Continua após publicidade

Quais foram as músicas e clipes de K-pop que marcaram a década de 2010?

Nos últimos dez anos, estes artistas romperam todas as barreiras para fazer o ritmo reinar

Por Gustavo Balducci Atualizado em 31 out 2024, 00h54 - Publicado em 3 jan 2020, 10h00

Mesclando pop, hip hop, EDM, reggaeton e uma infinidade de outros sons espalhados pelo mundo, o K-pop conseguiu construir para si mesmo uma identidade única combinada ao seu próprio estilo e cultura. Esse remix de gêneros e línguas também acabou se tornando a novidade mais fresca da música popular durante da última década. É claro que tudo isso está somado à potência que as redes sociais exerceram na disseminação de todos esses conteúdos asiáticos. Conforme nos tornamos netizens ao longo do tempo, o K-pop soube pegar carona e fez da web um grande quartel-general para os seus fãs.

O fenômeno – que teve início nos anos 1990 e foi sendo aperfeiçoado através da onda Hallyu – garantiu seu lugar na indústria do entretenimento graças ao talento de seus artistas dedicados. No começo do século 21, alguns feitos memoráveis já davam pistas de que muito em breve o K-pop tomaria conta. Enquanto o girlgroup Wonder Girls estrelava pela primeira vez o Hot 100 da Billboard e abria a turnê para o Jonas Brothers, na Ásia, a cantora BoA dominava o continente com shows e criava espaço para outras mulheres na cena. O cruzamento entre artistas ocidentais e coreanos também refletiu uma tendência de colaborações poderosas que reforçam o soft power do país – e assim, a profecia foi se cumprindo. Hoje, nossos grupos favoritos já assinam contratos milionários com selos americanos, dão as caras em programas de TV, desbancam nomes consagrados em premiações e esgotam estádios em qualquer país. O K-pop também chegou para mostrar que não existem barreiras para idade, gênero, raça ou religião na hora de ser fã. Por isso, selecionamos 20 faixas e mvs que ajudaram a reformular o ritmo ao longo da década e que merecem toda a sua atenção:

SHINee – LUCIFER (2010)

Sempre ligado às últimas tendências, o grupo SHINee fez escola com seus hits que colocava à prova os limites do pop. Não foi diferente com Lucifer, música presente no segundo álbum de estúdio do grupo, em 2010. Referenciando a estética exagerada e andrógina do Visual Kei – estilo que nasceu na década de 80 e se espalhou pela cena do rock japonês –, a title do disco apresenta os integrantes Onew, Jonghyun, Key, Minho e Taemin explorando novas facetas de sua própria criação. Com trajes futuristas, carros de luxo e uma coreografia singular, Lucifer tornou-se uma das faixas obrigatórias para entendermos o K-pop produzido no começo dessa década. O que muitos ainda não sabem é que a música foi composta pela cantora e compositora americana Bebe Rexha junto com Yoo Young-jin. Outro fato importante é que, em dezembro de 2017, o fandom Shawol sentiu a dolorosa perda do cantor Jonghyun, que foi encontrado sem vida em um apartamento alugado. A morte do idol comoveu o mundo e levantou uma série de discussões sobre depressão e problemas ligados a fama.

BEAST – FICTION (2011)

Como você imaginava o futuro no começo da década? Na discografia do boygroup BEAST, o futuro parecia um lugar bem distópico. Quase sempre performando em cenários pós-apocalípticos e muito obscuros, os jovens fizeram estreia através da Cube Entertainment em 2009. Após lançamentos bem sucedidos, a faixa FICTION arrecadou alguns prêmios importantes para o grupo, incluindo o Daesang de Canção do Ano no KBS Music Festival 2011. Em 2016, o contrato com a agência expirou e todos os membros optaram por não renová-lo. Logo depois, abriram a sua própria gravadora juntos. De casa nova e com quatro membros ativos, o BEAST continua na estrada, mas agora sob o nome Highlight.

Continua após a publicidade

2NE1 – I AM THE BEST (2011)

Quem quebraria os próprios discos num mv? Apenas o 2NE1. Em 2011, muita gente não sabia o significado da frase “Naega jeil jal naga”, mas mesmo assim cantava em voz alta na balada. I Am The Best foi o sétimo single coreano do girlgroup que estreou em 2009 e se rompeu definitivamente em 2016. Rendendo inúmeros prêmios e abusando do hip hop eletrônico, Bom, Dara, CL e Minzy eternizaram seus vocais numa das principais faixas já produzidas por Teddy Park, levando ainda o troféu de Canção do Ano na edição de 2011 do Mnet Asian Music Awards.

