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Guia para fazer política em casa, na escola e no bairro (e mudar o mundo)

Apenas 3% das pessoas que ocupam a Câmara dos Deputados têm menos de 30 anos.

Por Mariana Gonzalez, especial para a CAPRICHO Atualizado em 17 jan 2024, 17h31 - Publicado em 9 dez 2023, 06h00
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iante da pouca representação de jovens na política institucional, composta especialmente por homens brancos entre os 40 e os 50 anos –apenas 3% das pessoas que ocupam a Câmara dos Deputados tem menos de 30 anos– pode parecer muito difícil mudar alguma coisa no país, no bairro ou mesmo na nossa escola. Esse é um dos fatores que afasta cada vez mais jovens da política.

Mas, se você se interessa por movimentos sociais e tem vontade de atuar politicamente, saiba que existem muitos caminhos possíveis para isso muito mais simples e do que esperar completar 18 anos e concorrer a uma eleição, por exemplo.

 

 

Capricho te conta algumas formas de fazer política, participar ativamente da sociedade e mudar o seu mundo. Existem jeitos de fazer política em casa, na escola e no seu bairro (e talvez mudar o mundo). Inspire-se!

Aprender sobre política

Projeto que pede o fim da cota de mulheres na política é barrado no Senado
Fernando Podolski/Getty Images

Entender a política brasileira, assim como conhecer as ideias de pessoas importantes ao longo da história, é fundamental –nem que seja para debater com propriedade assuntos que envolvem a sociedade.

Para isso, vale se dedicar a leituras sobre mulheres e jovens na política, por exemplo, e acompanhar notícias que envolvem política, mais especificamente eleições, projetos de lei, movimentos sociais e protestos mundo afora.

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Se você tem dificuldade de acompanhar as notícias pelos jornais, uma ótima dica é aderir aos podcasts. Em geral, eles são mais explicativos do que as notícias impressas e adotam uma linguagem mais informal, como uma conversa mesmo. Há os diários, que todos os dias abordam um assunto mais quente do noticiário, e há também os de análise, normalmente semanais, que debatem assuntos da semana com mais tempo e mais profundidade.

Deixamos algumas sugestões:

-Café da Manhã: todos os dias, logo cedo, repórteres da Folha de S.Paulo debatem um assunto do noticiário; com frequência, o tema são movimentações no Congresso, no Supremo Tribunal Federal e no Palácio do Planalto.

-O Assunto: também publicado todos os dias pela manhã, tem formato parecido com o Café da Manhã, mas é produzido pelo G1 com apresentação da jornalista Natuza Néri.

-Panorama CBN: em duas edições diárias com menos de 30 minutos cada, repórteres da rádio CBN apresentam um compilado das principais notícias do dia.

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-Angu de Grilo: às terças-feiras, a jornalista da economia Flávia Oliveira e sua filha, a influenciadora Bela Reis, explicam de forma didática (e sempre fazendo importantes recortes de gênero e raça) temas da semana, que vão de política e economia a meio ambiente e cultura.

-História Preta: o historiador Thiago André conta passagens da história negra do Brasil, com destaque para uma temporada sobre negros no futebol, outra sobre João Cândido e a Revolta da Chibata e, mais recentemente, um compilado de episódios sobre a escritora Carolina Maria de Jesus.

Repensar a divisão de tarefas dentro de casa

O trabalho de cuidado, não reconhecido, traz um desgaste físico e mental para as mulheres.
O trabalho de cuidado, não reconhecido, traz um desgaste físico e mental para as mulheres. Getty Images/Reprodução

O nosso mundo começa dentro de casa, certo? Então, não há ambiente melhor para exercer a democracia e os deveres coletivos do que a casa e a família.

Para começar a tornar o mundo um lugar mais justo, vale observar como as tarefas são divididas na sua casa: as mulheres são responsáveis por todas elas? Filhos e filhas são tratados igualmente na hora de ajudar nas atividades domésticas, como arrumar a cama e lavar a louça? Você está participando ativamente do funcionamento da casa, mantendo espaços limpos e cumprindo a parte que te cabe da organização doméstica?

