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Por que devemos falar sobre representatividade asiática?

Infelizmente, ainda somos representadas de maneira estereotipada e preconceituosa pela mídia.

Por Melissa Ery Atualizado em 31 out 2024, 11h04 - Publicado em 8 mar 2018, 23h00

Você se lembra de quando foi a última vez que viu asiáticos representados de forma não estereotipada na mídia? Ou então quando foi a última vez que viu uma asiática protagonista em um filme ou uma novela? Se a resposta não chega fácil a sua língua, precisamos falar sobre a falta de representatividade asiática na indústria do entretenimento.

De modo geral, asiáticos normalmente interpretam papéis clichês, rasos e raramente têm uma participação pouco importante na tramaJá parou para pensar que, quando consumimos algo que não é produzido por alguém que de fato tem a vivência daquela situação, acabamos caindo no pior dos estereótipos? Eu já perdi as contas de quantos filmes, desenhos e propagandas assisti e pensei: eu não me vejo aí, isso não me representa. Isso não é legal.

Não gosto de ser representada o tempo todo como a nerd, a boa em tecnologia, em matemática, a menina delicada e submissa. Quando a mídia apresenta um leste-asiático assim, todos os estereótipos podem acabar se tornando uma frustração no futuro. Eu, por exemplo, nunca fui boa em matemática e, quando ia mal em alguma prova, ouvia comentários do tipo: “como você foi mal na prova? Você é japonesa!”.

É por isso que resolvi fazer um recorte de algumas personagens amarelas de desenhos que se destacaram para mim. Quando penso em animações, a personagem mais marcante que vem a minha mente a Mulan. Sinto que foi muito importante ver uma protagonista asiática, mulher, corajosa e guerreira quando criança. A construção da sua personagem é bem complexa, mas felizmente passou bem longe dos estereótipos da garota dócil, submissa e inofensiva.

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Outras personagens de animações que me marcaram foram a Jade Chan, sobrinha do Jackie Chan no desenho As aventuras de Jackie Chan, e a Hay Lin, de WITCH. Diferente de outras personagens, Jade era uma menina corajosa e engraçada, Hay Lin não fazia o estereótipo da oriental boa em matemática, ela era esportista e muito boa em artes.

Reprodução/CAPRICHO

Apesar de alguns acertos, ainda existem duas práticas recorrentes em Hollywood que acabam “apagando” a nossa imagem: whitewashing e yellowface.

Como isso acontece na prática: Reprodução/CAPRICHO
Reprodução/CAPRICHO

Felizmente, na internet, nós estamos ganhando cada vez mais espaço. No Youtube, existem alguns canais que abordam assuntos sobre ser asiático no Brasil, e isso é muito importante! (PS: pretendo fazer uma matéria em breve!) A representatividade é muito importante e não significa apenas colocar um asiático em um filme ou desenho só para preencher um espaço. Nós também devemos ser protagonistas, devemos produzir mais e sentir que nossas vidas estão sendo apresentadas ali da maneira correta, real.

Como o assunto é bem extenso vou deixar uma segunda parte para conversar com vocês na próxima semana. Se quiserem conversar comigo e contar quais foram os filmes ou desenhos que vocês mais se identificaram na infância, mandem um email no melissa.sakaguchi@abril.com.br ou uma mensagem nas redes sociais. Meu Facebook e Instagram são @MelissaEry. Vamos trocar ideias!

Um beijo,
Melissa Ery

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