A nova protagonista de Millie Bobby Brown se destaca por uma determinação incansável em Donzela, filme que estreia nesta sexta-feira (8/3) na Netflix. Apoiada por elementos clássicos de contos de fadas, a produção cria uma narrativa que mistura ação e aventura em um clima mais misterioso de fantasia.
A história acompanha Elodie, uma jovem que, para salvar seu povo, abre mão da própria felicidade ao concordar se casar com o príncipe de um reino distante. Sem imaginar que a realeza pretende usá-la como sacrifício, ela é jogada em uma caverna e precisa descobrir como escapar de um dragão que a persegue.
A “donzela” vivida por Millie inicia o enredo como alguém que se importa profundamente com as pessoas, mesmo que isso a deixe sem muitas escolhas individuais. No decorrer do longa, ela não perde essa característica, mas aprende a priorizar a si mesma. Quando a família de Elodie chega ao famoso reino de Aurea, não é difícil captar que algo está errado, ainda mais quando o pai da jovem (Ray Winstone) parece ter uma conversa perturbadora sobre as condições do casamento da filha com o príncipe (Nick Robinson).
A madrasta da protagonista, que é interpretada por Angela Bassett, também não demora para notar que a rainha, vivida por Robin Wright, esconde algo ruim e, apesar de todos os sinais, Elodie segue com o plano do casamento pensando no bem de sua família. Mas ela entende que foi realmente enganada quando é jogada em um abismo para ser morta.
A partir disso, ela chega na conclusão que só pode contar consigo mesma para sair viva da situação e é interessante como a nova princesa se comporta antes de se tornar uma guerreira. Afinal, quando ela se depara com um enorme dragão que tem como único objetivo matá-la, ela foge como qualquer jovem sem treinamento prévio ou poderes faria, sendo este um detalhe importante em seu desenvolvimento.
Em muitos momentos, é até fácil se pegar imaginando que Elodie tem algum plano secreto ou algo mágico que vai salvá-la no último segundo, mas não. Logo percebemos que, movida pelo instinto de sobrevivência e uma determinação incansável, ela tem que confiar apenas na própria sorte e inteligência para escapar. As dicas e memórias de outras garotas que passaram pelo local antes também são um bom ponto de partida e incentivo para ela.
No papel, Millie demonstrou amadurecimento e se entregou nas cenas mais pesadas em que precisava refletir o sofrimento e o esforço de Elodie. Apesar de ter momentos com outros personagens, a atriz enfrentou o desafio de carregar grande parte das cenas sozinha. Utilizando a caverna como principal cenário, a narrativa preencheu o silêncio com curtos diálogos e reflexões da protagonista com o dragão.
Enquanto a mudança nas ações da protagonista e sua jornada para encontrar sua força são bem trabalhadas, o roteiro poderia ter se aprofundado mais na vingança final. Seria interessante vermos mais de Elodie quando ela assume o controle da situação e ocupa uma posição poderosa contra aqueles que pretendiam usá-la. A expressão convencida da rainha e o dito arrependimento do príncipe deveriam fazer parte de um desfecho menos apressado.
Outro fator que também poderia ser mais explorado é o histórico da mãe de Elodie (talvez isso esteja reservado para uma possível sequência?) que é citada em diversos momentos. Ela é, inclusive, indicada como uma grande inspiração para a protagonista e, muitas vezes, é o grande incentivo para que ela siga lutando e procurando por uma saída.
Donzela acertou ao trazer Millie para o papel principal mas a falta de profundidade do roteiro prejudicou a história em alguns momentos. Dirigido por Juan Carlos Fresnadillo e com roteiro de Dan Mazeau, o filme misturou o misterioso de dark fantasy com elementos clássicos de contos de fadas para evidenciar uma heroína marcante no comando de sua vida.
Donzela estreia na Netflix em 8 de maio.