completo colapso. 

E se você acha que as queimadas na Amazônia ou no Canadá ainda estão muito longe de você, é importante lembrar que casos como esse trazem consequências bem grandes em uma série de âmbitos. Por exemplo: 

  • Saúde: estudos indicam que a exposição anual à fumaça já causou mais de 300 mil mortes em 43 países. 
  • Economia: combater incêndios, por si só, é caro. Mas, em 2020, os custos com queimadas florestais chegou a quase 2 bilhões de dólares nos Estados Unidos – uma alta de 170% em uma década. 
  • População: segundo a ONU, hoje já existem mais de 21 milhões de refugiados climáticos, isso é, pessoas que fugiram das suas cidades locais por causas das mudanças no clima, e esse número deve aumentar para 1 bilhão em 2050. 

Mas e as políticas públicas, hein?

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Pois é, você lembra que, na época das eleições 2022, nós comentamos que o clima viraria uma questão política? Na verdade, ele sempre foi, mas, com a urgência batendo a porta, a situação ficou ainda mais caótica. 

No caso do Canadá, os jornais locais explicam que não só de mudanças climáticas vivem essas queimadas, mas também de despreparo das autoridades. Para muitas publicações os incêndios podem, sim, ser um reflexo do aumento das temperaturas, mas também da falta de investimento em novas tecnologias e em sistemas que monitorem corretamente e previnam esses incêndios. Soa familiar? 

Os incêndios, sejam no Canadá, sejam no Brasil, não são novidade. Mas assim como as enchentes nos litorais brasileiros e as chuvas devastadoras que deixam centenas de pessoas desabrigadas anualmente, não existe uma real preocupação governamental em prevenir esses incidentes. 

É por isso que batemos na tecla, de novo e de novo, do voto consciente. Porque apenas um governo composto por pessoas preocupadas verdadeiramente com questões tão urgentes como essa podem, de fato, fazer alguma diferença. É a pressão pública que vai mudar os cursos dessa história porque, se aprendemos qualquer coisa com o passado, é que a preocupação com o crescimento econômico ainda é maior do que a preocupação com o futuro da humanidade. 

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Você pode fazer a sua parte, claro! Buscar levar uma vida mais sustentável, diminuir a sua produção de lixo e até o consumo de carne fazem a diferença e podem estimular os outros a fazerem o mesmo. Mas ainda somos pequenos em impacto quando comparados às grandes indústrias e corporações. 

Um estudo desenvolvido pelo think tank Carbon Brief, e divulgado em 2021, colocou o Brasil em 4º na lista dos países mais poluentes do mundo. Em primeiro lugar vem os Estados Unidos, que há décadas ocupa essa posição, seguidos de perto pela China. A Rússia ocupa a terceira posição, e a Indonésia, o quinto. 

Fora isso, empresas como a Coca-Cola e a Pepsi Co. são campeãs em poluição por plástico no mundo – e o planeta já acumula mais de 8 bilhões de toneladas desse material no meio-ambiente, sabia? Ou seja, é importantíssimo pensamos nos rumos da política e das ações governamentais em relação ao meio-ambiente. 

Por isso, mudanças individuais importam, sim, mas também é preciso buscar mudanças estruturais que priorizem a manutenção do planeta – caso contrário, dificilmente poderemos pensar em capitalismo e economia quando o mundo colapsar por causa do clima, né? 

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