Maíra Medeiros: “Meu estilo sempre foi esse, mas antes eu me oprimia”
Em entrevista à CH, a influenciadora discutiu sobre moda e beleza, autoestima e seu novo livro, "Este Livro É Coisa De Mulher"
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Maíra Medeiros é o próprio arco-íris em forma de pessoa. As cores estão por toda parte nela: em seu cabelo, roupas, acessórios e maquiagem. O colorido forma sua personalidade e ela não tem vergonha de exibir essa característica por aí. “É uma parte de mim, eu me sinto muito bem assim. Eu me olho no espelho e não me imagino de outro jeito“, disse a escritora em entrevista à CH.
Porém, nem sempre foi dessa forma. Se hoje Maíra brinca com as cores e explora o seu visual de maneira divertida, é porque passou por um período de autoaceitação e de descobertas sobre si mesma. “Eu me desconectei da opinião alheia e me reconectei com o que eu realmente queria usar. Eu questionei: ‘Qual é a minha essência? Por que eu deixei de ser assim?’. E percebi que foi por conta do que os outro iriam pensar de mim”, completou.
Colorindo-se e autoaceitação
“Meu estilo sempre foi esse, mas antes eu mesma me oprimia. Quando eu era criança, com uns 10 ou 11 anos, eu já comecei a gostar de cabelo colorido e piercing. Nessa idade, eu também passei a escolher as minhas próprias roupas e a explorar o que eu curtia. Sempre fui ligada às cores, glitter, coisas ‘malucas’. Aos 15 anos, veio o boom da moda clubber e aí meu visual ficou ainda mais divertido”, explicou Maíra.
![Maira Medeiros entrevista 3](https://capricho.abril.com.br/wp-content/uploads/2020/05/maira-medeiros-entrevista-3.jpg?quality=85&strip=info&w=650)
“Porém, nesse meio tempo, eu vivia em paralelo um problema de autoimagem, que começou mais ou menos aos 13 anos. Na adolescência, eu entendi que preto era a cor que emagrecia e, até os meus 20 anos, eu só usava roupas nesse tom por conta disso. Chegou ao ponto de um dia eu ir viajar com o meu pai e ele me perguntar por que eu estava usando as mesmas peças durante toda a viagem, pois todas elas eram iguais”, completou.
Alguns anos depois, perto de se casar, Maíra contou que começou a reavaliar suas inseguranças e sua relação com seu corpo: “Eu percebi que quanto mais eu corria atrás de ser magra, mais eu engordava, porque eu não estava sendo saudável. Eu queria ser magra a qualquer custo. Eu refleti e vi que precisava ter uma saúde mental e física independente do meu corpo. A partir disso, eu comecei a tomar as minhas decisões de acordo com meu bem-estar e não baseadas no que os outros iriam pensar sobre mim. Vivi um processo de autoconhecimento.”
Foi nessa época que a influenciadora se conectou novamente com si mesma e voltou a usar as roupas coloridas e diferentes que demonstravam quem ela era por dentro. “Eu comecei a pensar por que aos 16 anos eu parei de fazer isso. Era uma necessidade de querer ser invisível, de tentar me misturar com os outros a ponto de ninguém me ver. Eu conversei comigo e retomei quem eu era, incluindo o visual divertido”, disse.
![Maira Medeiros entrevista 2](https://capricho.abril.com.br/wp-content/uploads/2020/05/maira-medeiros-entrevista-2.jpg?quality=85&strip=info&w=650)
Moda e referências
Assim como o seu estilo, as referências de Maíra estão por toda parte: de imagens inspiracionais do Pinterest à desenhos infantis da década 1980 e 1990. Criatividade é a melhor palavra para descrever as produções e como a escritora encara a moda. “Para mim, tudo isso é um diálogo, é uma forma de comunicação. A roupa que você usa, a maquiagem, os acessórios… Tudo é comunicação não-verbal. Você conversa através da maneira como você se veste. Quando você se limita a usar uma coisa, é como se você estivesse calando a sua própria voz, a sua essência“, diz Maíra.
Sobre a moda plus size, Maíra fala da dificuldade de encontrar diversidade de modelos e estilos: “Eu não acho roupa em shopping, é muito difícil comprar roupa plus em lojas, porque normalmente as marcas de tamanhos grandes seguem uma linha mais discreta. Então, tudo o que eu vejo no mercado ou não tem a minha numeração, ou não tem nada a ver comigo. Por isso, eu acabo comprando peças que teoricamente me servem e que estão mais ou menos alinhadas ao meu estilo e as customizo. A maioria das meninas plus size têm um processo criativo parecido com esse.”
