Protesto: polonesa morre após médicos se recusarem a fazer um aborto legal

O bebê de Izabela não tinha nenhuma chance de vida, mas ela tinha. Contudo, este direito lhe foi negado e a mãe veio a óbito

Por Isabella Otto Atualizado em 30 out 2024, 17h00 - Publicado em 8 nov 2021, 16h07

No último sábado, 6, milhares de mulheres se reuniram em várias cidades de Polônia, em especial em Pszczyna, para protestar contra a morte de uma jovem chamada Izabela, de 30 anos, mais uma vítima fatal de leis retrógradas a respeito do aborto legal.

Memorial para Izabela, que morreu vítima de problemas gestacionais causados por uma gravidez que deveria ter sido interrompida
Memorial dedicado a Izabela, de 30 anos, que morreu por problemas gestacionais STR/NurPhoto/Getty Images

Em setembro, a moça, que estava grávida de 22 semanas, veio à óbito. O bebê da polonesa não tinha líquido amniótico suficiente para sobreviver, mas os médicos do hospital em que estava sendo atendida se recusaram a fazer um aborto e preservar a vida da mãe.

O filho já não tinha nenhuma chance de sobrevivência e o quadro estava piorando drasticamente. Mesmo Izabela tendo adoecido por causa da gravidez, decidiram não a interrompê-la por causa de uma lei que passou a vigorar no início do ano e autoriza o aborto somente em casos de estupro ou incesto, ou quando a mãe estiver em perigo. Os profissionais, contudo, se recusaram a interromper a gravidez, dizendo que esperariam Izabela entrar em trabalho de parto para então retirarem o bebê do útero. A polonesa morreu antes.

Multidão protesta contra morte de Izabela, que tinha direito a fazer um aborto legal da Polônica
“Ela é alguém, não só um corpo”, diz cartaz de manifestante Beata Zawrzel/NurPhoto/Getty Images
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Jolanta Budzowska, advogada da família, entrou na Justiça, dizendo que, mesmo os médicos sabendo que a vida de Izabela, que já tinha uma filha de 9 anos, estava em risco, se recusaram a fazer o aborto e usaram as leis do país como desculpa. “Os médicos esperaram que o feto morresse. O feto morreu, a paciente morreu. Choque séptico“, garantiu. Dois médicos envolvidos no caso foram afastados do hospital.

+: Billie Eilish se posiciona contra lei antiaborto durante show no Texas

A mãe da vítima fez questão de compartilhar uma das últimas mensagens que a filha enviou, lamentando sua situação: “O bebê pesa 485 gramas. No momento, por causa da lei do aborto, tenho que ficar de cama. E não há nada que possam fazer. Eles irão esperar até que eu morra“.

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Multidão protesta em prol da legalização do aborto
Leis antiaborto dos EUA são bastante parecidas com as da Polônia e manifestações contra sempre ocorrem. Na foto, o protesto é no Texas Lokman Vural Elibol/Anadolu Agency/Getty Images

Em países em que o aborto não é legalizado ou é legal em casos específicos, por ano, milhares de mulheres viajam para fora na tentativa de conseguirem interromper a gravidez de uma maneira segura. Aquelas que não possuem esse privilégio, acabam recorrendo a práticas abortivas perigosas. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, a cada dois dias, uma mulher morre por aborto inseguro, que é uma das principais causas de morte materna, que mais afeta a população negra.

A não legalização do aborto é um tipo de feminicídio cometido pelo Estado. 

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