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Temos 3 anos para evitar catástrofe climática que pode ser definitiva

Relatório da ONU aponta que precisamos correr contra o tempo para evitar uma catástrofe irreversível.

Por Isabella Otto Atualizado em 22 abr 2022, 15h19 - Publicado em 22 abr 2022, 11h31

A Terra é de todos, mas tratamos como se ela não fosse de ninguém e tivéssemos um plano B. Spoiler: não temos.

Apesar das investidas dos bilionários de desbravar o Espaço e começar uma possível colonização de outro planeta, ainda há um longo caminho pela frente. Além disso, é bem provável que o ser humano também já tenha contaminado Marte com organismos estranhos, conforme mostra relatório do Jet Propulsion Laboratory, da NASA.

Pois é, a “poluição interplenetária” é real – embora algumas pessoas possam querer classificá-la como fake news, como fazem com as mudanças climáticas.

Criança segurando um cartaz com os dizeres:
“Salve o planeta por nós” Iuliia Bondar/Getty Images

Um levantamento recente produzido por cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU, mostra que temos três anos para evitar uma catástrofe climática que pode deixar muitas regiões da Terra inabitáveis. Sim, estamos falando da morte de locais que hoje abrigam vida. O relatório teve como base milhares de estudos científicos e contou com 268 autores de 65 países.

Uma das principais preocupações é o aquecimento global. Para que tenhamos alguma chance de estabilizar a temperatura do planeta em 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, como foi definido no Acordo de Paris, precisamos atingir o pico da emissão de gases até 2025, e iniciar uma decrescente de 43% até 2030. Caso contrário, chegaremos ao fim da linha.

 

O futuro não é animador. Em escala mundial, se continuarmos com as atuais políticas públicas, até o final do século a temperatura do planeta registrará um aumento de 3,2°C, mais que o dobro do que foi estipulado para que a vida na Terra continue suportável.

Outro dado assustador é que toda a quantidade de gás carbônico que emitimos até hoje equivale a 80% de tudo o que a humanidade poderia já ter produzido para ter uma chance mínima de estabilizar o aquecimento global e, consequentemente, evitar maiores catástrofes climáticas – porque muitas já estamos presenciando.

Foto de uma praia deserta, com um carro encalhado na areia, após uma catástrofe climática dizimar a região
O “Apocalipse ambiental” que pode instaurar o caos na Terra Chip Somodevilla/Getty Images

Para Hoesung Lee, chefe do IPCC, “trocar combustíveis fósseis pelos biocombustíveis e substituir o plástico por materiais feitos de biomassa, por exemplo, é o caminho certo a seguir. Um país com grandes extensões naturais, uma agricultura bem instalada e um histórico de energias sustentáveis, como o Brasil, tem potencial para essa mudança”, garante no relatório da pesquisa.

O que nos impede? Nós mesmos, os seres humanos. Como diz a ativista sueca Greta Thunberg, as conferências climáticas são recheadas de blá-blá-blás teóricos que de nada mais adiantam. O tempo é de agir, de tirar planos do papel, de ir para a ação. “Isso é tudo o que ouvimos dos nossos chamados líderes: palavras e promessas vazias”, revoltou-se durante discurso realizado no Youth4Climate, evento que reuniu jovens ativistas ambientais em Milão no final do ano passado.

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Assista à fala de Greta abaixo:

Enquanto seguirmos ignorando as catástrofes climáticas que já atingem a Terra com cada vez mais frequência e intensidade, e não tirarmos as políticas verdes do papel, passando a enxergá-las enfim como investimentos, não mais como despesas ou modinha, a vida, que já é uma brisa passageira, vai se tornar ainda mais breve.

Cada um precisa fazer a sua parte, realizando um trabalho de formiguinha mesmo, mas nosso maior e mais precioso dever como cidadão é cobrar dos grandes. Como fazer isso? Impactando o lucro deles no dia a dia: exigindo mudanças, saindo às ruas, fazendo barulho, questionando e, o mais importante, deixando de comprar – quando esta for uma possibilidade, pois sabemos que, no Brasil e em outros países pobres do globo, é impossível falar de sustentabilidade e ecologia sem abordar a temática da desigualdade social e econômica.

“Nós já estamos na prorrogação do segundo tempo e ainda não fizemos essa mudança de rota”, alerta Hoesung Lee.

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