![Maira Medeiros entrevista 4](https://capricho.abril.com.br/wp-content/uploads/2020/05/maira-medeiros-entrevista-4.jpg?quality=85&strip=info&w=650)
Para quem ainda está se conhecendo e tentando compreender seu próprio estilo, a influenciadora indica: “Experimente, seja ousada. Não precisa sair da sua casa assim, mas monte um look diferente e se olhe no espelho. Fique o dia todo em casa usando essa roupa e veja como você se sente. Muitas pessoas observam uma peça e falam: ‘Eu acho isso muito legal em você, mas em mim não fica bom’. Mas como saber se fica ou não se você nunca provou?“
“Nosso estilo é formado pelos nossos gostos e interesses, e é isso que nos torna únicos. O primeiro passo é entender o que você curte e construir essa imagem de você mesmo. A moda é uma ferramenta para transparecer a personalidade e temos que achar roupas com as quais nos identificamos”, completa.
Universo da beleza
Os cabelos coloridos são a marca registrada de Maíra, que os pinta desde a adolescência. E não estamos falando de apenas uma cor, a escritora é fã da mistura de tons e exibe a cabeleira multicolorida por aí. “Eu não me enxergo mais com outro cabelo”, falou. Com anos de experiência, ela lista algumas dicas para quem também quer aderir ao visual: “Tente reduzir ao máximo o uso de ferramentas térmicas. Faça um cronograma capilar para entender o que as suas mechas precisam, se é de nutrientes, hidratação ou reconstrução.Teste os produtos e veja como os fios respondem.”
![Maira Medeiros entrevista](https://capricho.abril.com.br/wp-content/uploads/2020/05/maira-medeiros-entrevista.jpg?quality=85&strip=info&w=650)
“É importante entender que seu cabelo colorido não vai ficar exatamente igual ao da foto que você pegou de referência. Isso porque o tom depende da textura dos fios, da cor, como as mechas vão responder à química. Respeite seu cabelo quando for pintá-lo. Não é porque ele ficou diferente do que você imaginou que ele está feio“, finalizou.
As maquiagens divertidas e inovadoras completam os tópicos que formam o visual da Maíra. “Muita gente fica numa piração com maquiagem, fazendo make para afinar o rosto… Antes disso, experimente, use a maquiagem como um instrumento de diversão e autoconhecimento, crie. Ela tem muito mais um teor artístico e criativo do que como uma padronização da beleza. Toda vez que o assunto é maquiagem, eu bato muito nessa tecla. Desencane dessa visão, porque a maquiagem não é feita para todo mundo ter o mesmo nariz, a mesma sobrancelha…“, fala a influenciadora.
![Maira Medeiros entrevista 5](https://capricho.abril.com.br/wp-content/uploads/2020/05/maira-medeiros-entrevista-5.jpg?quality=85&strip=info&w=650)
Maíra também aborda a importância de se inspirar em pessoas com as quais você se identifique, que tenham coisas em comum com você: “Não é só pelo estilo, mas a importância de ter referências com as quais você se relaciona é também pensando no bem-estar. Como você vai se sentir bem com você mesma se todas as pessoas que você segue no Instagram são diferentes de você? A gente começa a desejar ser aquela pessoa, porque aquilo passa a ser a ideia de beleza. Quem você acompanha nas redes sociais pode atrapalhar o seu processo de autoaceitação ou ajudá-lo.”
Este Livro É Coisa De Mulher
Neste ano, Maíra lançou o seu primeiro livro, Este Livro É Coisa De Mulher, que aborda a desigualdade de gênero na sociedade, trazendo reflexões sobre esteriótipos femininos e pensamentos machistas que perduram há anos no mundo. “Eu trouxe vários questionamentos. Eu desconstruí essas ideias e tabus da mesma maneira que eu os desconstruí na minha cabeça. Eu busquei historicamente da onde surgiram determinados estereótipos, procurei entende-los e explicá-los. Eu vou desmistificando várias coisas sobre as mulheres, por isso o nome do livro”, explicou a autora.
A influenciadora contou que relutou em escrever sobre empoderamento feminino, pois sua autosabotagem a fazia pensar que não era capaz de abordar o tema: “Comecei escrevendo sobre um outro assunto, mas foi horrível, porque não era disso que eu queria falar. Então conversei com a minha editora e eles me apoiaram, me deixaram livre. Foi um processo de um ano meio até o livro ficar pronto. Minha maior insegurança era escrever coisas que as pessoas pensassem ‘Ah, mas todo mundo já sabe isso’. Mas eu refleti comigo mesma: ‘Vou falar o que o meu coração sente’.”
![Livro Maira medeiros](https://capricho.abril.com.br/wp-content/uploads/2020/05/livro-maira-medeiros.jpg?quality=85&strip=info&w=650)
Trabalhar a desconstrução e procurar acabar com preconceitos e estereótipos nos ajuda a nos tornarmos pessoas melhores e a criar um mundo melhor. E para auxiliar nesse processo, Maíra indica: “Ouça, debata e se informe. Informação é a chave para promovermos uma sociedade com menos desigualdade e julgamento. É a chave para se desconstruir. Quando você se informa, isso significa abrir mão de opiniões pré-estabelecidas por você, pela sua família e amigos. Não existe uma pessoa 100% desconstruída, sempre vai ter algo para você reavaliar. Promova debates e se coloque no lugar do outro, escute e compreenda. Tenha empatia.”
Gostou de conhecer mais a Maíra?