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Pílula anticoncepcional agora é vilã?

Ei, calma! Como qualquer medicamento, ela envolve riscos. Com acompanhamento médico, eles são beeem menores.

Por Isabella Otto Atualizado em 22 jan 2021, 15h11 - Publicado em 19 Maio 2015, 12h40

Nas últimas semanas, bombaram nas redes sociais uma série de reportagens sobre os riscos das pílulas anticoncepcionais. Elas contavam a história de mulheres que se deram muito mal por terem feito uso do medicamento. AVC, trombose, embolia pulmonar e até o câncer foram algumas graves doenças relatadas. E aí surgiu a pira: será que a pílula traz riscos para todas nós?

COMO A POLÊMICA COMEÇOU?
O barulho começou quando uma professora universitária de 41 anos, que sofreu uma trombose e um acidente vascular cerebral por causa da pílula anticoncepcional, decidiu gravar em vídeo um depoimento sobre o seu estado de saúde. Um de seus alunos compartilhou na rede. Pronto – uma comunidade de mais de 28 mil mulheres se formou. Destas, 305 também sofreram reações adversas graves.

Não se discute o benefício da pílula, de permitir que as mulheres evitem a gravidez. No Brasil, todo ano, 13 milhões de adolescentes se tornam mães. No entanto, também não se pode negar que há sérias contraindicações. E, nem sempre, elas são levadas em consideração.

TROMBO O QUÊ?
“A cada dez mil mulheres, seis terão problemas trombofólicos”, explica Rita Dardes, ginecologista e obstetra. O nome é um pouco estranho e você pode nunca ter escutado antes, mas a trombofilia é a condição genética que predispõe uma pessoa a sofrer, em algum momento da vida, uma trombose (formação de um coágulo que bloqueia o fluxo sanguíneo, causando inchaço e dor) ou um acidente vascularcerebral (um derrame). Essa condição é agravada pelo uso contínuo do anticoncepcional.

O que poucas mulheres sabem é que é possível detectar essa condição por meio de um exame. “A pílula, sozinha, não dá um sinal de alerta. Por isso fazer o exame de trombofilia é tão importante”, defende Renato Nisembaum, ginecologista e obstetra. E tão importante quanto o exame é o acompanhamento médico durante o tratamento. Afinal, complicações podem aparecer mesmo quando o tal gene não é detectado.

 

MAS, AFINAL, A PÍLULA É UMA VILÃ OU NÃO?
Não é. “Mas deve ser muito bem indicada. Não pode ser utillizada indiscriminadamente”, afirma Christiane Curci Regis, ginecologista e obstetra. Isso quer dizer que prescrição e acompanhamento médico são indispensáveis. Vale tomar a mesma pílula da sua amiga? Não. E a pílula da sua mãe? Também não.

Além do exame de trombofilia, é importante saber que há outros fatores de risco, talvez até mais graves, associados ao uso de anticoncepcional. “Cigarro está absolutamente proibido. Obesidade e sedentarismo também aumentam a chance de haver problemas”, explica Caio Focassio, cirurgião vascular de São Paulo.

Aí, só o médico pode dizer qual o anticoncepcional mais adequado para cada caso. No caso dos hormoanis, há os simples, à base de estrogênio. Os combinados, que juntam o estrogênio e a progesterona. Além da pílula, ainda há os injetáveis (com aplicação mensal ou trimestral) e os implantes, trocados a cada três anos. Estes últimos seriam mais seguros, porque não contém propirenona, versão sintética da progesterona, presente nas pílulas.

“A pílula só se torna uma vilã quando usada por garotas que tem a contra-indicação ao método, com predisposição genética a doenças tromboembólicas e com histórico de câncer, principalmente o de mama, na família”, afirma Domingos Mantelli, ginecologista e obstetra.

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PARA NÃO TER ERRO
1) Consulte sempre um ginecologista antes de começar qualquer tratamento! Se o acompanhamento médico for regular e se você não tiver o gene da trombofilia, os riscos trazidos pela pílula diminuem bastante.

2) Mesmo fazendo o uso de qualquer método contraceptivo, a camisinha é indispensável. É ela que te protege contra uma possível DST.

3) Algumas meninas não podem tomar pílula por pertenceram ao grupo de risco, enquanto outras possuem organismos mais sensíveis ao método oral (elas passam mal, sentem náuseas, tonturas, etc). Diante de todas essas informações, cabe à você e ao seu médico decidir se quer ou não a pílula anticoncepcional em sua vida, e se ela é mesmo a melhor opção para o seu caso. O que não pode é descuidar do controle de natalidade. 

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