Continua após publicidade

Em pleno 2017, negros ainda são vendidos como escravos na Líbia

Essa é a triste realidade de mais de 40 milhões de pessoas no mundo.

Por Isabella Otto 27 nov 2017, 15h33

Com a promessa de um novo começo no continente europeu, milhares de negros provenientes da África Subsaariana entram em uma emboscada: acreditando em atravessadores que prometem levá-los à Europa, eles embarcam em botes e acabam chegando à Líbia, país localizado ao norte de África, onde são vendidos como escravos.

Enganados, os africanos protagonizam o que hoje configura uma das maiores redes de tráfico humano do mundo. Como grande parte dos imigrantes tentam a sorte ilegalmente, muitos acabam na mão dos atravessadores sabendo de seu destino final, que, na maioria das vezes, envolve morte.

Mas será que a morte não é uma saída menos dolorosa quando você é tratado como mercadoria e torturado por puro prazer? A base naval de Trípoli é a principal porta de entrada desses africanos, que são pegos essencialmente por navios da marinha italiana. Muitas notícias dizem que os imigrantes foram “resgatados” por guardas costeiras, mas, de acordo com o Zambezi Reporters, veículo de Zâmbia, país localizado na África Oriental, “resgate” não é a palavra mais adequada para descrever tal ação.

Othman Belbeisi, chefe da missão da ONU na Líbia, afirma: “o problema é que a maioria dos migrantes que fogem por motivos econômicos não possui nenhum documento. Eles entram na Líbia através de fronteiras não oficiais e se tornam completamente dependentes dos atravessadores”. Por dia, quase mil pessoas chegam à base de Trípoli. A maioria é submetida à escravidão. O preço pago em média por “cabeça” é de mil e cem dinares líbios, o que corresponde a aproximadamente dois mil e seiscentos reais.

Continua após a publicidade

Em novembro, a CNN publicou uma reportagem mostrando os bastidores do tráfico humano na Líbia. O vídeo, que pode ser visto abaixo, mostra a dolorosa realidade de milhares e milhares de homens africanos. Muitos, inclusive, não têm a mínima noção do que está acontecendo. É triste. “Como eu não tinha como pagar, fui vendido para uma pessoa.(…) Ela não me dava comida e o que eu ganhava eu tinha que dar para ela, para poder comer. Se eu não ganhasse nada, não comia“, contou ex-escravo à rádio francesa RFI.

O usuário do Facebook Eduardo Lopes compartilhou na internet algumas fotos mostrando que a escravidão ainda é um problema real – e não um fato isolado que hoje faz parte apenas dos livros de História.

Continua após a publicidade

Algumas pessoas acham difícil acreditar em algo tão cruel quanto tráfico humano, mas será que é realmente tão chocante assim? Infelizmente, no dia a dia, nos deparamos com comentários de pessoas preconceituosas e racistas que nos fazem crer que, para elas, não seria tão complicado ou surreal tratar um negro como “coisa”, “mercadoria”, escravo...

Se dói pra gente, imagina pra quem é traficado. Imagina para quem é negro.

 

Publicidade