Professores vão trabalhar de saia em protesto contra imposições de gênero

Aderindo ao movimento "Roupas Não Têm Gênero", professores saem em defesa de aluno que sofria bullying na escola por causa das roupas que usava

Por Isabella Otto Atualizado em 30 out 2024, 17h30 - Publicado em 10 jun 2021, 17h13
Ao centro, modelo usa cropped azul de manga comprida. Ela está com uma das mãos na cintura, sorrindo. De um lado, a frase
Marisa/Divulgação

Na Espanha, o movimento Clothes Have No Gender (“Roupas Não Têm Gênero”), iniciado em 2020, ganhou um novo gás recentemente, após protesto de professores da escola Virgen de Sacedon, localizada na cidade de Valladolid. Manuel Ortega, de 37 anos, e Borja Velázquez, de 36, ambos homens cis e heterossexuais, decidiram ir trabalhar de saia para lutar contra os estereótipos de gênero e prestarem apoio a um aluno que vinha sofrendo bullying por causa de suas vestimentas.

Professores vestindo minissaia na escola em protesto contra aluno que sofria bullying por causa das peças de roupa que usava
Os docentes do Virgen de Sacedon que aderiram ao protesto. De saia, sim! De máscara, também! Borja Velázquez/Arquivo Pessoal/Reprodução

O estudante em questão, que preferiu não ser identificado, estava sendo atacado pelos colegas, com comentários homofóbicos, por gostar de usar moletons de animes. Os educadores, então, decidiram apostar na minissaia para ensinar sobre respeito e diversidade. Não demorou muito para o protesto ser aderido pelo resto do corpo docente, formado por homens e mulheres. “Uma escola que educa no respeito, na diversidade, na coeducação e na tolerância. Vista-se como quiser!”, encorajou Borja Velázquez no Twitter.

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No final de 2020, outro professor espanhol teve a mesma ideia depois que um estudante foi expulso da sala de aula por usar saia. Mikel Gómez, de 15 anos, postou um vídeo no TikTok narrando o ocorrido. O morador de Bilbao contou que, além da expulsão, o encaminharam para uma psicóloga, porque consideraram o fato de ele ir para a escola usando saia problemático. O professor José Piñas, então, começou a ir trabalhar de saia para protestar contra a atitude da instituição. “Há 20 anos, sofri perseguições e insultos por minha orientação sexual no colégio, onde agora sou professora, enquanto muitos professores olhavam para o outro lado. Quero me unir à causa do aluno Mikel, que foi expulso e encaminhado a um psicólogo por ir para a aula de saia”, escreveu Piñas no Twitter.

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Como explicamos anteriormente, não existem leis que especifiquem sobre os tais códigos de vestimenta, normalmente usados para justificar tais atos de intolerância, preconceito e machismo. O Dress Code é uma questão contratual estabelecida pela instituição em questão, mas não pode ser pautado nem compactuar com crimes como o racismo, a homofobia e as violências contra a mulher.

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