A partir dessa observação, se houver abertura para o diálogo, vale puxar uma conversa com seu pai, sua mãe, seus irmãos ou quem mais morar com você para propor uma nova divisão, mais justa para todos.

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Entrar no movimento estudantil

Professores e trabalhadores da rede pública de ensino protestam por reajuste do piso nacional e pela revogação do Novo Ensino Médio, com apoio de estudantes, na Avenida Paulista
Professores e trabalhadores da rede pública de ensino protestam por reajuste do piso nacional e pela revogação do Novo Ensino Médio, com apoio de estudantes, na Avenida Paulista. Fernando Frazão/Agência Brasil/Reprodução

O movimento estudantil é uma das maiores portas de entrada para a vida na política –prova disso é a trajetória de parlamentares como Sâmia Bonfim (PSOL-SP), deputada federal que emergiu dos movimentos sociais em São Paulo, Leticia Chagas (PSOL-SP), codeputada estadual em Minas Gerais que surgiu durante as ocupações das escolas, e Ronald Sorriso, o atual secretário Nacional da Juventude.

Se a sua escola não tem uma organização como um grêmio estudantil ou um centro acadêmico, por exemplo, vale a pena começar, reunindo outros alunos interessados, recolhendo assinaturas e levando a proposta para a direção.

Ou, ainda, se aproximar das ações da UNE (União Nacional dos Estudantes), que é a maior entidade de representação nacional dos estudantes do país. Eles têm seccionais em todos os estados e organizam assembleias locais, para discutir questões relacionadas à educação em diferentes localidades do país.

Se engajar em um projeto social

Metade dos meninos da geração Z acha que o feminismo atrapalha seu sucesso...
Ada Yokota/Getty Images

Se o seu interesse em fazer política está mais ligado a colocar a mão na massa, vale a pena buscar projetos sociais que atuem na sua região e aceitam voluntários, especialmente em temas que te despertem mais desejo de mudança. Para quem se interessa por meio ambiente, por exemplo, existem organizações que promovem a limpeza das praias e das praças; já quem gosta de trabalhar com educação, pode procurar grupos que oferecem aulas para crianças. As possibilidades são infinitas.

Agora, se você não se identificou com opções próximas a você ou tem uma ideia que pode ajudar seu entorno, você pode começar um projeto social do zero –talvez com a ajuda de seus pais ou amigos. É o caso da Amanda Areias, que aos 23 anos começou o projeto “Voice – Inglês para Elas”, que ensina a língua inglesa para mulher que não têm condições de pagar um curso particular; ou do grupo de jovens que criou o Projeto VOA (Vibre Ondas de Amor) para auxiliar na reconstrução do Litoral Norte de São Paulo após fortes chuvas que devastaram a região, em janeiro deste ano.

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Participar de conselhos municipais

Pouca gente conhece os Conselhos Municipais ou se interessa por acompanhá-los, mas eles são uma ótima ferramenta para a participação democrática, porque são formados por pessoas de diversas áreas, que se reúnem para discutir e propor políticas públicas, leis e outras ações da cidade.

A atuação deles varia de cidade para cidade, mas, em geral, são divididos por temas –em São Paulo existem conselhos municipais para tratar de questões relativas ao meio ambiente, à educação, a pessoas com deficiência e à população LGBTQIA+, por exemplo– e tem representantes eleitos por moradores da cidade, mas o voto é facultativo e, em geral, há pouca divulgação em torno das chapas e das datas das eleições.

Você pode se informar sobre reuniões, propostas e eleições buscando no site da prefeitura de sua cidade.

Participar do Parlamento Jovem

Algumas cidades e estados brasileiros têm projetos que levam jovens aos parlamentos –sejam municipais ou estaduais– para simular as atividades de um vereador ou deputado.

Cada casa legislativa tem um cronograma e regras diferentes: na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, por exemplo, o projeto chama Parlamento Juvenil e, na edição deste ano, selecionou adolescentes entre 14 e 17 anos, que estavam cursando o Ensino Médio na rede pública, para viver a experiência de ser um deputado estadual por uma semana, com direito a formulação de projeto de lei e votação em Plenário.

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Veja se a Câmara de Vereadores de sua cidade ou a Assembleia Legislativa de seu estado têm programas semelhantes.

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