Quem fuma vape pode consumir 6 vezes mais nicotina do que 20 cigarros
Pesquisa do Instituto do Coração da USP revela a quantidade elevada de nicotina e os riscos de dependência dos cigarros eletrônicos
s níveis de nicotina de quem consome vape diariamente e em grande quantidade podem chegar a ser seis vezes mais elevados do que os usuários de cigarro convencional que fumavam em média 20 cigarros por dia. Isso evidencia o risco que esses dispositivos eletrônicos podem representar para a dependência, principalmente da nossa galera que é a que mais consome.
Esses dados são de uma pesquisa inédita sobre uso de cigarro eletrônico elaborada pelo Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas (HC) da USP, em parceria com a Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo e o Laboratório de Toxicologia da Rede Premium de Equipamentos Multiusuários da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).
O estudo, que foi realizado com frequentadores de bares, shows e eventos em diversas cidades do Estado de São Paulo, apontou que a maioria dos usuários tentou abandonar o dispositivo e não teve sucesso, fazendo um alerta à dependência.
Com isso, a pesquisa desmistifica uma ideia muito difundida por aí de que os vapes são uma alternativa menos prejudicial ao tabagismo convencional. O tamanho menor e os cheiros mais atraentes conseguiram enganar por muito tempo os perigos, mas os vapes possuem uma concentração muito maior de nicotina em seus dispositivos e conseguem elevar os níveis do vício.
Um estudo anterior do Governo Federal comprovou que, enquanto o cigarro branco tradicional tem no máximo 1 mg de nicotina por cigarro, os eletrônicos chegam até 57 mg de nicotina por ml do líquido presente na embalagem. No Brasil, a comercialização desses produtos é proibida desde 2009.
Em entrevista ao Jornal da USP, Jaqueline Scholz, diretora do Núcleo de Tabagismo do InCor, explica que, apesar dos efeitos ainda não amplamente entendidos, a fumaça dos vapes “não se compara à do cigarro convencional, porque tem outros produtos químicos, como partículas ultrafinas, que vão para corrente sanguínea”.