BIGBANG – FANTASTIC BABY (2012)

Continua após a publicidade

Lido como um dos maiores grupos de K-pop da história, o BIGBANG sempre trouxe muita personalidade à sua música desde a estreia, em 2006. Depois de fazer sucesso na Ásia, o quinteto formado pela YG Entertainment também alavancou fama no Ocidente, onde conquistou o prêmio de Melhor Artista Global do MTV Europe Music Awards, em 2011. Outro título imponente é que o seu quinto EP, Alive, vendeu mais de duzentas mil cópias durante o primeiro mês de lançamento e tornou-se o primeiro álbum coreano a entrar na parada Billboard 200. Conhecido por seu forte apreço pelo hip hop e também por seu envolvimento em compor e produzir músicas experimentais, o BIGBANG lançou hinos atemporais, como Fantastic Baby, que chegou ao público em março de 2012. No mv, enquanto uma guerra civil se instaura pelas ruas, G-Dragon, T.O.P, Taeyang, Daesung e Seungri se tornam os donos do pedaço e garantem seus respectivos lugares no trono. Carregado por muita maquiagem e looks extravagantes, Fantastic Baby também é um ótimo exemplo de como o K-pop sempre ignorou estereótipos de gênero na hora de fazer música. Voltando para os dias atuais, o integrante Seungri foi afastado do grupo no começo de 2019 após se envolver no maior escândalo sexual que a cena já presenciou. O líder G-Dragon também ganhou foco nos últimos meses por ter completado suas atividades no exército coreano e ter sido recepcionado por milhares de fãs na saída da base militar, localizada na província de Gyeonggi.

PSY – GANGNAM STYLE (2012)

Poucos meses depois, outro refrão viciante tomou conta do YouTube e se tornou um fenômeno instantâneo pelo resto do planeta graças a sua coreografia frenética. Com um perfil fora da curva quando comparado aos jovens idols do K-pop, o rapper Park Jae-sang explodiu aos 34 anos com seu single Gangnam Style. Outro aliado pelo poder da internet, PSY, como é conhecido, se tornou o dono do primeiro clipe do YouTube a bater um bilhão de visualizações. Na época, ele liderou as paradas em mais de 30 países e o hit não fez história apenas no ambiente online. Ironizando um dos endereços mais cobiçados e caros da Coreia, o músico critica, com muito bom humor, o estilo de vida dos moradores do bairro afortunado. Entrando para o livro dos recordes, a faixa conectou de uma vez por todas os dois lados do mundo e transformou o K-pop num gênero familiar para qualquer pessoa. O olhar inovador do rapper também foi além! No começo deste ano, PSY inaugurou a sua própria agência de entretenimento, a P NATION. Agora CEO, o hitmaker já esbanja nomes como a cantora HyunA e seu namorado, DAWN, além da rapper JESSI no catálogo da empresa.

Continua após a publicidade

GIRLS’ GENERATION – I GOT A BOY (2013)

Em 2009 o girlgroup Girls’ Generation já havia estourado no continente asiático com a radiante Gee, mas foi em I Got A Boy, de 2013, que a potência global das estrelas aconteceu. Originalmente constituído por nove garotas e caracterizado pelo som forte e chiclete, o grupo rompeu barreiras da música com a nova faixa e conseguiu mesclar diversos ritmos numa só composição. Com um estilo excêntrico e uma coreografia divertida, I Got a Boy pode ser considerada um hit a frente do seu tempo – a sensação de estar consumindo diferentes faixas de uma única vez é um dos maiores efeitos que uma música de K-pop já conseguiu reproduzir. O clipe musical também ganhou o prêmio de Vídeo do Ano na inauguração do YouTube Music Awards de 2013, deixando para trás concorrentes populares como One Direction e Justin Bieber.

SUPER JUNIOR – DEVIL (2015)

Circulando entre os grupos com mais tempo de carreira, o boygroup SUPER JUNIOR já fez um pouco de tudo ao longo dos anos. E, mesmo passando por hiatos, rompimentos e dispensas do exército, o SUJU possui um histórico exemplar. Em 2015, os meninos da SM celebraram seu aniversário de 10 anos de estrada com um álbum bem especial. Devil, que ficou marcado por faixas interpretadas por units, é um disco que contempla o bom trabalho em equipe feito pelos integrantes. A canção principal até foi eleita pela crítica uma das melhores do grupo. Naquele mesmo ano, os reis da onda Hallyu ainda foram premiados no Teen Choice Awards como Melhor Artista Internacional e Melhor Fã-clube.

