Homem confessa ter matado jovem de 16 anos: ‘ele ofereceu uma carona’
Apesar de continuar negando crime de estupro, polícia garante que crime sexual foi minuciosamente calculado: 'ele é frio, não toma medidas precipitadas'
O pai de Rayane Paulino Alves, de 16 anos, deixou a filha na casa de uma amiga, na noite de 20 de outubro. Ela iria com duas outras meninas para uma festa. As duas garotas voltaram, Rayane não. O corpo da jovem foi encontrado oito dias depois em Guararema, no interior de São Paulo. Na última quarta-feira, 31, o suspeito do crime, Michel Flor da Silva, de 28 anos, foi preso.
De acordo com as investigações, Rayane saiu da festa antes das amigas, solicitou um carro em um aplicativo de transporte e foi até a Rodoviária de Guararema, onde pegaria um ônibus para Mogi. No local, contudo, ela foi a abordada por Michel. “Ele perguntou se ela estava bem. Ofereceu uma água e ela não aceitou. Ofereceu a jaqueta para ela se esquentar. Ela também não aceitou. Daí, nesse momento, ele ofereceu uma carona”, relata a delegado Rubens José Ângelo, responsável sobre o caso.
Acredita-se que o estupro tenha acontecido no km 170 da Dutra. Apesar de o homem falar que o sexo foi consensual, a polícia garante que as evidências provam o contrário. Isso porque o celular da adolescente foi encontrado em um lago perto de Jacareí e o aparelho tinha registrado uma chamada para o 190. De acordo com o registro, ela foi feita no mesmo horário em que o crime estava acontecendo.
Na versão de Michel, a jovem teria se desesperado após a transa e dito que contaria tudo para o pai, que é policial. “Você me estuprou”, teria dito a jovem. Ele, então, teria acertado ela com um golpe. O delegado, contudo, afirma que o homem já tinha o estupro arquitetado em mente. Rayane pode até ter feito a ameaça, mas o golpe não foi “sem querer”, como o segurança dá a entender. “Ele é frio, tranquilo, pensa para falar, não toma medidas precipitadas(…) Ele é lutador de artes marciais, capoeira, há mais de 12 anos(…) Ele tem curso de primeiros socorros. Ele aferiu o pulso de Rayane, bem como a veia jugular do pescoço. Ela ainda estava viva. Ele, vendo isso e temendo que fosse descoberto o estupro, ele pegou a bota de Rayane que estava no assoalho do banco de passageiro dianteiro, pegou o cadarço, colocou em seu pescoço até matá-la“, são os relatos do delegado Ângelo.
Na última quarta, a Justiça decretou a prisão temporária de Michel Flor da Silva, que confessou o assassinato, mas segue negando o estupro. Ele é segurança, capoeirista, marido e pai. Sem antecedentes criminais, o cara era taxado pela sociedade como um “cidadão de bem”. Alguns prints que circulam pela internet mostram que o assassino teria comentado o post sobre o desaparecimento da jovem, que teria sido compartilhado por um conhecido. “Acharam o celular dela”, teria alertado o homem. Olha só:
Segundo o último Mapa da Violência publicado, estima-se que 12 mulheres são vítimas de homicídio por dia. A maioria dos crimes acontece dentro de casa e/ou por pessoas que a sociedade classifica como sendo os tais “cidadãos de bem”: homens casados, pais de família, respeitados em seus ambientes de trabalho e que, muitas vezes, pregam nas redes sociais a favor da moral e dos bons costumes.
Nós não queríamos que em pleno 2018 fosse necessário continuar dizendo isso, mas, cuidado, meninas! Não é que não confiamos em vocês, mas, infelizmente, ainda não podemos confiar nos outros.