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Guia para fazer política em casa, na escola e no bairro (e mudar o mundo)

Apenas 3% das pessoas que ocupam a Câmara dos Deputados têm menos de 30 anos.

Por Mariana Gonzalez, especial para a CAPRICHO Atualizado em 29 out 2024, 18h03 - Publicado em 9 dez 2023, 06h00
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iante da pouca representação de jovens na política institucional, composta especialmente por homens brancos entre os 40 e os 50 anos –apenas 3% das pessoas que ocupam a Câmara dos Deputados tem menos de 30 anos– pode parecer muito difícil mudar alguma coisa no país, no bairro ou mesmo na nossa escola. Esse é um dos fatores que afasta cada vez mais jovens da política.

Mas, se você se interessa por movimentos sociais e tem vontade de atuar politicamente, saiba que existem muitos caminhos possíveis para isso muito mais simples e do que esperar completar 18 anos e concorrer a uma eleição, por exemplo.

 

 

Capricho te conta algumas formas de fazer política, participar ativamente da sociedade e mudar o seu mundo. Existem jeitos de fazer política em casa, na escola e no seu bairro (e talvez mudar o mundo). Inspire-se!

Aprender sobre política

Projeto que pede o fim da cota de mulheres na política é barrado no Senado
Fernando Podolski/Getty Images

Entender a política brasileira, assim como conhecer as ideias de pessoas importantes ao longo da história, é fundamental –nem que seja para debater com propriedade assuntos que envolvem a sociedade.

Para isso, vale se dedicar a leituras sobre mulheres e jovens na política, por exemplo, e acompanhar notícias que envolvem política, mais especificamente eleições, projetos de lei, movimentos sociais e protestos mundo afora.

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Se você tem dificuldade de acompanhar as notícias pelos jornais, uma ótima dica é aderir aos podcasts. Em geral, eles são mais explicativos do que as notícias impressas e adotam uma linguagem mais informal, como uma conversa mesmo. Há os diários, que todos os dias abordam um assunto mais quente do noticiário, e há também os de análise, normalmente semanais, que debatem assuntos da semana com mais tempo e mais profundidade.

Deixamos algumas sugestões:

-Café da Manhã: todos os dias, logo cedo, repórteres da Folha de S.Paulo debatem um assunto do noticiário; com frequência, o tema são movimentações no Congresso, no Supremo Tribunal Federal e no Palácio do Planalto.

-O Assunto: também publicado todos os dias pela manhã, tem formato parecido com o Café da Manhã, mas é produzido pelo G1 com apresentação da jornalista Natuza Néri.

-Panorama CBN: em duas edições diárias com menos de 30 minutos cada, repórteres da rádio CBN apresentam um compilado das principais notícias do dia.

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-Angu de Grilo: às terças-feiras, a jornalista da economia Flávia Oliveira e sua filha, a influenciadora Bela Reis, explicam de forma didática (e sempre fazendo importantes recortes de gênero e raça) temas da semana, que vão de política e economia a meio ambiente e cultura.

-História Preta: o historiador Thiago André conta passagens da história negra do Brasil, com destaque para uma temporada sobre negros no futebol, outra sobre João Cândido e a Revolta da Chibata e, mais recentemente, um compilado de episódios sobre a escritora Carolina Maria de Jesus.

Repensar a divisão de tarefas dentro de casa

O trabalho de cuidado, não reconhecido, traz um desgaste físico e mental para as mulheres.
O trabalho de cuidado, não reconhecido, traz um desgaste físico e mental para as mulheres. Getty Images/Reprodução

O nosso mundo começa dentro de casa, certo? Então, não há ambiente melhor para exercer a democracia e os deveres coletivos do que a casa e a família.

Para começar a tornar o mundo um lugar mais justo, vale observar como as tarefas são divididas na sua casa: as mulheres são responsáveis por todas elas? Filhos e filhas são tratados igualmente na hora de ajudar nas atividades domésticas, como arrumar a cama e lavar a louça? Você está participando ativamente do funcionamento da casa, mantendo espaços limpos e cumprindo a parte que te cabe da organização doméstica?

