Lula mira reforma ministerial e demite Ana Moser do Ministério do Esporte
Presidente estava planejando reformas em ministérios desde julho e a atleta saiu para dar lugar à integrantes do "centrão"
O presidente Luiz Inácio da Silva (PT) deu início, nesta semana, a uma reforma ministerial que estava sendo desenhada desde julho e isso culminou com a queda de Ana Moser, então Ministra do Esporte, para dar lugar a possíveis alianças que o governo pretende fazer no Congresso Nacional, junto à partidos que fazem parte do grupo chamado de “centrão”.
A troca no comando e até a criação de novas pastas se tornou uma estratégia do presidente em busca de apoio do PP, de Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, e do partido Republicanos, para conseguir passar medidas que julga essenciais ao governo na casa.
A demissão de Ana Moser do comando do Esporte foi feita na última terça-feira (6). Em seu lugar, assume André Fufuca (PP-MA). A mudança no comando das pastas não agradou especialistas ou atletas, que viam em Moser, finalmente, uma figura que iria construir políticas mais amplas para o Esporte nacional no atual governo.
Em nota, Moser lamentou que “as promessas de campanha [de Lula], de um esporte para toda a nação, tenham tido tão pouco tempo para que se desenvolvessem na retomada da gestão do Ministério”. Além disso, ela considerou que teve “pouco tempo para mudar a realidade do Esporte no Brasil. Moser estava à frente da pasta há, apenas, 9 meses.
A dança das cadeiras de Lula
Além da demissão de Moser, Lula determinou que o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) estará à frente da pasta Portos e Aeroportos; Márcio França (PSB) foi para o novo Ministério das Micro e Pequenas Empresas.
As mudanças nos comandos das pastas, previstas por Lula, também diminuem consideravelmente o número de mulheres que tocavam os ministérios. No início de seu governo, eram 11. Agora, são 9 – patamar inferior ao de Dilma Rousseff.
Esta não é a primeira vez que Lula tem atrito com uma ministra. Em junho deste ano, nós contamos como Lula estava tendo uma ‘queda de braço’, com Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Sonia Guajajara, à frente da pasta dos Povos Indígenas – na época, escancarada pelo Marco Temporal e a MP dos Ministérios.
Em entrevista ao Nexo, Bruno Bolognesi, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a reforma ministerial se tornou uma forma do governo petista garantir governabilidade, além de aprovar a sua agenda. “A lógica da coalizão mudou porque o sistema partidário mudou. Não existe mais o PT de 2006 com 101 cadeiras. Cada partido tem, na média, 50 cadeiras. Tem o PL, com 99 cadeiras, mas ele vota rachado”, explicou.