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Além da competição, Drag Race Brasil trouxe informação para jovens LGBT+

Participantes mostraram vulnerabilidade e compartilharam histórias sobre suas vivências fora da competição - e isso foi muito importante.

Por Arthur Ferreira Atualizado em 29 out 2024, 18h07 - Publicado em 15 nov 2023, 11h50

A primeira temporada de Drag Race Brasil chegou ao fim, coroando Organzza como a grande vencedora da primeira edição. Além da competição acirrada entre as quatro finalistas e os looks icônicos usados na runway, a temporada também ficou marcada por temas muito importantes para a comunidade LGBTQ+, especialmente para a galera mais jovem que acompanhou pela primeira vez a competição.

Durante os confessionários, as preparações de make e até mesmo nos desafios, as queens mostraram vulnerabilidade e compartilharam histórias emocionantes sobre suas vivências fora da competição. No clima de saudade da primeira temporada – e já esperando pela próxima – , separamos alguns desses momentos que fizeram o público se emocionar e ainda trouxe muita informação.

Conscientização sobre HIV e políticas públicas

Em um dos momentos mais emocionantes da temporada, Hellena Malditta revelou para suas colegas as dificuldades que enfrentou quando descobriu que tinha se infectado com HIV. Dando uma aula sobre saúde sexual, Hellena contou como foi o peso de lidar com isso na época e como a criação da sua Drag Queen foi uma das maneiras que ela encontrou para se fortalecer.

Trazendo a conscientização de medidas públicas, ela ressaltou o privilégio brasileiro de poder contar com um sistema público de saúde como o SUS, que oferece gratuitamente tratamento para o HIV. Ela ainda subiu ao palco do programa com uma saia feita de camisinhas e brincos exaltando a PrEP e o SUS em um desfile que tinha como referência a Carmen Miranda.

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“Representatividade importa” é muito mais do que um discurso

Em um desafio de propagando, as drags tiveram que desenvolver um discurso em torno de palavras importantes como amor, empatia e representatividade. O grande destaque do episódio foi Shannon Skarlett, que com a palavra inclusão, falou sobre a realidade de pessoas negras que não se veem representadas em lugares de poder na sociedade.

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“Lembro até hoje da minha mãe dizendo “filho a gente vai vencer na vida”. Minha mãe já se foi. Qual é o dia que eu vou vencer na vida? Precisei lutar, correr atrás do meu ganha pão. Já passei fome sozinha dentro da minha casa, mas eu nunca desisti. Espero que você, pessoa preta, também não desista! Não deixe que a exclusão faça você se excluir, faça a inclusão.”

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Casamento homoafetivo é um direito constitucional

Se mostrando vulnerável, Miranda Lebrão compartilhou a de seu casamento durante a quarentena. Ela contou que já enfrentava um momento difícil enquanto seu companheiro passava por um tratamento de quimioterapia, e precisou firmar a união não só pelo amor do casal, mas para garantir que seus direitos constitucionais fossem reconhecidos.

“A gente precisou casar pra poder provar para o hospital que a gente era uma família. Para que eu pudesse acessar e ajudá-lo a fazer as coisas. O casamento não foi só sobre amor. Foi sobre a gente burlar esse sistema. Fazer festa às vezes não é porque a gente está feliz. Fazer festa é porque a gente precisa acreditar que vai ser possível amanhã”, declarou.

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Coincidentemente, o relato pessoal foi ao ar após a aprovação por comissão da Câmara do projeto de lei que proíbe o casamento homoafetivo no Brasil.

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A importância das festas populares para a comunidade

Durante a preparação para o ball de festas populares, Organzza compartilhou sua história com o bate-bola, festa que acontece na periferia do Rio de Janeiro durante o Carnaval. Ela costuma compartilhar esse momento com seu irmão, que morreu ainda muito jovem. O relato de Organzza destaca a importância desses eventos como espaços de celebração, memória e inclusão.

Isso fica mais evidente quando aplicado as vivências das pessoas LGBTQ+, pois proporciona um terreno fértil para a expressão da identidade. Muitas pessoas se sentem encorajadas a explorar sua criatividade e autenticidade, especialmente através do universo das drags, durante essa época do ano.

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Em outro momento, Organzza ainda falou que o Halloween para os brasileiros é o Carnaval. Essa comparação  também é intrigante. Enquanto o Halloween, tradicionalmente uma festividade estrangeira, é associado a fantasias e transformações temporárias, o Carnaval no Brasil oferece uma experiência similar, mas com uma base cultural local muito maior.

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