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Estilistas explicam como trabalham com jeans de uma forma mais sustentável

Tom Martins, Will Cypriano e Juares Tenorio também comentam a importância do tecido para a moda brasileira

Por Sofia Duarte Atualizado em 29 out 2024, 18h08 - Publicado em 10 nov 2023, 14h30

Parabéns pra você… Jeans! Sim, esse tecido tão amado é o grande aniversariante do ano, completando 150 anos de existência. Em 1873, a dupla Levi Strauss e Jacob Davis inventou a primeira calça jeans, que servia de uniforme para trabalhadores nos Estados Unidos. E, de lá pra cá, o jeans se tornou um verdadeiro clássico da moda e virou uma matéria-prima versátil para designers do mundo todo explorarem sua criatividade.

Pensando nessa história e na importância do chamado ‘ouro azul’, a CAPRICHO conversou com três estilistas brasileiros, Tom Martins, Will Cypriano e Juares Tenorio, que já trabalham com jeans em suas marcas e reformaram a tradicional calça 501 através do upcycling a convite do projeto LOOK – Olhares Através da Moda, da Levi’s.

Qual é a importância do jeans para a moda brasileira?

Tom Martins, criativo à frente da Martins, destaca as diferentes possibilidades do jeans como seu principal atributo. “Ele pode ser adaptado para qualquer momento e tem bastante força justamente por conta dessa versatilidade“, afirma. Ele trouxe peças do projeto à sua coleção apresentada no São Paulo Fashion Week N56 e também participou do desfile organizado pelo Movimento Sou de Algodão no evento, que convidou vários estilistas para produzir peças usando jeans. “Nosso jeans é bem característico por ter modelagens amplas, muitos bolsos e detalhes como rebites e botões. Gosto de trazer um novo olhar para essas características utilitárias do jeans, tornando-as o diferencial da peça”, completa.

Desfile da Martins no SPFW N56
Desfile da Martins no SPFW N56 Ze Takahashi/@agfotosite/Divulgação

Will Cypriano, da Cypriano, concorda com esse aspecto versátil. “É uma peça essencial para ter no guarda-roupa, presente em nossas vidas passando por gerações sem perder sua essência e utilidade”, diz.

Juares Tenorio, da DOD Alfaiataria, reforça o conceito de que o jeans funciona como uma tela em branco para imprimir suas ideias. “Trabalho com ele desconstruindo e construindo algo novo, tentando deixar um resultado mais causal, de alguma maneira transformado em algo mais interessante e que desperte a curiosidade.”

MC Soffia usando look jeans da DOD Alfaiataria
MC Soffia usando look jeans da DOD Alfaiataria Foto: Maltoni/Levi's/Divulgação

Jeans X Sustentabilidade

É sabido que a produção do jeans causa impacto no meio ambiente. Então, de que forma esse processo pode ser mais sustentável? “Pela experiência que tenho, a indústria do jeans mudou muito”, responde Juares Tenorio. “Com 30 anos no mercado varejista, estou vendo que essa cultura do jeans mudou. Hoje, as companhias estão preocupadas em reaproveitar água, reduzir o efeito estufa, usar outras fibras, como tencel, modal e viscose. Isso tende a mudar, pois o planeta inteiro tem abraçado essa causa e, na indústria do jeans, isso não vai ser diferente.”

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Para Will Cypriano, um bom caminho é reaproveitar materiais que foram desapegados ou até mesmo estoques mortos de marcas. “E esse processo requer uma curadoria, uma pesquisa de locais onde possamos encontrar peças que estão em estado de durabilidade para consumo.”

Look jeans da Cypriano
Look jeans da Cypriano Foto: Maltoni/Levi's/Divulgação

Por fim, Tom Martins explica que seu trabalho também envolve fornecedores que, em toda a sua produção, estão atentos à redução no uso de água e de produtos químicos. “Além disso, nosso jeans não é produzido em larga escala, nada com exagero. Vamos sentindo a demanda do produto e fazendo de acordo com isso, que é uma outra forma de reduzir o impacto ambiental. Às vezes, o que temos em mente como criação, acaba exigindo mais processos de beneficiamento, mas sempre tentamos reduzir ao máximo as etapas na lavanderia para não ter um impacto grande no final.”

Ou seja, a velha história de que precisamos ficar de olho nas marcas e nos seus princípios e processos é mais do que verdadeira, né?

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