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Em um relacionamento sempre tem uma pessoa que ama mais?

Existe uma ideia de que em toda relação há uma espécie de 'hierarquia do amor', mas como mensurar um sentimento?

Por Juliana Morales Atualizado em 29 out 2024, 15h40 - Publicado em 23 jun 2024, 15h00
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entro de uma relação, mesmo que seja correspondida, sempre existe uma pessoa que ama mais? Essa é uma discussão antiga, comum e bem complexa. Afinal, o amor é um sentimento, portanto, subjetivo e imensurável. Mas há alguns pontos interessantes para pensar sobre essa questão – vamos apresentá-los a vocês para pensarmos juntos.

A psicóloga Renata de Azevedo, especialista em terapia de casal, enfatiza em entrevista à CAPRICHO que não é possível mensurar o amor ou qualquer outro sentimento, mas dá para medir o comportamento dos indivíduos dentro de uma relação. O quanto a outra pessoa cuida, se esforça para as coisas darem certo, se ela cede de vez em quando. Tudo isso é concreto e perceptível.

bell hooks, no livro ‘Tudo sobre amor’*, propõe que pensemos no amor como uma ação, em vez de um sentimento. Isso é uma forma, segundo ela, de fazer com que assumimos responsabilidade e comprometimento, já que existe a ideia de que não temos controle sobre nossos sentimentos.

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“Se nos lembrássemos constantemente de que o amor é o que o amor faz, não usaríamos a palavra de um jeito que desvaloriza e desagrada seu significado. Quando amamos, expressamos cuidado, afeição, responsabilidade, respeito, compromisso e confiança”, escreveu a teórica norte-americana.

Dito isso, Renata acrescenta que existem diferentes formas de demonstração de afeto. “Às vezes, as duas pessoas estão demonstrando com a mesma intensidade, só que de maneiras diferentes, e o casal pode ter dificuldade para entender isso”, explica a psicóloga, ressaltando a importância do diálogo aberto. 

Para a especialista, “uma relação equilibrada é quando as duas pessoas entendem que estão dando o melhor de si, independente da visão do outro sobre o sentimento”.

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Uma relação deve ser dinâmica

Rosa Claudia, psicóloga e fundadora do Núcleo de Atendimento ao Amor Patológico (NAPA), defende que, para viver uma relação saudável, é importantíssimo que haja movimento e fluidez. Tem momentos que uma das pessoas está mais envolvida do que a outra, aí depois os dois ficam na mesma sintonia, até que um fica mais distante por um tempo por questões da vida e depois as coisas se equilibram novamente e por aí vai.

“Esse movimento não quebra o vínculo do amor, o que quebra, na verdade, é o casal estar em uma hierarquia rígida e estratificada de um ter mais poder do que o outro”, diz à CH.

A especialista rejeita a ideia muito difundida por aí de que todo relacionamento é composto por um amado e um amante. Ou seja, uma pessoa que ama e faz de tudo pela relação por enquanto a outra fica em uma espécie de pedestal. Segundo ela, essa dinâmica caracteriza uma cena de amor patológico – quando há o comportamento repetitivo e sem controle de prestar cuidados e atenção excessivos ao parceiro(a) em um relacionamento amoroso.

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Esse tipo de relação, ressalta a psicóloga, não é confortável nem para o “amado”. Ele pode até sentir que está em uma posição superior e que isso é positivo, mas não é bem assim. “Ele é visto como um objeto de desejo, não como um sujeito dentro da relação, e isso é muito ruim”, explica.

Além disso, buscar relacionamentos em que a outra pessoa gosta mais pode sinalizar, segundo a psicóloga, um medo escondido de ser rejeitado, abandonado e sentir dor. “Para sair dessa lógica, é importante trabalhar o amor próprio. Gostar de você mesmo e se preencher de si mesmo é a base principal para você estar num relacionamento amoroso equilibrado e saudável”, finaliza.

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