#TodosPorClara: jovens criam Instagram para apoiar amiga agredida por ex
Juntas, elas lutam e dão coragem para Clara Emanuele não se calar: 'sabíamos que seria complicado e queríamos mostrar que ela não estava sozinha'.
“Vou lhe deixar careca e nenhum homem vai te querer”. Foi isso que Filipe Pedreira, de 19 anos, falou para Clara Emanuele Santos Vieira, de 20, enquanto cortava à força seu cabelo. A jovem ainda teve os dedos machucados por uma faca e ficou cheia de hematomas no rosto e no corpo após ser agredida fisicamente (além de psicologicamente) pelo ex-marido. O crime aconteceu em maio, na cidade de Santo Antônio de Jesus, no interior da Bahia. No dia 9 do mesmo mês, Filipe confessou que agrediu a ex, segundo relato de Patrícia Jackes, delegada responsável pelo caso. “Ele assume as agressões e diz que foi motivado por ciúmes”, revelou a autoridade ao G1. A informação, contudo, é que o homem desapareceu enquanto o inquérito era concluído e hoje segue foragido. “Vale ressaltar que Filipe agrediu seu filho, de apenas um ano de idade, com spray de pimenta e o pai da vítima também. Não podemos esquecer! Não podemos nos calar! Isso não pode ficar impune!”, diz uma postagem publicada na conta de Instagram @todosporclara.
Criada pelas melhores amigas da jovem, o perfil surgiu logo após Clara denunciar o ocorrido. “Sabíamos que seria complicado e queríamos mostrar que ela não estava sozinha, que não precisava sentir medo ou, o que é pior, sentir culpa”, conta uma das criadoras, também de 20, que prefere não ser identificada. “Já fui ameaçada por isso e não me exponho mais”, garante à CAPRICHO.
No Insta, as meninas encontraram uma ferramenta potente para dar voz às tantas mulheres que são agredidas diariamente no Brasil. Ao compartilhar a história de Clara, elas vêm recebendo depoimentos de mulheres que passaram pela mesma coisa ou estão passando e precisam de ajuda. “Elas dizem sempre que o Instagram deu a elas voz e coragem. E é também para isso que estamos aqui!”, conta a amiga idealizadora do projeto. Clara também é grata pela campanha: “ela nos agradece todos os dias por tanto apoio e coragem”.
A amiga da jovem agredida conta que, no início do relacionamento que durou 3 anos, ninguém percebia que Filipe se transformaria em um monstro. “Ele escondia muito!”, surpreende-se. Em um evento que participou em Santo Antônio de Jesus, Clara conta que o ex mudou depois do casamento, mas ela sempre achava que ele iria mudar. “No início, ele só rasgava a roupa, quebrava o celular, me proibia de falar com alguém e dizia que todas as minhas amigas eram putas”, revela Clara. Depois, agressões físicas foram somadas às psicológicas.
Uma das administradoras da conta diz que a polícia garante que está à procura do homem. “Foram aos lugares em que ele frequentava, no sítio em Jaguaribe, na casa dos pais, mas até agora nada”, lamenta. O projeto, que luta pelo fim da violência contra a mulher, também se transformou em uma campanha para tentar encontrar o cara foragido: “não temos notícias. Não sabemos seu paradeiro. E é onde o perigo se encontra”.
Para a bff de Clara Emanuele, é importante que as amigas apoiem, deem força e coragem para que a colega agredida denuncie o crime. “Lembrá-la de que ela não é culpada, que tem voz para lutar e que não está sozinha é essencial”, diz. O próximo passo é fazer com que o perfil, que se aproxima dos 60 mil seguidores, se torne ainda mais conhecido. É por isso que, tanto as administradoras quanto os seguidores, estão marcando @s de pessoas famosas para tentar que alguém numericamente influente se pronuncie sobre o caso, que chegou a ser classificado como uma “lesão leve” por um delegado chamado Edilson Magalhães. As imagens abaixo parecem leves para você?
Para saber mais sobre o Caso Clara e acompanhar o desenrolar das buscas, siga @todosporclara e use a hashtag #TodosPorClara para apoiar o movimento. “Nossa luta não para! Vamos até o fim!”