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Entenda em 5 pontos o que é racismo ambiental, que afeta pretos e pobres

Desastres climáticos tendem a acontecer cada vez com mais frequência, mas é imprescíndivel entender as pessoas que são mais afetadas por isso

Por NAIARA ALBUQUERQUE Atualizado em 29 out 2024, 18h49 - Publicado em 30 mar 2023, 10h05

Mais do que chamar de ‘desastre ambiental’, os especialistas tem alertado cada vez mais sobre a necessidade de denominar certos eventos como ‘racismo ambiental’. Não entendeu? A gente te explica tudo sobre esse conceito, que é bem importante para compreender, por exemplo, como as chuvas – que afetaram o Litoral Norte paulista e agora o Norte e o Nordeste brasileiro – o nosso papel como jovem e como sociedade na construção de uma sociedade mais justa e igualitária para todos.

Neste último final de semana, mais de 32 mil pessoas, em seis Estados do Norte e Nordeste do país, sofreram com fortes chuvas – casas foram arrastadas e muitas famílias acabaram desalojadas. No mês passado, mais de 60 pessoas morreram no Litoral Norte em razão das fortes chuvas que atingiram a região.

No início de março, batemos um papo com a especialista Ana Sanches sobre como esse conceito pode ser aplicado à realidade brasileira, além da importância política em denominar um acontecimento como racismo ambiental em vez de apenas desastre. Para ela, fica claro que os desastres ambientais afetam principalmente pessoas pretas, não-brancas e pobres, que estão à margem de uma sociedade que acaba privilegiando mesmo nesses contexto as pessoas brancas. Sanches pesquisa questões de desigualdades socioambientais e raça sobre a ótica do racismo ambiental e é consultora de projetos no Instituto Pólis.

Afinal, o que é racismo ambiental?

Nas palavras de Sanches, o racismo ambiental traz ”esse olhar de quem são as pessoas mais prejudicadas com a degradação ambiental e quem são as pessoas que deveriam estar nos debates e nos espaços de poder. Direitos humanos e meio ambiente estão interligados. Toda a violação de direitos humanos também é uma violação à vida”, afirmou.

Em outras palavras, o racismo ambiental é um conceito que visa mostrar as desproporcionalidades do que recai sobre uma população racializada. No caso do Litoral Norte, por exemplo, as pessoas mais afetadas, que moravam em situação de vulnerabilidade ou nas encostas de morro são, até hoje, as pessoas pretas e vítimas de racismo ambiental.

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E, segundo uma pesquisa recente divulgada pelo Instituto Pólis, o racismo ambiental também possui um recorte de gênero claro, já que afeta, principalmente, mulheres pretas:

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Como nasceu esse conceito?

O conceito nasceu na nos Estados Unidos, em meio às lutas pelos direitos civis – na segunda metade do século XX. Naquela época, a contaminação de solo, ar e água eram muito latentes e o químico Benjamin Chavis foi quem identificou que nas áreas mais afetadas sofriam as pessoas negras, pobres e imigrantes. Foi só a partir dessa movimentação Robert Bullard que estabeleceu a necessidade de uma luta por justiça ambiental contra o racismo ambiental. Porém, foi só  partir da década de 1970 é que o conceito ganhou relevância e força. 

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Qual o papel do poder público nessa história?

O primeiro e principal passo, segundo Sanchez, é pensar num ‘Plano de Adaptação Climática’. Nele, haveria um mapeamento dos Estados e Municípios sobre as pessoas que vivem em áreas de risco. No Nordeste e no Norte do país, por exemplo, centenas de pessoas estão sendo desalojadas pelas chamadas ”Voçorocas”- são crateras que surgem pela erosão do solo. Esse tipo de Voçoroca começou a se tornar mais comum em 1980. 

O que nós podemos fazer?

Nos inteirar e entender nosso papel como pessoa é o primeiro passo. Depois, há diversos projetos de jovens que estão nessas regiões afetadas e que estão em busca de ajuda. Nós, da CAPRICHO, separamos os principais projetos que estão recebendo doações para o Litoral Norte:

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