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Isabela Freitas: “A garota dentro de mim nunca vai deixar de existir”

Autora faz um relato fofo de como é crescer sendo apenas uma menina normal, como você

Por Equipe CAPRICHO Foto: Divulgação Atualizado em 24 ago 2016, 14h40 - Publicado em 15 mar 2016, 16h00

Oi. Aqui quem fala é uma garota, sabe, uma garota normal. Daquelas que têm medo de não se encaixar em algum lugar, choram soluçando abraçadas com o travesseiro, e que voltam pra casa catando cacos do coração que se espalharam por aí. Você deve estar imaginando quantos anos ela tem. Onze? Quinze? Fez dezoito recentemente? Vinte e cinco? Hm, não pode ser. Aos vinte e cinco ela já seria uma mulher bem resolvida, que não se amedronta com o mundo, e que não chora por qualquer coisa. Olha, acho que tenho más notícias.

Provavelmente você está aí, cheia de dúvidas, angústias, problemas, e espera com todo entusiasmo pelo dia em que você irá se tornar uma mulher, e que com esse dia você ganhe maturidade, força, luz própria, e que ele afaste toda a insegurança que carrega consigo por ser uma garota, bem…

Eu descobri que eu era uma garota quando, aos vinte e cinco anos, ainda me pegava sentada no chão do banheiro, com as costas na porta, o rosto entre as mãos, soluçando por causa de alguma coisa. Percebi que, por mais que eu pague as minhas contas, tenha uma profissão, e seja independente, nada como o colo da minha mãe para me acalmar dos meus anseios. Ah! Eu ainda não me sinto forte o suficiente, e morro de medo de não ser aceita. Eu erro, caramba, eu erro muito. E todas as vezes que me deparo com algum erro, quero gritar pro mundo que eu não vim aqui para fazer certinho — apesar de todas as exigências do nosso dia a dia. Tem todo aquele lance também de que devemos achar o amor, e eu continuo tentando, mesmo que estejamos tão sem esperança ultimamente.

Sabe quando você discute com a sua mãe, diz que ela não te entende, que ela é a pior mãe do mundo, e sai batendo as portas e pisando forte? Sua mãe tem vontade de chorar. Porque ela te entende, mais do que ninguém. Ela também se machuca, se chateia, e fica sem saber o que fazer na maioria das vezes, mesmo que você não perceba. Porque toda mulher é também uma garota. O que muda é que, a cada lágrima derramada, nos levantamos mais fortes.

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Eu assisto a filmes da Disney, brinco de sereia na piscina, gargalho até a barriga doer por coisas idiotas e compro revistas em quadrinhos sempre que posso.

Eu preciso crescer? Quem disse? Eu já cresci. Trabalho, moro sozinha e até vou em reuniões de condomínio. Mas é que a garota dentro de mim nunca vai deixar de existir. Por mais coisas chatas de adulto que eu faça no meu dia a dia, sempre vou esperar a hora de pular na cama quando alguma coisa que eu queria muito acontecer.

Isabela Freitas é autoras dos livros Não Se Apega, Não e Não se iluda, não (Intrinseca). Ela comanda o isabelafreitas.com.br

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