Fruity boy ou finance bro: criar estereótipos como esses é uma boa ideia?

Classificar os diferentes tipos de homem virou trend. Mas será que esses estereótipos ajudam na discussão sobre masculinidade positiva?

Por Juliana Morales 24 nov 2024, 13h00
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Q

uem lembra do grande polêmica que criaram só porque João Guilherme apareceu de cropped na Paris Fashion Week? Ou de todos os comentários sobre os looks de Harry Styles, que costuma desafiar bastante os padrões de gênero por meio da moda? Hoje, esses homens que não se prendem ao modelo tradicional de masculinidade e não veem problema em incorporar elementos femininos em sua estética são chamados, na internet, de “fruity boys”.

Já aquele cara bem-sucedido em sua carreira e que gosta de mostrar o poder por meio da masculinidade, apostando em um estilo mais sério e quadrado, com ternos, relógios e acessórios de luxo é conhecido como “finance bro”. Ainda tem o namorado “golden retriver”, que é o homem dedicado e fofo – entre tantas outras expressões usadas para tentar classificar os diferentes tipos de masculinidade que vem surgidos nos últimos anos.

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Uma pesquisa recente realizada pelo app de namoro Bumble, sobre as tendências de relacionamento para 2025, mostrou como esses arquétipos masculinos decolaram na cultura pop e que existe uma conversa sobre o que constitui essas características ideais de “homem” (ou não tão ideais). 33% dos entrevistados concorda que este ano houve mais conversas sobre estereótipos masculinos do que nunca. A grande questão é se essas narrativas são úteis para a discussão sobre masculinidade. 

Um em cada 4, ou seja 27%, homens entrevistados dizem que se sentem desconfortáveis ​​com esses termos porque podem levar as pessoas a fazerem suposições sobre seu caráter. Pensando no próximo ano, mais de metade das mulheres (53%) concordam na pesquisa que as conversas em torno da masculinidade precisam evoluir para permitir que os homens definam o que é a masculinidade positiva.

 

Mas o que é masculinidade positiva?

Em explicação à Revista da Defensoria Pública do Distrito Federal, o psicólogo Amir Thaer Asrieh, um dos fundadores do Coletivo MASSA, define a masculinidade positiva como “uma masculinidade que não se limita ao estereótipo de homem que foi alimentado por longos anos na nossa sociedade”. 

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Ela é oposto da masculinidade tóxica, cuja a ideia de ser homem é sinônimo de ter virilidade, força e vigor. Para isso, desde cedo, os garotos são expostos a padrões violentos que os desencorajam a expressar seus sentimentos. São exigidos deles um comportamento agressivo para esconder frustrações, fraquezas, sinais de depressão e ansiedade – e isso gera uma série de problemas emocionais, psicológicos e sociais, como discutimos nesta outra matéria aqui.

Portanto, ao adotar a masculinidade positiva, descontruímos o estereótipo tóxico e apresentamos aos garotos outras possibilidades de comportamentos e posturas na sociedade. E, assim, eles constroem uma relação mais saudável com eles mesmos e com os outros ao redor.

A crítica em relação a expressões como “fruity boy” e “finance bro” é que elas podem estar colocando os jovens em caixinhas e, mais uma vez, limitando suas possibilidades de agirem de diferentes formas – sem contar que muitas vem carregadas de preconceitos e ideias homofóbicas.

E aí, o que você acha de toda essa discussão?
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