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A partir dessa observação, se houver abertura para o diálogo, vale puxar uma conversa com seu pai, sua mãe, seus irmãos ou quem mais morar com você para propor uma nova divisão, mais justa para todos.

Entrar no movimento estudantil

Professores e trabalhadores da rede pública de ensino protestam por reajuste do piso nacional e pela revogação do Novo Ensino Médio, com apoio de estudantes, na Avenida Paulista
Professores e trabalhadores da rede pública de ensino protestam por reajuste do piso nacional e pela revogação do Novo Ensino Médio, com apoio de estudantes, na Avenida Paulista. Fernando Frazão/Agência Brasil/Reprodução

O movimento estudantil é uma das maiores portas de entrada para a vida na política –prova disso é a trajetória de parlamentares como Sâmia Bonfim (PSOL-SP), deputada federal que emergiu dos movimentos sociais em São Paulo, Leticia Chagas (PSOL-SP), codeputada estadual em Minas Gerais que surgiu durante as ocupações das escolas, e Ronald Sorriso, o atual secretário Nacional da Juventude.

Se a sua escola não tem uma organização como um grêmio estudantil ou um centro acadêmico, por exemplo, vale a pena começar, reunindo outros alunos interessados, recolhendo assinaturas e levando a proposta para a direção.

Ou, ainda, se aproximar das ações da UNE (União Nacional dos Estudantes), que é a maior entidade de representação nacional dos estudantes do país. Eles têm seccionais em todos os estados e organizam assembleias locais, para discutir questões relacionadas à educação em diferentes localidades do país.

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Se engajar em um projeto social

Metade dos meninos da geração Z acha que o feminismo atrapalha seu sucesso...
Ada Yokota/Getty Images

Se o seu interesse em fazer política está mais ligado a colocar a mão na massa, vale a pena buscar projetos sociais que atuem na sua região e aceitam voluntários, especialmente em temas que te despertem mais desejo de mudança. Para quem se interessa por meio ambiente, por exemplo, existem organizações que promovem a limpeza das praias e das praças; já quem gosta de trabalhar com educação, pode procurar grupos que oferecem aulas para crianças. As possibilidades são infinitas.

Agora, se você não se identificou com opções próximas a você ou tem uma ideia que pode ajudar seu entorno, você pode começar um projeto social do zero –talvez com a ajuda de seus pais ou amigos. É o caso da Amanda Areias, que aos 23 anos começou o projeto “Voice – Inglês para Elas”, que ensina a língua inglesa para mulher que não têm condições de pagar um curso particular; ou do grupo de jovens que criou o Projeto VOA (Vibre Ondas de Amor) para auxiliar na reconstrução do Litoral Norte de São Paulo após fortes chuvas que devastaram a região, em janeiro deste ano.

Participar de conselhos municipais

Pouca gente conhece os Conselhos Municipais ou se interessa por acompanhá-los, mas eles são uma ótima ferramenta para a participação democrática, porque são formados por pessoas de diversas áreas, que se reúnem para discutir e propor políticas públicas, leis e outras ações da cidade.

A atuação deles varia de cidade para cidade, mas, em geral, são divididos por temas –em São Paulo existem conselhos municipais para tratar de questões relativas ao meio ambiente, à educação, a pessoas com deficiência e à população LGBTQIA+, por exemplo– e tem representantes eleitos por moradores da cidade, mas o voto é facultativo e, em geral, há pouca divulgação em torno das chapas e das datas das eleições.

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Você pode se informar sobre reuniões, propostas e eleições buscando no site da prefeitura de sua cidade.

Participar do Parlamento Jovem

Algumas cidades e estados brasileiros têm projetos que levam jovens aos parlamentos –sejam municipais ou estaduais– para simular as atividades de um vereador ou deputado.

Cada casa legislativa tem um cronograma e regras diferentes: na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, por exemplo, o projeto chama Parlamento Juvenil e, na edição deste ano, selecionou adolescentes entre 14 e 17 anos, que estavam cursando o Ensino Médio na rede pública, para viver a experiência de ser um deputado estadual por uma semana, com direito a formulação de projeto de lei e votação em Plenário.

Veja se a Câmara de Vereadores de sua cidade ou a Assembleia Legislativa de seu estado têm programas semelhantes.

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