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Aumento de segurança vai coibir ataques violentos nas escolas brasileiras?

Após ataque em creche de Blumenau (SC), prefeitura estuda contratar vigilância armada, mas, será esse o melhor caminho?

Por NAIARA ALBUQUERQUE Atualizado em 29 out 2024, 18h48 - Publicado em 8 abr 2023, 12h25

Infelizmente, os ataques violentos nas escolas brasileiras estão se tornando cada vez mais comuns. E esse não é um problema de agora: desde o início dos anos 2000, já ocorreram 16 ataques em escolas brasileiras – só no segundo semestre do ano passado foram 4. No mês passado, noticiamos o caso de um jovem de 13 anos que matou uma professora e feriu cinco pessoas com uma faca em uma escola estadual de São Paulo. Neste mês, um homem pulou a creche de uma escola em Blumenau (SC) e matou 4 crianças.

Quais medidas estão sendo tomadas pelas autoridades estaduais, municipais e federais? E o que podemos aprender com o caso americano, que enfrenta esse problema há, pelo menos, 24 anos, desde o Massacre de Columbine?

 

Esses ataques violentos nas escolas brasileiras têm revelado um problema muito mais profundo do que apenas uma questão de segurança pública. Nós explicamos tudo sobre isso aqui. Na realidade, esses comportamentos também têm relação com o aumento do discurso de ódio e a polarização ideológica que ocorreu nos últimos anos.

Cezar Bueno Lima, sociólogo e especialista em Direitos Humanos e Políticas Públicas pela PUC-PR explicou sobre essa radicalização: “A escola é a última fronteira para essa repetição da violência. Justamente por ser um espaço de educação, socialização e aceitação das diferenças, tão importantes para uma sociedade plural democrática”. – aqui, vale também destacar o aumento de ideais fascistas que tem crescido não só na internet, mas também fora dela.

Nesta semana, após o ataque que ocorreu em Blumenau (SC), a prefeitura do município, em parceria com o governo do Estado, disse que estuda a contratação de policiais militares da reserva ou bombeiros militares para acompanharem as unidades de educação. Eles também estão refletindo sobre a possibilidade de contratar uma segurança privada e armada.

No âmbito federal, o atual Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flavio Dino, anunciou a liberação de R$ 150 milhões para combater esses ataques violentos nas escolas. Segundo comunicado divulgado à imprensa, os recursos, que são do Fundo Nacional de Segurança Pública, devem ser aplicados em rodas escolas e monitoramento da deep web (onde, infelizmente, circula muito discurso de ódio sem restrição de conteúdo).

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Mas a aplicação dessas políticas públicas será suficiente? O caso americano mostra que não.

Aumento de segurança x aumento de ataques nos EUA

Nos EUA, o aumento de investimentos em segurança pública nas escolas não coibiu o crescimento de ataques violentos. De acordo com dados da Gun Violence Archive, compilados pela BBC, aconteceram 131 ataques em escolas dos EUA desde o início do ano. No ano passado, foram 647. Em 2021, 690.

E o país enfrenta essa situação há muito tempo: o primeiro massacre do tipo ocorreu em abril de 1999 no Estado e Colorado. Na época, dois estudantes invadiram a Columbine High School e utilizaram bombas caseiras para dar início ao que posteriormente ficaria conhecido como Massacre de Columbine.

Podemos aprender e muito com o contexto americano que facilitou, ao longo dos anos, o acesso das pessoas a armas de fogo. No Brasil, essa liberação também ocorreu durante o governo Bolsonaro. Segundo estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 6,3 mil mortes poderiam ter sido evitadas se não tivesse ocorrido essa liberação.

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Segundo especialistas, a problemática é muito mais complexa do que parece e deve começar a ser enfrentada de diversas formas: com diálogo – nas escolas e dentro de casa; atendimento psicológico adequado e combate a ideais e discursos extremistas (dentro e fora das redes sociais). Nós, da CAPRICHO, preparamos um guia sobre isso aqui:

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