Implante contraceptivo é alternativa (mais segura) à pílula
No Dia Mundial da Prevenção da Gravidez na Adolescência, um bate-papo necessário sobre métodos contraceptivos.
O Brasil ocupa a 49ª posição na lista de 213 países que apresentam maior índice de gravidez precoce, ou seja, durante a adolescência, de acordo com o Banco Mundial. A gravidez, na maioria dos casos, não é planejada. Entretanto, diferente do que acontece em países orientais, cujo fator para tais gestações é o assustador casamento infantil (e arranjado), o principal motivo das jovens brasileiras engravidarem acidentalmente é a falta de diálogo. É por isso que o Dia Mundial da Prevenção da Gravidez na Adolescência, celebrado nesta segunda-feira, 26, existe. Mas essa conversa precisa ir muito além!
De acordo com um estudo realizado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), quase 30% da população brasileira sexualmente ativa iniciou sua vida sexual antes dos 15 anos. Contudo, de acordo com esse mesmo levantamento, realizado em 2008, pouquíssimas adolescentes vão regularmente ao ginecologista. Você pode conversar e desabafar com a mãe, com as amigas, com alguém de confiança, mas só o médico vai poder te examinar, te dar o conselho ideal e te dizer qual método contraceptivo melhor se ajeita ao seu organismo.
Atualmente, o número de mulheres entre 19 e 26 anos que abandonaram a pílula anticoncepcional aumentou. Para você ter uma ideia, em 2014, 27% delas usavam o método contraceptivo oral, de acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). O motivo que levou muitas garotas, inclusive adolescentes, a tomarem tal decisão foi a grande quantidade de relatos de mulheres que sofreram derrame após o uso contínuo de pílula. Mas qual seria, então, a solução para prevenir uma gravidez indesejada?
A camisinha continua sendo a sua melhor amiga durante as relações sexuais, pois ela, além de evitar uma possível gravidez, te protege contra DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis). Porém, muitas garotas sentem-se inseguras usando só o preservativo. E como segurança nunca é demais, o implante anticoncepcional vem atraindo cada vez mais adeptas!
Muitos especialistas, como a ginecologista e obstetra Christiane Curci Regis, defendem o uso dos implantes por justamente não terem drospirenona na fórmula, a versão sintética da progesterona, que faz mal para diversas mulheres, principalmente para aquelas que já têm histórico de AVC na família. “A cada dez mil mulheres, seis terão problemas trombofílicos”, alerta Rita Dardes, ginecologista e obstetra, a CAPRICHO.
Os implantes contraceptivos são eficazes e a taxa de sucesso chega a ser de 99%! Um bastãozinho de plástico é colocado sob sua pele, geralmente, na parte interna do braço, onde fica por cerca de três anos, e vai liberando, aos poucos, etonogestrel no organismo. Se comparada ao valor das cartelinhas de pílula, a aplicação do contraceptivo é cara e pode variar de R$ 700 a R$ 4 mil reais, de acordo com um levantamento realizado pelo CAPRICHO. Contudo, a longo prazo, os gastos tendem a se igualar, já que o implante precisa ser trocado apenas a cada três anos.
Cristina Guazzelli, ginecologista e professora da Escola Paulista de Medicina (UNIFESP), revela ao portal MdeMulher que o implante pode interferir no ciclo menstrual da mulher, deixando-o menos regular. “Após quatro até seis meses, algumas mulheres podem apresentar redução ou ficar sem sangrar, enquanto outras podem permanecer menstruando normalmente”, afirma em entrevista à jornalista Gabriela Kimura. Ana Lucia Beltrame, ginecologista e obstetra, ainda alerta que o implante é também mais seguro porque a garota não corre o risco de esquecer de tomar o comprido, por exemplo: “É comum ouvir relatos de meninas que não tomam o remédio todos os dias, se esquecem de manter a regularidade no horário ou que tomam de maneira errada, abusando das pílulas do dia seguinte. Sendo assim, a contracepção reversível de longa duração, como os implantes hormonais, é o método de escolha para esta faixa etária“, afirma.
No início do ano, o Governo começou a estudar a possibilidade de o implante subcutâneo ser disponibilizado no Sistema Único de Saúde (SUS), a fim de prevenir gestações precoces e indesejadas. “Do ponto de vista social, 75% das adolescentes abandonam a escola quando engravidam e 57% não estudam, nem trabalham porque ficam com a criança em casa. Isso faz com que se perpetue o ciclo da pobreza e da desigualdade no Brasil”, alerta Marta Franco Finotti, presidente da Comissão de Anticoncepção da Febrasgo, em entrevista à Agência Brasil.
Vamos continuar o diálogo? Já conhecia o implante contraceptivo? Sabe de alguém que faz uso?