Dia de Combate à Aids: é possível portar o vírus HIV e não transmiti-lo?

Entenda o caso da Marina, personagem da série 'Elite', que possui a carga viral indetectável.

Por Amanda Oliveira Atualizado em 31 out 2024, 09h55 - Publicado em 1 dez 2018, 10h02

Toda semana, cerca de 7 mil mulheres jovens com idade entre 15 e 24 anos são infectadas pelo vírus HIV no mundo, de acordo com um relatório do Unaids, programa criado pela Nações Unidas para combater a imunodeficiência, publicado em 2017. Foi dentro desta faixa etária que a Marina, personagem da série recentemente lançada pela Netflix, Elite, também foi infectada.

Marina, uma das protagonistas de Elite, da Netflix, é portadora de HIV. Reprodução/Reprodução

No Dia Mundial de Combate à Aids, que acontece em todo 1º de Dezembro, é muito importante reforçar a prevenção da doença. Mas também precisamos lembrar de falar sobre como é viver com o vírus HIV. Na série Elite, por exemplo, Marina revela que é soropositivo e precisa tomar medicamentos regularmente, mas que seu vírus é indetectável. Ou seja, ela não consegue transmiti-lo para outras pessoas.

Como isso pode acontecer? A CAPRICHO conversou com as Dras. Nelly Kobayashi e Ana Carolina Lúcio Pereira para esclarecer a dúvida.

De acordo com a Dra. Nelly Kobayashi, ginecologista e sexóloga, novos estudos afirmam que é possível ser portador do vírus HIV e não transmiti-lo por via sexual por conta da chamada carga viral. “Desde que tenha boa adesão ao tratamento e a carga viral esteja indetectável. Ou seja, inferior a 40 cópias/ml de sangue, por pelo menos 6 meses“, explica. Contudo, a baixa carga viral só impossibilita a transmissão do vírus através das relações sexuais. Isso significa que doações e transfusões de sangue ainda são proibidas para quem porta o HIV.

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Segundo ela, os portadores de HIV que realizarem o tratamento de forma correta também podem chegar a apresentar o vírus indetectável com o passar do tempo. “O consenso atual de tratamento de HIV estabelece iniciar a terapia antirretroviral no momento do diagnóstico e assim mantê-la, independente da carga viral ou da quantidade de células CD4″, afirma.

Reprodução/Getty Images

A carga viral é um tipo de exame que informa a quantidade de vírus presente na quantidade de sangue testado. A Dra. Ana Carolina Lúcio Pereira, ginecologista que atende em São José dos Campos (SP), explica que, quanto maior for essa carga, maior é a transmissibilidade do vírus e a chance de complicações para o portador do HIV. “O objetivo do tratamento até então é deixar a carga viral o mais baixa possível para garantir melhor qualidade de vida”, diz.

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Contudo, não conseguir transmitir o vírus para outras pessoas através de relações sexuais é a única diferença entre quem tem o HIV indetectável e quem não tem. “O vírus age da mesma forma. Se multiplica dentro das células CD4, destruindo-as. Com cargas virais mais altas, há um maior comprometimento do sistema imune, diminuindo assim a defesa do organismo”, esclarece Dra. Nelly.

Reprodução/Reprodução

A Aids é uma doença recente, descoberta nos anos 80. Apesar de as pesquisas relacionadas à imunodeficiência e ao vírus HIV estarem cada dia mais avançadas – e de o portador conseguir viver hoje com uma maior qualidade de vida -, a prevenção é fundamental, principalmente entre jovens, grupo que está sendo mais contaminado pelo vírus mundialmente. Usar preservativo é uma obrigação de cada um de nós na luta contra a Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis. Proteja-se!

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