Continua após a publicidade

GOT7 – JUST RIGHT(2015)

Mark, JB, Jackson, Jinyoung, Youngjae, BamBam e Yugyeom são bonecos em miniatura no mv caloroso de Just Right. Com inúmeros hits na manga, o grupo GOT7 sempre mostrou versatilidade na hora de fazer boas composições. Lançada em 2015, a música é mais um exemplo de como o hip hop pode vir alegre e pegajoso acompanhando por sintetizadores e barulhinhos repetitivos. Flutuando numa tigela de cereal ou dirigindo um carrinho de brinquedo, o boygroup se diverte na companhia de uma fã em seu quarto.

TWICE – TT (2016)

Continua após a publicidade

TT, que é usado como emoticon para expressar tristeza ou choro nos chats da internet, se transformou numa das faixas de maior sucesso do girlgroup TWICE em 2016. Representando a JYP Entertainment, Nayeon, Jeongyeon, Momo, Sana, Jihyo, Mina, Dahyun, Chaeyoung e Tzuyu preenchem de cor e talento todos os hits chicletes que o grupo vem lançando desde 2015. O mv do single TT é um verdadeiro conto de fadas: nele, você consegue encontrar referências que vão de Peter Pan e Pinóquio até A Pequena Sereia. A coreografia também ficou encantada e foi uma das maiores febres entre os kpoppers nos últimos anos. TWICE também mostrou parte do seu amadurecimento com Fancy e Feel Special, duas das maiores canções do ano em 2019.

EXO – MONSTER (2016)

O EXO já escreveu seu nome na história dos grupos masculinos de K-pop. Com trabalhos muito diversos e sempre explorando todo o talento dos integrantes, em 2016 foi a vez do single Monster estampar os programas semanais de música na Coreia e ganhar um vídeo alucinante. Em meio a uma manifestação, os rebeldes mais estilosos do pop buscam escapar da mão dos opressores. A coreografia supercomplexa dá o tom perfeito para essa faixa. Monster, que possui versões em coreano e mandarim, também foi a primeira canção do EXO a conseguir o primeiro lugar na Parada de Músicas Digitais Mundiais da Billboard.

BTS – BLOOD SWEAT & TEARS (2016)

Se existe um grupo capaz de quebrar os próprios recordes, o nome dele é BTS. O septeto mais famoso do K-pop já provou que consegue transformar em sucesso tudo o que faz. Se apropriando do universo literário do autor alemão Hermann Hesse para compor o álbum Wings, de 2016, o single Blood Sweat & Tears explora até o último caractere as páginas do livro Demian, publicado em 1919. Segundo o próprio RM, a faixa explora a dúvida, o desejo, e o crescimento de qualquer garoto. Seu mv bebe direto da fonte de todas essas referências enquanto Namjoon recita uma frase do livro no take de abertura. Assinado pela companhia Lumpens, que já trabalhou em outras faixas com o BTS, o clipe de Blood Sweat & Tears é uma deliciosa tentação visual e talvez seja o grande ato divisor de águas da carreira do Bangtan.

RED VELVET – PEEK-A-BOO (2017)

Com um dos conceitos mais aclamados pelos fãs do Red Velvet, Peek-A-Boo possui um storytelling digno dos filmes de Hollywood. Com uma vibe mórbida e cheio de alívio cômico, o mv coloca Yeri, Irene, Seulgi, Wendy e Joy numa casa que é um verdadeiro covil de armadilhas para homens. Seduzindo um jovem entregador de pizza para ser a sua próxima vítima, esse thriller representa uma parte da dualidade de conceitos que o Red Velvet possui.

WINNER – REALLY REALLY (2017)

2017 também foi um ótimo ano para o WINNER. Com uma pegada mais descontraída, os vocais do quarteto fizeram a faixa Really Really ser um grande sucesso nas paradas. O clipe em preto e branco leva assinatura do diretor Dave Meyers, famoso por ter dirigido vídeos para Rihanna, Justin Bieber e Britney Spears.

