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Sífilis: saiba o que é a IST, quais são seus sintomas e principais riscos

Ministério da Saúde novamente alerta para uma epidemia de sífilis no Brasil, uma das infecções sexualmente transmissíveis mais perigosas.

Por Amanda Oliveira Atualizado em 31 out 2024, 02h26 - Publicado em 3 mar 2019, 10h01

Vem ano, vai ano, mas a nossa conversa sobre a necessidade e importância de se proteger com preservativos em relações sexuais é permanente. Isso acontece porque, ao que parece, grande parte dos jovens ainda acredita que a camisinha serve apenas para evitar uma gravidez. Sabemos que tem essa utilidade também, mas a verdade é que o principal objetivo do preservativo é te proteger de infecções sexualmente transmissíveis (IST), antigamente chamadas de DSTs. E a camisinha é o único método capaz de realizar essa proteção.

Essa conversa não pode ficar apenas para os dias de Carnaval: precisamos falar sobre a sífilis. Pode parecer exagero, mas em 2016 o Ministério da Saúde decretou a epidemia da doença e reconheceu que a situação estava realmente fugindo do controle. Mais de 228 mil casos foram notificados desde 2010, quando hospitais passaram a notificar o ministério sobre os números de diagnósticos. De lá para cá, esta realidade não melhorou muito. O número de casos de sífilis a cada 100 mil habitantes pulou de 44,1 em 2016 para 58,1 em 2017, no Brasil.

Getty Images/Reprodução

É claro que esta epidemia pode ter várias causas, mas uma delas é a falta de conscientização pública sobre o assunto. Por isso, a CAPRICHO conversou com a Dra. Patrícia Gonçalves, médica obstetra e ginecologista, professora em Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP e do Centro Universitário São Camilo, para esclarecer as principais questões que envolvem a perigosa sífilis.

Para início de conversa, é preciso entender que a sífilis é uma doença infectocontagiosa sexualmente transmissível, causada pela bactéria Treponema pallidum. Além das relações sexuais, ela também pode ser transmitida de forma verticalmente. Ou seja, de mãe para o feto durante a gestação, por transfusão de sangue e/ou contato direto com o sangue contaminado.

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Existem manifestações em 3 estágios da doença: sífilis primária, secundária e terciária. De acordo com a ginecologista, os sintomas ficam mais evidentes nos dois primeiros tipos de sífilis e o risco de transmissão é maior. “Depois, há um período praticamente assintomático, em que a bactéria fica latente no organismo, mas a doença retorna com agressividade acompanhada de complicações graves, causando cegueira, paralisia, doença cardíaca, transtornos mentais e até a morte”, a médica alerta.

Segundo a Dra. Patrícia, existe ainda outra manifestação: sífilis congênita. Neste tipo, a doença pode causar má-formação do feto, aborto espontâneo e morte fetal. Nos primeiros meses de vida, os sintomas mais comuns da sífilis congênita é a pneumonia, feridas no corpo, alterações nos ossos e no desenvolvimento mental, além de cegueira.

PRIMEIROS SINTOMAS
Muitas pessoas não percebem as primeiras manifestações da sífilis, principalmente as mulheres (já que algumas feridas podem ficar mais escondidas na vagina). Por isso, é de extrema importância ficar atenta a qualquer tipo de mudança no seu corpo e consultar um ginecologista com frequência. Os primeiros sintomas de cada estágio da sífilis são:

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Sífilis primária: Pequenas feridas nos órgãos genitais (cancro duro) que desaparecem espontaneamente e não deixam cicatrizes; gânglios aumentados e ínguas na região das virilhas;
Sífilis secundária: Manchas vermelhas na pele, na mucosa da boca, nas palmas das mãos e plantas dos pés; febre; dor de cabeça; mal-estar; inapetência; linfonodos espalhados pelo corpo, manifestações que também podem regredir sem tratamento, embora a doença continue ativa no organismo;
Sífilis terciária: Comprometimento do sistema nervoso central, do sistema cardiovascular com inflamação da aorta, lesões na pele e nos ossos.

De acordo com a Dra. Patrícia, o diagnóstico da sífilis costuma ser feito através de exames para detectar a bactéria, mas a consulta com o ginecologista já pode direcionar a um diagnóstico precoce. “Nas fases iniciais, o diagnóstico pode ser confirmado pela reconhecimento da bactéria no exame de sangue ou nas amostras de material retiradas das lesões. Na fase avançada, é necessário pedir um exame de líquor para verificar se o sistema nervoso não foi afetado”, esclarece.

Getty Images/Reprodução

Segundo o Ministério da Saúde, uma das principais causas para a epidemia de sífilis no Brasil é o desabastecimento de penicilina, que é a medicação mais eficaz contra a doença. A distribuição de testes rápidos na rede de saúde pública também fez com que os diagnósticos crescessem em pouco tempo. “Apesar de ser essencial para o controle da transmissão vertical da sífilis, a penicilina benzatina apresenta, desde 2014, um quadro de desabastecimento em diversos países devido a falta de matéria-prima para a produção”, a ginecologista explica. Assim como outras ISTs, o tratamento deve ser começado o mais rápido possível. “Caso não seja tratada precocemente, poderá comprometer vários órgãos, tais como olhos, pele, ossos, coração e sistema nervoso“, Dra. Patrícia diz.

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SÍFILIS TEM CURA?
Sim. O tratamento contra sífilis é realizado através de antibióticos, como o Penicilina Benzatina (conhecido como Benzetacil), mas se o paciente tiver alergia ao medicamento, outros remédios podem surgir o mesmo efeito – embora com um tempo maior de tratamento. “Deverá ser realizado acompanhamento do paciente com exames clínicos e laboratoriais para avaliar a evolução da doença e estendido o tratamento adequado aos parceiros sexuais, até que haja cura completa da doença. Porém, ficará uma cicatriz sorológica, que será sempre identificada no sangue quando for solicitada sorologia para sífilis”, Dra. Patrícia esclarece. Segundo ela, a doença pode acarretar sequelas irreversíveis a longo prazo, como comprometimento do sistema nervoso central, cardiovascular com inflamação da artéria aorta, além de lesões na pele e nos ossos do corpo.

A maneira mais segura e eficaz de se proteger contra a sífilis é o uso de preservativo durante as relações sexuais (inclusive no sexo oral), seja a camisinha masculina ou feminina. Além disso, é importante realizar exames de sangue para detectar possíveis ISTs todos os anos e se consultar com um ginecologista frequentemente.

Proteja-se! Sua saúde é prioridade.

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