Figurinista de Stranger Things analisa papel da série na volta dos anos 80
Amy Parris também conta à CAPRICHO suas expectativas para a 5ª temporada da série da Netflix
Amy Parris, figurinista da 3ª e 4ª temporadas de Stranger Things, esteve no Brasil para participar do evento Iguatemi Talks Fashion e discursar em um painel que tinha como tema seu processo criativo na construção de personagens fictícios. A CAPRICHO aproveitou para entrevistá-la sobre seu trabalho na série da Netflix, que envolveu refletir no figurino as confusões e questionamentos pelos quais os personagens estão passando durante a adolescência.
Stranger Things teve sua estreia em 2016, e a 4ª temporada foi lançada em 2022, ou seja, muitos anos se passaram, e não apenas os atores cresceram, como também os protagonistas, que agora estão em um novo momento de vida no Ensino Médio. Amy Parris conta que o figurino acompanha o passar do tempo e essas mudanças no enredo. “Cada temporada é mais um ano que se passa, mas era importante mergulhar nos anos 80 mais e mais a cada ano para realmente demarcar o período histórico. Tentei mostrar sutilmente tendências de moda, como cores e padronagens mais vibrantes, enquanto, ao mesmo tempo, mantinha um pouco do final dos anos 70″, afirma à CAPRICHO.
Nos últimos episódios lançados, fica nítido que os personagens lidam de diferentes formas com o amadurecimento, a adolescência e suas transformações. Will, por exemplo, ainda quer brincar de D&D no porão e tem dificuldade em aceitar as mudanças. “Ele ainda usa camisas listradas juvenis com calças que são quase curtas demais”, diz Amy Parris, mostrando como essa postura interfere na escolha das suas roupas. Enquanto isso, Mike, Lucas e Dustin já seguiram em frente. “Lucas está mais envolvido com os esportes e tende para um estilo esportivo. Mike aparenta mais maduro e ‘cool’, e Dustin é apenas ele mesmo”, completa.
Já Eleven está tentando se acostumar e ser aceita em uma nova escola. “Os looks que ela escolhe mostram a confusão sobre como ela gostaria de se apresentar para a galera do colégio. Ela não tem amigos para ajudá-la a ser influenciada ou aconselhada, então é uma verdadeira confusão de peças feitas à mão pela família Byers”, analisa Amy Parris.
Outro ponto importante no trabalho dela e dos figurinistas anteriores é a influência que tiveram no retorno das tendências da década de 1980 à moda atual. Quem lembra dessa força quando a série começou? “Consigo enxergar isso quando marcas recriam alguns dos looks da série, como a Levis e a H&M fizeram. Eu vejo a série inspirando a moda atual a trazer à tona detalhes dos anos 80, como bolsos superdecorados, costuras expostas, jeans desgastado, que são coisas que podem ser mais caras e demoradas, em comparação com o fast-fashion de hoje.”
Amy ainda relembra um dos grandes desafios que teve nos últimos anos, que foi trabalhar na série em um cenário pós-pandemia de Covid-19, com a dificuldade de transporte e a disponibilidade de suprimentos. “Muitas vezes, tivemos que mudar e pensar em planos A, B e C caso algo desse errado. Aprendi que às vezes os planos mais bem elaborados nem sempre funcionam, mas o plano reserva pode ser igualmente satisfatório.” Porém, ela reforça o orgulho que tem de toda a equipe, que fez tudo acontecer apesar das condições complicadas, e do resultado do figurino do Eddie. Ai <3
Por fim, a figurinista comenta as expectativas para a 5ª e última temporada da série, que vai representar o encerramento de um ciclo. “Eu espero trazer tanta emoção quanto o verão da 3ª temporada tinha. Foi tão diferente ver todos os personagens em roupas de verão, e nós estávamos muito animados para dar vida a isso. Espero que possamos trazer a mesma expectativa para a 5ª temporada.”
Quem aí já ficou ansioso para ver o resultado desse trabalho na 5ª temporada de Stranger Things?