Energéticos com bebidas alcoólicas: a mistura do mal

O Carnaval passou, mas essa mistura perigosa continua presente na vida de muitos jovens.

Por Marcela Bonafé Atualizado em 31 out 2024, 22h01 - Publicado em 7 mar 2017, 17h02

Em fevereiro de 2016, uma escola em Vermont, nos Estados Unidos, proibiu a venda de energéticos no campus. Os responsáveis pelo serviço de alimentação da escola alegam que esse tipo de bebida vai contra a missão deles, que é “nutrir o hoje e o amanhã, sustentando a mente, o corpo e o planeta”. Ou seja, a justificativa é que a bebida faz mal para a saúde, ainda mais quando misturada com álcool.

Realmente, existem muitos estudos sobre o assunto. E nós sabemos que muitos adolescentes, mesmo sem autorização legal para consumirem bebidas alcoólicas, misturam energéticos com outras bebidas destiladas, como vodca, para “dar um gás” durante as festas. Para esclarecer essa questão polêmica envolvendo os polêmicos energéticos, conversamos com o Alexandre Avilez, policial civil responsável pela Divisão de Prevenção e Educação do DENARC.

Foto: John Harris/Report Digital – REA/Redux Reprodução

O especialista explica que a bebida leva esse nome porque é energética, ou seja, foi criada para aumentar a capacidade física e mental de quem a consome. Por isso, ela contém substâncias químicas psicoativas, que atingem o sistema nervoso central e aceleram as atividades, o que força o organismo a continuar trabalhando. Alexandre ressalta que cada pessoa responde de uma forma à ingestão de uma lata de energético, por exemplo, mas dá uma estimativa assustadora de como a bebida pode afetar o corpo humano: “uma pessoa em repouso, geralmente, apresenta 70, 90 batimentos cardíacos por minuto. Depois de ingerir a bebida, os batimentos sobem para 120, 140 por minuto!”.

O consumo constante de energéticos sobrecarrega o organismo, o que é bastante nocivo. “Essa periodicidade pode causar o desgaste excessivo de alguns órgãos, como o fígado, que metaboliza todo o produto químico. Se o adolescente começa a ingerir esse tipo de substância, se ainda misturada com bebidas alcoólicas, pode haver um comprometimento também do pâncreas e dos rins, que têm que eliminar as toxinas”, explica Avilez. Em 2011, alguns pediatras da Flórida, como Steven E. Lipshultz, chefe do Departamento de Pediatria da Universidade de Miami, se posicionou contra os fabricantes da bebida: “se fosse só um drink energético com cafeína seria uma coisa, mas o problema é que ainda há um monte de outras substâncias“, preocupa-se.

Continua após a publicidade

Energéticos com bebidas alcoólicas: a mistura do mal
Reprodução

As outras substâncias em questão são a taurina e a glucoronolactona, que fazem com que as pessoas demorem a perceber que estão embriagadas. Por isso, quem mistura energético com bebidas alcoólicas tende a beber mais, pois acha que não está tão bêbado. Pura ilusão! “O cérebro está sendo enganado e a pessoa se expõe a riscos muito maiores do que ela faria se estivesse normal”, explica o especialista, que faz mais um alerta: “o álcool potencializa as substâncias presentes no energético; e é aí que mora o perigo da mistura. O coração vai bater muito mais rápido! Consequentemente, todo o aparelho respiratório entra nessa sequência, o que aumenta a pressão cardíaca. O jovem pode ter, de repente, um enfarto ou um derrame cerebral”.

Em 2012, vale relembrar, uma brasileira de 14 anos morreu após beber duas latas de energético puro, sem misturas. Em 2014, um jovem norueguês, também de 14 anos, entrou em coma por causa da bebida. De acordo com a médica Henrik Eide Dahl, que, na época, cuidou do caso, o garoto teve uma overdose de cafeína por beber 4 litros de energético. Cada lata apresenta, aproximadamente, sete vezes mais cafeína do que uma lata de refrigerante de cola. Além disso, a taurina é um aminoácido que vem do testículo e do sêmen do boi, e o inositol é encontrado em músculos e vísceras de animais. É por isso que pessoas veganas não podem tomar energéticos – apenas aqueles que utilizam substâncias sintéticas.

Continua após a publicidade

Energéticos com bebidas alcoólicas: a mistura do mal
Reprodução

O mais importante é saber que consumir energéticos de vez em quando (mesmo!!!), em alguma situação em que será necessário ficar acordado por muito tempo ou que precisará de um desempenho físico melhor, não tem problema. Contudo, se você for cardíaco e/ou tiver problemas renais, é aconselhado substituir a bebida energética por outra, como café ou chá preto, que são menos nocivos. Ah! E misturar energético com bebida alcoólica é cilada. Imagine que você está ingerindo uma bomba que pode explodir a qualquer momento dentro de você.

Não. Faça. Essa. Mistura.

+ Leia mais: Jogos Mortais da internet não são ficção e fazem vítimas reais
Publicidade