SEVENTEEN – DON’T WANNA CRY (2017)

Eleita a melhor performance de dança no MAMA 2017, Don’t Wanna Cry, do numeroso grupo SEVENTEEN, apresenta uma sincronia absoluta entre os treze integrantes, que executam passos cravados em uma praia, um deserto e no topo de um edifício. Completando quatro anos de debut em 2019, o grupo formado pela Pledis Entertainment conquistou milhares de views e seis vitórias em programas musicais com essa canção.

SUNMI – GASHINA (2017)

Após o fim do Wonder Girls, a diva Sunmi seguiu em frente e soltou a voz na chamativa Gashina, seu primeiro single solo. Representando uma nova leva de artistas empoderadas, a cantora, que já completou dez anos no cenário do pop, carrega na bolsa outras faixas de sucesso, como Heroine, NOIR, e a mais recente, LALALAY. Em Gashina, a artista faz um ótimo jogo de palavras brincando com os significados da expressão.

iKON – LOVE SCENARIO (2018)

LOVE SCENARIO abriu 2018 e nunca mais parou de tocar. O viral, que fala sobre como superar o término de um relacionamento, atingiu em cheio o coração das crianças sul-coreanas, tornando a fanbase do iKON ainda maior. Com um ritmo simples e pegajoso, o grupo da YG deixou seu nome marcado entre os destaques de 2018 após três anos de debut.

HOLLAND – NEVERLAND (2018)

Muita coisa mudou ao longo da década no K-pop. O cantor Holland faz parte dessa mudança: ele é o primeiro idol LGBTQI+ assumido da Coreia do Sul. Causando muito barulho, seu single de estreia, Neverland, fala abertamente sobre a sua sexualidade e o desejo de escapar para um lugar onde possa ser livre para viver suas próprias escolhas. Holland acabou chamando atenção internacional para a falta de representatividade LGBTQI+ dentro da indústria do K-pop. Com direito a beijo, dois garotos vivem seu amor pelas cenas do mv que rodou o mundo o coroou o cantor com o primeiro lugar na Dazed 100, uma lista seleta das personalidades mais importantes do ano segundo a plataforma gringa de mesmo nome. Em março de 2019, o cantor também conseguiu lançar seu primeiro mini-álbum, intitulado HOLLAND, através de financiamento coletivo, no qual arrecadou cerca de 108 mil dólares e atingiu 217% de sua meta original.

BLACKPINK – DDU-DU DDU-DU (2018)

BLACKPINK é a revolução. O quarteto formado por Lisa, Jisoo, Rosé e Jennie vem acumulando recordes por onde passa. Depois de subir nos palcos do festival Coachella, o girlgroup se tornou o primeira do K-pop a atingir 1 bilhão de visualizações no YouTube com a faixa DDU-DU DDU-DU, de 2018. Segundo a revista Forbes, BLACKPINK merece ser considerado “o grupo feminino de K-Pop mais bem sucedido de todos os tempos”. Já a TIME elegeu o grupo como uma das 100 personalidades mais influentes do mundo em 2019. Quem somos nós para discordar de todo esse talento, não é mesmo? Se você quer visuais luxuosos, críticas sociais ou até mesmo um tanque de guerra, consegue encontrar tudo isso junto no mv de DDU-DU DDU-DU.

LOONA – BUTTERFLY (2019)

Butterfly é cativante do começo ao fim. Com uma produção musical impecável, o efeito borboleta também acontece quando assistimos ao mv: filmado na França, Hong Kong, China, Estados Unidos, Islândia e Coreia do Sul, o vídeo intercala cenas de dança com momentos de diversidade entre mulheres de etnias diferentes, criando assim um elo de inspiração para que seus fãs também possam ganhar coragem e voz ativa. Um dos projetos mais inovadores já produzidos pelo K-pop, LOONA apresentou um novo conceito na hora de estrear, debutando uma integrante de cada vez até completar seu universo de temas que nem mesmo o mais lúdico dos grupos poderia oferecer.

MAMAMOO – HIP (2019)

Toda mulher pode ser o que quiser, seja ela princesa, vocalista de uma banda de rock ou presidente da nação. Esse é o lema definitivo de HIP do MAMAMOO. O quarteto Solar, Moonbyul, Wheein e Hwasa já passou pelo Brasil no ano passado e possui um discurso girlpower por trás de suas músicas.

Para completar a nossa lista de destaques, é válido olhar para os últimos trabalhos de Stray Kids, TXT, MONSTA X, SuperM, NCT, ITZY e ATEEZ, nomes que já estão dando os próximos passos para o futuro do gênero e são uma boa previsão do que podemos esperar do K-pop na próxima década.

Publicidade