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Jovens são convidados a resgatarem sua ancestralidade por meio da dança

Dançarina Raquel Cabaneco fala do poder de cura e conhecimento que a dança proporciona para a nossa galera

Por Juliana Morales Atualizado em 29 out 2024, 16h06 - Publicado em 10 mar 2024, 12h10

“Eu sinto que a dança é um convite a minha história e ancestralidade”. É assim que a dançarina e pesquisadora de danças africanas Raquel Cabaneco, 27 anos, descreve sua relação com a manifestação artística que utiliza o corpo como instrumento criativo. Mineira de Belo Horizonte e filha de pais naturais de Guiné-Bissau, ela é uma das figuras mais relevantes no cenário da dança nacional e faz parte do ballet de cantores, como Djonga e Urias.

Em entrevista à CAPRICHO, Raquel convoca os jovens a se descobrirem e se comunicarem por meio da dança também. “Eu comecei a dançar muito cedo e, conforme fui crescendo, passei a entender algumas questões que eu precisava observar, sendo uma mulher preta, filha de pais africanos e estando aqui no Brasil”, conta.

Diante das situações de racismo e machismo, que a jovem enfrentou e ainda enfrenta, ela usa a dança como uma válvula de escape. “Eu lembro de quando eu estava super mal por alguma questão, colocava uma música e me movimentava, porque isso sempre me curou e eu tenho certeza que a dança tem esse poder”, afirma, reforçando a importância da arte também para entender suas necessidades e limites.

Raquel começou na dança aos sete anos, por influência de seu irmão mais velho, que dançava Breaking. “A gente colocava vídeos de dança e clipes na TV e ficava tentando imitar e tirar referências”, relembra da infância e dos anos em que participou do grupo de dança da igreja. Depois de alguns anos praticando Breaking, ela se envolveu em projetos sociais onde teve contato com diversas danças urbanas, como Pop e House Dance, e também teve a oportunidade de começar a dar aulas.

“No início, apenas queria dançar por paixão. Mas conforme fui me envolvendo mais, especialmente como coreógrafa nos nos projetos sociais, percebi que poderia fazer da dança minha carreira”, diz. Hoje, além de bailarina, Raquel atua como modelo, atriz, coreógrafa, diretora de movimento e diretora criativa e já realizou trabalhos com grandes artistas como Anitta, Gloria Groove, Duda Beat, Luisa Sonza, Iza, Léo Santana e outros.

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Agora, ela quer expandir seu trabalho com o conceito “Afro em Foco”. Trata-se de um projeto que visa trazer mais conhecimento sobre as danças e a cultura africana, em uma espécie de imersão que utiliza diferentes metodologias para compartilhar informações e vivências sobre o tema. 

É sobre sentir a dança

Dentre tantos projetos legais, Raquel também é curadora do Red Bull Dance Your Style, uma das principais competições de danças urbanas do mundo. Do hip hop ao house, do locking ao popping, os dançarinos sobem na pista e precisam improvisar com a música surpresa que começar a tocar. Com carisma, musicalidade e habilidade, dezenas de jovens batalham pelo voto do público.

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Os melhores dançarinos do Brasil serão selecionados através das etapas qualificatórias, que acontecem nos dias 16 de março na cidade de São Paulo, no Centro Cultural São Paulo; no dia 13 de abril em Salvador, no Largo Tereza Batista; e no dia 20 de abril em Belo Horizonte. Os dois ganhadores das etapas qualificatórias seguem para a final nacional na capital paulista.

Raquel fica encantada em ver de perto tantos talentos brotarem e reuni-los eles em um evento, com o calor do público. “É uma juventude muito ativa e potente”, diz, enfatizando a ansiedade para acompanhar as batalhas de dança.

Sobre a juventude de hoje e a relação com a dança, ela diz que é inegável o poder do TikTok em ser um espaço de divulgação e visibilidade da arte, mas pede cautela com essa dinâmica das redes sociais, da rapidez, que se assemelha ao fast-food. É preciso se aprofundar. “Eu ainda acho que [o online] não é essência do ‘bagulho’, gosto da vivência. Quero aprender sobre salsa, então vou numa festa de salsa.  Eu quero ver como é que a música entra e como me sinto quando eu estou nesse ambiente”, diz.

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E aí, bora dançar?

 

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