82 mulheres do cinema se unem em protesto por igualdade em Cannes
Atrizes, diretoras, produtoras e outras mulheres da indústria cinematográfica pararam nas escadas do tapete vermelho do festival
As mulheres do cinema protestaram no Oscar, no Globo de Ouro… E no Festival de Cannes não seria diferente, né? Na tarde de sábado (12), 82 mulheres do universo cinematográfico se uniram no tapete vermelho e nas escadas do evento para exigir igualdade salarial e de direitos. Entre elas estavam as atrizes Cate Blanchett, Kristen Stewart, Marion Cotillard, Salma Hayek e Patty Jenkins (a diretora de Mulher-Maravilha).
“Desafiamos nossos governos e poderes públicos a aplicarem as leis sobre igualdade salarial”, disse a cineasta francesa Agnès Varda. No protesto, as mulheres entraram no evento de braços dados e pararam no meio das escadas que ficam no final do tapete vermelho para mostrar que, sim, nós ainda temos muitos degraus a subir pela frente.
O fato de serem 82 mulheres que se juntaram ao protesto também tem um significado simbólico. É que foi este o número de mulheres que concorreram à Palma de Ouro desde a primeira edição do festival, em 1946. Em relação aos homens, 1.688 deles foram indicados a prêmios. Cate Blanchett, que é presidente do júri neste ano, fez um discurso e fez questão de lembrar que apenas duas mulheres levaram o maior prêmio de Cannes, contra 71 homens. Foram elas a nelozelandesa Jane Campion, em 1993, por O Piano, e a própria Agnès Varda, pelo conjunto da obra.
“As mulheres não são minoria no mundo, mas o estado atual da indústria indica o contrário. Como mulheres, nós todas enfrentamos nossos próprios desafios, mas estamos juntas nesta escadaria hoje como um símbolo da nossa determinação e compromisso com o progresso. Nós somos escritoras, produtoras, diretoras, atrizes, agentes, editoras, distribuidoras, agentes de vendas e todas que estão envolvidas nas artes cinematográficas”, disse a atriz. “Pedimos a igualdade e a diversidade real nos nossos âmbitos profissionais”, completou.
O protesto foi organizado pelo movimento francês 5050×2020, que é parecido com o #MeToo e o Time’s Up, que aconteceram nos Estados Unidos. O movimento tem este nome pois pretende que, até 2020, os júris da prêmios de direção sejam compostos por 50% de mulheres e 50% de homens.