Ser fã é parte essencial na vida de qualquer pessoa
'Você pode estar sozinha, mas sabe que nunca vai estar só. Você pode nunca conhecer o seu ídolo, mas não deixa de amá-lo por isso. O que você sente basta.'
Eu não sei se existe algum estudo, mas algumas pessoas tendem a ser mais fãs que outras. Eu sou fã de várias coisas e de muitas pessoas, e quando algo conquista um pedacinho do meu coração, é difícil tirá-lo de lá. Quando eu tinha 11 anos, descobri a história de um menino órfão de um jeito meio inusitado. Recebi uma ligação do dono da locadora da esquina de casa (sim, locadoras ainda existiam e faziam sucesso) dizendo que havia ganhado uma promoção. Ele disse o nome do filme e eu nem entendi direito na hora. Mas como uma boa pé-frio, fiquei feliz de ganhar alguma coisa e fui correndo buscar o meu prêmio. A caixinha era azul, decorada com várias pessoas vestidas de um jeito curioso. Bem no centro, havia um garotinho de óculos redondos com uma cicatriz em forma de raio na testa. Harry Potter e a Pedra Filosofal, dizia o título. É, eu definitivamente já tinha ouvido falar sobre ele. Coloquei o filme no videocassete e lembro-me como se fosse ontem de que as duas horas seguintes passaram voando, literalmente, como em um passe de mágica! Eu sabia que alguma coisa tinha mudado. Eu sabia que eu não seria mais a mesma ao final do letreiro.
É engraçado como, de uma hora para outra, algo ou alguém pode transformar sua vida. Eu ganhei uma promoção que nem sabia que estava participando, assisti a um filme e decidi que iria gostar daquilo para o resto da minha vida. Não foi uma decisão pensada. Eu só senti no fundinho da minha alma que era para ser. Foi uma junção de fatores que me fizerem ter certeza de que aquilo era diferente, genuíno. Foi como se um turbilhão de sentimentos tivesse invadido minha mente e meu coração. Foi uma certeza incerta, uma vontade de querer saber mais sobre o assunto. Aos poucos, fui descobrindo sobre o universo mágico criado por J.K. Rowling, sobre a escritora, sobre os livros, as adaptações para o cinema e os jogos. E desde então eu não parei mais. É difícil explicar a sensação de se tornar fã de algo, mas acho que cheguei quase lá. É como acontece com uma varinha. Não é o bruxo quem a escolhe, mas ela quem escolhe o bruxo.
Quando completei 15 anos, ganhei uma festa do pijama “surpresa” com o tema Harry Potter. Lembro-me de que minhas melhores amigas também brincavam com o fato de eu ser filha única e diziam que o Harry, o Rony e a Hermione eram meus irmãos. A verdade é que, durante a adolescência, eu nunca tive muitos amigos que fossem fãs da mesma coisa que eu. Mas isso nunca foi um problema. É claro que é legal compartilhar sua paixão com outras pessoas que te entendam, mas ser fã é sentir um amor unilateral livre de cobranças. Você pode estar sozinha, mas sabe que nunca vai estar só. Você pode nunca conhecer o seu ídolo, mas não deixa de amá-lo por isso. O que você sente basta.
O tempo passou, a coleção de Harry Potter aumentou e a poeira no quarto também. Eu acabei conhecendo pessoas incríveis, que eu talvez não tivesse conhecido se não fosse pelo bruxinho (ou pela maravilhosa J.K.). Eu também viajei para um dos lugares que mais queria conhecer: Londres. Lá, visitei os estúdios de Harry Potter e cada locação dos filmes. As coisas demoraram quase dez anos para acontecer, mas aconteceram – e a Isa de 11 anos não acreditaria se eu ainda dissesse que mandaria uma cartinha para Leavesden, endereçada a Daniel Radcliffe, e receberia uma resposta. Isso aconteceu, eu juro!
Mas onde quero chegar sem vassoura com tudo isso? O fato de eu ser fã me abriu muitas portas. Inclusive, eu acredito que esteja escrevendo este texto aqui na CAPRICHO porque conversei muito sobre os Jonas Brothers com o meu atual chefe – e o papo foi tão legal que rolou uma conexão instantânea. Com relação a Harry Potter, não foi diferente. Da Rua dos Alfeneiros a Hogwarts, cada detalhe me fez sonhar mais alto. Eu sonhava em conhecer Londres, em estudar em uma Escola de Magia e Bruxaria, em fazer amizades com pessoas que fossem tão potterheads quanto eu. Mas eu não só sonhei. Ser fã me deu forças para acreditar em cada um dos meus sonhos e a ir atrás deles, mesmo que eu demorasse anos para concretizá-los. E o que é a vida sem alguns sonhos, afinal?
E você, já sonhou um sonho de fã hoje? <3