Projeto visa distribuição de absorventes para brasileiras de baixa renda
Mulheres lutam na Câmara para que proposta seja aprovada e distribuição gratuita do produto, inclusive em presídios, seja uma realidade
Recentemente, a Escócia se tornou o primeiro país a distribuir gratuitamente absorventes em escolas e universidades. O próximo passo é que essa distribuição aconteça também em lugares como centros comunitários, clubes juvenis e farmácias. A lei está prestes a ser aprovada, e o Brasil quer seguir o mesmo caminho.
No último dia 7, véspera do Dia Internacional da Mulher, a deputada Tabata Amaral apresentou uma proposta na Câmara que visa distribuir gratuitamente absorventes em locais públicos para mulheres de baixa renda e em presídios. Para a representante, essa medida visa democratizar o acesso a itens básicos de higiene no país.
Em um primeiro momento, o projeto recebeu aprovação da maioria das parlamentares mulheres. Contudo, muitos homens foram contra – principalmente porque, se aprovado, ele somaria um gasto governamental de aproximadamente R$ 119 milhões por ano.
A proposta segue em análise e Tabata garante que as respostas negativas são fruto de um preconceito enraizado com causas apresentadas pela agenda feminina. “Pautas femininas são invisíveis e ainda um grande tabu na sociedade”, disse para o jornal O Estado de S. Paulo.
A pobreza menstrual é um problema de saúde pública que afeta todos os países, inclusive os mais ricos, mas que está concentrada nas classes sociais mais pobres, que não têm condições de comprar itens de higiene como absorventes menstruais. O documentário Absorvendo o Tabu, que ganhou o Oscar de Oscar de Melhor Documentário de Curta-Metragem em 2019, mostra a realidade de indianas que, por exemplo, não sabiam nem que o produto existia nem que contribuía para a higiênica íntima feminina.
Antes de querer que todas usem calcinhas menstruais e produtos de higiene que são menos nocivos para o meio ambiente, é preciso debater pobreza menstrual e mudar a realidade de tantas mulheres pelo mundo, como no Brasil, que não têm acesso nem aos absorventes menstruais mais baratos do mercado.