Mamografia e ultrassom mamário são a mesma coisa? O que eles detectam?
Entenda as principais diferenças entre os exames, como eles são feitos, e por que não é aconselhável que adolescentes e jovens adultas façam mamografia
Todo #OutubroRosa, os holofotes se voltam ao câncer de mama, o tipo de tumor mais comum em mulheres do Brasil e do mundo. Entre os principais fatores de risco, temos aqueles comportamentais, como o sedentarismo e o consumo de bebidas alcoólicas; os reprodutores e hormonais, como menstruação prematura e primeira gravidez tardia; e os genéticos, como histórico de câncer de mama na família, principalmente em mulheres abaixo dos 50 anos.
E é impossível falar sobre tratamento sem abordar o tema diagnóstico precoce, que hoje é o maior aliado quando o assunto é alcançar a cura. Em alguns casos, ela é maior que 90% quando o câncer é detectado no início, por isso os exames de rotina são tão importantes.
A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda a mamografia anual para mulheres a partir dos 40 anos de idade, já o Ministério da Saúde acha conveniente que o exame de imagem seja feito a partir dos 35. Para jovens adultas, a recomendação é que o ultrassom mamário seja realizado uma vez ao ano, como complemento dos exames de rotina, a partir dos 25 anos (ou quando necessário).
Mamografia e ultrassom mamário são a mesma coisa?
Essa é uma dúvida muito comum e conversamos com a Dra. Carolina Curci, ginecologista e obstetra, para esclarecê-la. “O ultrassom é um exame que ajuda o profissional médico no diagnóstico de anomalias na região mamária. Exemplos para entendermos como ele colabora é em pacientes que apresentam mamas radiologicamente densas, mamas em que há uma maior incidência de tecido fibroglandular, o que pode prejudicar a visualização de nódulos pela mamografia, que é o exame mais comum para diagnosticar a presença de nódulos ou microcalcificações na mama“, explica a especialista.
Então, não, não são a mesma coisa. Basicamente, o ultrassom de mamas é bom para diferenciar nódulos sólidos e líquidos, e a mamografia consegue detectar melhor pontinhos de cálcio, que, na maioria das vezes, são benignos.
Interessante também saber que ambos são exames de imagem, mas feitos com equipamentos distintos. O ultrassom, também conhecido como ultrassonografia e ecografia, é feito com o auxílio de um transdutor, que faz a transcrição das ondas sonoras que nosso corpo emite para imagens, que são refletidas no visor da máquina. É um exame pouco invasivo.
Já a mamografia é um tantinho mais invasiva, pois é feita com um aparelho de raio-X chamado mamógrafo. Apesar de emitir uma radiação baixa, o equipamento prensa as mamas para garantir as imagens, o que pode ser um pouco desconfortável. “A mamografia é um exame diagnóstico com o objetivo de avaliar a saúde das mamas. Durante o exame, são emitidas baixas doses de radiação. Dessa maneira, é possível encontrar malformações ou anormalidades na região mamária”, complementa a Dra. Carolina.
Por que adolescentes não podem fazer mamografia?
Não é que não pode, é que não faz tanto sentido por uma questão corporal. A ginecologista Curci explica que pessoas mais novas costumam ter mamas mais densas, ou seja, compostas por mais tecido fibroglandular do que por gordura. Justamente por isso, a mamografia não consegue desempenhar tão bem o seu papel, o que pode comprometer o resultado do exame. Quando a mulher é mais velha, e as mamas tornam-se menos densas, fica melhor para o mamógrafo detectar os pontos de cálcio.
Por isso, em juvens adultas, o ultrassom é mais aconselhável, pois ele tem uma maior sensibilidade e, consequentemente, uma maior capacidade de encontrar alterações em pacientes com mamas densas. Em muitos casos, inclusive, mesmo fazendo a mamografia, o médico pode acabar pedindo a ultrassonografia como um exame complementar para mulheres adultas, para otimizar o diagnóstico, já que eles garantem resultados diferentes.