Sociedade

Deputado Nikolas Ferreira é acusado de transfobia: “Cassação é pouco”

O deputado federal mais votado do Brasil em 2022 vestiu uma peruca em pleno 8 de março e fez um discurso considerado transfóbico por muitos; entenda!

Por Isabella Otto 9 mar 2023, 09h57

Deputado Nikolas Ferreira é acusado de transfobia: "Cassação é pouco" — Redes Sociais/Arquivo Pessoal/Reprodução

Nesta quarta-feira (08), deputados federais anunciaram que entraram com um pedido de cassação contra Nikolas Ferreira (PL-MG), no Conselho de Ética, após discurso transfóbico feito pelo deputado no Dia Internacional da Mulher.

Nikolas, de 26 anos, subiu ao palco da Câmara dos Deputados, colocou uma peruca loira e disse que “se sentia uma mulher” com o acessório, ironizando figuras como a de Erika Hilton (Psol-SP) e Duda Salabert (PDT-MG), as primeiras deputadas federais trans a serem eleitas no país.

No final da tarde, a deputada Tabata Amaral (PSB-SP) comunicou a intenção de parte do Congresso. “Estamos falando de um homem, no Dia Internacional das Mulheres, que tirou nosso tempo de fala para trazer uma fala preconceituosa, criminosa, absurda e nojenta. A transfobia ultrapassa a liberdade de discurso, garantida pela imunidade parlamentar. Transfobia é crime no Brasil“, disse.

Nas redes sociais, Erika Hilton se manifestou e informou que a Bancada do PSOL entrou com notícia-crime no STF contra o congressista. “Transfobia é crime. Além de pedir a cassação de Nikolas Ferreira, enviamos uma notícia crime ao Supremo Tribunal Federal pelo cometimento do crime de transfobia”, escreveu.

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Transfobia é crime.

Além de pedir a cassação de Nikolas Ferreira, enviamos uma notícia crime ao Supremo Tribunal Federal pelo cometimento do crime de transfobia. pic.twitter.com/HuTP24PQwB

— ERIKA HILTON 🚩 🇧🇷 (@ErikakHilton) March 9, 2023

Duda, a deputada federal mais votada da história de Minas Gerais, também se pronunciou sobre o caso nas redes: “Cassação já é pouco. Exigimos a prisão do deputado fascista!”.

Salabert ainda aproveitou a ocasião para lembrar que sua luta contra Ferreira não é de hoje: “Meu processo contra Nikolas Ferreira o impediu de andar armado. Meu outro processo criminal contra Nikolas Ferreira pode levá-lo à cadeia por transfobia. Agora, entrei com uma representação para que Nikolas Ferreira seja punido por quebra de decorro parlamentar”.

Meu processo contra Nikolas Ferreira o impediu de andar armado.

Meu outro processo criminal contra Nikolas Ferreira pode levá-lo à cadeia por transfobia.

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Agora entrei com uma representação para que Nikolas Ferreira seja punido por quebra de decorro parlamentar 🏳️‍⚧️😘 pic.twitter.com/bsZjLFdvvX

— Duda Salabert (@DudaSalabert) March 8, 2023

No Twitter, o congressista também se manifestou. Ele disse que a atitude, apoiada por nomes como Eduardo Bolsonaro, foi em defesa da mulheres. “Defendi o direito das mulheres de não perderem seu espaço nos esportes para trans – visto a diferença biológica – e de não ter um homem no banheiro feminino. Não há transfobia em minha fala. Elucidei o exemplo com uma peruca (chocante). O que passar disso é histeria e narrativa“, disse.

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Dep. @nikolas_dm apenas criticou que as mulheres perdem espaço, por exemplo, no esporte e concursos de beleza para “homens que se sentem mulheres”.

A esquerda ficou alvoroçada e, muitos sem ver o vídeo, agora defendem que homem deva participar desses eventos femininos.

Veja: pic.twitter.com/JeT8eIxif4

— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) March 8, 2023

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Natural de Belo Horizonte, o congressista foi o deputado federal mais votado do Brasil em 2022. Defensor da extrema-direita e aliado de Jair Bolsonaro (PL), Nikolas é contra o aborto, por se dizer pró-vida, mas a favor do porte de armas.

Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, deu seu parecer sobre o episódio e o pedido de cassação: “O plenário da Câmara dos Deputados não é palco para exibicionismo e muito menos discursos preconceituosos. Não admitirei o desrespeito contra ninguém. O deputado Nikolas Ferreira merece minha reprimenda pública por sua atitude no dia de hoje.”

O Conselho de Ética e o STF investigam o caso.