Estas irmãs provaram as mesmas roupas e questionaram a diversidade na moda
Gabriela e Thalita Zukeram, do @twolostkids, mostraram através da própria experiência a dificuldade de encontrar roupas de diferentes numerações
Entrar no perfil do Instagram das irmãs paranaenses Gabriela e Thalita Zukeram, de 25 e 26 anos, o @twolostkids, é sinônimo de inspiração. Criativas, com um senso estético marcante e especialistas em montar looks estilosos e fazer maquiagens ultracoloridas, a dupla trabalha com produção de conteúdo e diverte seus seguidores com vídeos e fotos inovadores.
Entre projetos autorais e outros em parceria com marcas, as irmãs criaram a série de vídeo e fotos “2_corpos_mesmo_look_2LK“, na qual invadem juntas os provadores de lojas e experimentam as mesmas peças. A ideia é mostrar como é a experiência de usar – e de encontrar – roupas iguais em diferentes corpos e tamanhos. Em um papo com a CAPRICHO, Thali e Gabi contaram mais sobre como foi o processo de criação desse conteúdo, como funcionam suas inspirações criativas e, claro, seus estilos.
Por dentro do estilo
Imagens diferentes sempre atraíram as irmãs e fotografia, desenhos e vídeos fizeram parte de suas vidas desde a infância. Ainda adolescentes, elas ensaiaram a criação de um canal sobre viagens enquanto planejavam o intercâmbio que fariam. A ideia inicial não deu certo, mas elas voltaram do período fora do país cheias de referências e com a certeza de que gostariam de trabalhar com isso.
“A gente sempre gostou muito de moda e beleza. Porém, como morávamos em uma cidade muito pequena no interior [Maringá, no Paraná], a gente não tinha tanto acesso às coisas. Então, desde aquela época, nós já comprávamos em brechós e customizávamos as nossas próprias roupas. Quando fizemos intercâmbio, fomos para os Estados Unidos, o que ajudou a ter contato com lojas e tendências. Mas desde criança, com uns 8 ou 9 anos, já fazíamos vídeos de desfiles e brincávamos com roupas“, contou Thalita.
E quem disse que você precisa definir o seu estilo? Para Thali, isso não acontece: “É difícil colocar numa caixinha. Eu sou bem indecisa, um dia estou mais esportiva, outro mais clássica. Eu gosto de mudar a cada dia“. Entre as tendências que está gostando de usar no momento, a publicitária contou que manga bufante, transparência e calça cargo são algumas das ideias que estão aparecendo com frequência em seus looks.
“No meu caso, eu comecei a perceber que meu estilo se moldava muito devido ao formato do meu corpo. Era mais difícil para mim encontrar as peças que todo mundo estava usando, porque não tinham opções no meu tamanho. Até atualmente é complicado comprar algumas coisas, apesar da internet ter facilitado um pouco, e isso moldou o meu estilo. Eu nunca fiz curso de moda, mas aprendi a costurar porque eu não achava coisas como uma calça larguinha de tecido que servisse na minha perna e na minha cintura ao mesmo tempo, por exemplo. Então eu comecei a fazer minhas próprias roupas. Hoje, eu prefiro calça, uso bastante a cargo, e coisas mais compridas, como camisetão. Papete e tênis de plataforma bem alta também“, contou a designer gráfica, que é especialista nos truques de styling.
“2_corpos_mesmo_look_2LK”
“A gente tem um gosto parecido na moda. Tem bastante coisa que as duas gostam e acham legal, só que a gente não encontrava nos mesmos tamanhos. Isso acontecia às vezes até em trabalhos, em que as marcas não tinham nem a numeração G ou o G era muito pequeno. Nós também sempre tivemos o hábito de trocar roupas uma com a outra nos provadores. Então, pensando em tudo isso, achamos que seria interessante ir às lojas e mostrar como as peças ficavam em cada corpo e também para falar sobre a questão da dificuldade de encontrar tamanhos maiores“, explicou Thalita sobre o projeto. “Muitas lojas vendem o PP, mas não têm o GG. Isso me incomodava muito. O problema não é o corpo, é a roupa que não serve“, completou Gabi.
Sobre a experiência de fazer o conteúdo, elas comentaram que foi preciso adaptar algumas escolhas para que ambas pudessem usá-las. “Foi um pouco difícil, porque às vezes eu gostava de uma peça, mas não tinha o tamanho da Gabriela”, contou Thalita. “Teve o primeiro look, em que eu coloquei uma calça por baixo porque o vestido ficou muito curto, por exemplo. Nós tivemos que ir trabalhando para montar produções de que as duas gostavam e que dessem certo em nós”, completou Gabi.
Diversidade de tamanhos na moda
“Eu tenho a impressão de que, muitas vezes, as marcas têm mais opções de tamanho na teoria, na campanha… Mas, na prática, você não acha. Quando vejo que alguma grife lançou numerações maiores, eu fico feliz, falo: ‘Nossa, vi uma modelo grande na propaganda’. Porém, na hora de comprar, você não encontra, porque eles produzem pouca quantidade e esgota muito rápido. Mas, de um modo geral, está melhor agora. No passado, era ainda mais difícil encontrar roupas plus size”, disse Gabi.
A dica das irmãs para quem tem dificuldade de encontrar roupas de tamanhos variados é explorar a internet. “Procure on-line. Muitas marcas menores estão preocupadas com a inclusão, além de ser uma ótima forma de valorizá-las também. Sei que dá medo de não servir ou de não gostar, mas é possível trocar e está cada vez mais fácil fazer isso”, indicou Gabi, que completou: “Outra coisa que funciona muito para mim é seguir meninas que se pareçam com você e que tenham o tipo de corpo similar, porque assim você vai ver onde elas compram roupa e provavelmente encontrará opções para você também nesses locais.”
“Sabemos que pode ser difícil achar peças de numerações grandes que são tendência, e uma opção é tentar customizar as roupas e ser criativa. Se você acha o tamanho certo, mas o modelo não é do jeito que você queria, pense se não é possível adaptar aquele item de alguma forma, dá para tentar cortá-lo. Existem muitos tutoriais de customização on-line. Outra opção é usar uma peça masculina e transformá-la do jeito que você quiser“, falou Thali.
“É importante entender que o problema não é o seu corpo, mas as marcas que não o compreendem, que não produzem tamanhos maiores. Hoje vivemos não mais o body positive, mas o body acceptance. Não é que você vai se olhar todos os dias e se amar a todo momento… É um processo, está tudo bem ter dias ou roupas nos quais você não se sente tão bem. Nem toda peça vai cair bem em você e se conhecer é isso, é descobrir o que te faz feliz“, completou Gabi. “Encare a moda como um autoconhecimento, como uma coisa leve e sem pressão. Prove as peças, se divirta com o processo”, finalizou Thalita.
Você já conhecia a Thali e a Gabi? Conta pra gente!