40% dos jovens brasileiros já sofreram cyberbullying nas redes sociais
Estudo realizado pela Ipsos-Ipec mostra que a nossa galera, de modo geral, já foi vítima de difamação online ou alvo de vídeos constrangedores.

dolescentes e jovens entre 16 a 24 anos são os que mais relatam ter sofrido cyberbullying (37%) nas redes sociais, seguidos pela faixa etária de 25 a 34 anos (28%). Estes dados são de uma nova pesquisa da Ipsos-Ipec, realizada no início de abril de 2025; eles refletem uma realidade vivida por esta parcela da população em grupos, perfis e outros ambientes online.
Em janeiro deste ano, um colégio tradicional de São Paulo suspendeu 34 alunos do ensino médio pela prática de bullying. Foram descobertas mensagens em grupo de Whatsapp que continham manifestações racistas, homofóbicas, misóginas e até ameaças de estupro, segundo relatos dos pais à imprensa.
No ano passado, cerca de 20 alunas de um colégio na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, foram vítimas de nudes falsos nas redes sociais. Um grupo de estudantes usou inteligência artificial para criar falsas fotos íntimas de suas colegas e jogaram em grupos de mensagens do WhatsApp para difamá-las.
Exemplos dessas situações citadas acima — que viraram notícia e caso de polícia — foram citadas pelos entrevistados entre 16 e 24 anos. 82% dos entrevistados pela pesquisa nesta faixa etária afirmam já ter ouvido falar sobre bullying em redes sociais, grupos de WhatsApp ou outros ambientes online, 24% relatam ter sofrido alguma situação de cyberbullying
Entre as situações relatadas estão:
- Mentiras espalhadas: 15%
- Fotos ou vídeos constrangedores: 4%
- Mensagens ofensivas: 13%
- Uso indevido do nome: 9%
- Vazamento de informações pessoais: 7%
Quanto o assuntos são os adultos, 55% dos brasileiros consideram as redes sociais um ambiente inseguro para adolescentes, demonstrando uma outra relação com os dispositivos móveis e produção de conteúdos online, por serem de gerações que não nasceram nativas digitais, como a Geração Z, por exemplo.
Apesar de considerarem as redes sociais mais seguras que outros grupos, 56% dos jovens de 16 a 24 anos ainda as classificam como inseguras, e 28% como muito inseguras.
São também os jovens (87%) que mais declaram ter conhecimento de casos de bullying online, em comparação com 71% das pessoas com 60 anos ou mais, segundo a pesquisa.
A pesquisa ouviu 2.000 pessoas em 131 municípios e mostra que a percepção de insegurança é ainda maior entre os mais jovens: 32% consideram as redes sociais muito inseguras.
Realidade é espelhada na série Adolescência, da Netflix

Enquanto muitos adultos se chocaram com os movimentos e fóruns de ódio propagados na internet retratados na série Adolescência, da Netflix, para os jovens, essa não é uma realidade distante como mostram os números da pesquisa.
“Na verdade, é bem próximo. Não a parte do assassinato em si, mas já vi casos que excederam o limite como o vazamento de imagens íntimas, exposição de acontecimentos na internet e boatos que se espalharam”, conta Enzo Araújo, de 18 anos, à CAPRICHO.
Na série, o estreante de 15 anos, Owen Cooper, interpreta Jamie Miller, um adolescente de 13 anos que, um dia, acorda com a polícia batendo na sua porta.
Ele é levado para depor em uma delegacia após ser apontado como o principal suspeito do assassinato de Katie, uma colega de escola. Ao longo da série, o público descobre que o assassinato da jovem tem relação direta com masculinidade, cyberbullying, violência e grupos incell que propagam ódio às mulheres em ambientes online.
Para Bianca Ramos, 17, o que foi mais chocante na série foi ver que os jovens que aparecem na escola trataram tudo que aconteceu com certa naturalidade.
“Foi o que mais me chocou porque é realmente isso que acontece: tratamos com naturalidade o que não deveríamos”, explica. Ela conta que uma das cenas que mais lhe tocou foi quando a melhor amiga da vítima dá o depoimento para o investigador.
“Eu fiquei me colocando no lugar, sabe? Se isso acontecesse com alguma amiga próxima à minha e todo mundo tivesse levando como uma piada igual eles estavam fazendo naquela escola ou agissem como se a culpa fosse da vítima? Por ser jovem, acho que senti um pouco do que ela estava sentindo”, conta.