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É normal sentir muita cólica menstrual? Dor aguda pode sinalizar doença?

Conversamos com um especialista para entender quando a cólica pode alertar um problema de saúde.

Por Isabella Otto Atualizado em 6 mar 2019, 10h03 - Publicado em 6 mar 2019, 10h03

Por que você menstrua? Essa é a primeira pergunta que deve fazer para si mesma antes de tentar entender o que é normal ou não quando o assunto é cólica menstrual. É simples: você menstrua porque não engravidou. Todo mês (isso vale apenas para quem não faz uso de nenhum método anticoncepcional que interrompa ou influencie o fluxo sanguíneo) você sangra, caso a fecundação não tenha ocorrido. Ou seja, o Útero, que estava sendo preparado para uma possível gestação, percebe que ela não ocorreu. Então, a camada conhecida como Endométrio se descama para se livrar desse tecido antigo e recomeçar o ciclo de preparação para o mês seguinte. É aí que entra a cólica menstrual, que está ligada a dois fatores: à menstruação em si e à descamação do Endométrio.

iStock/b-d-s/Reprodução

“Temos a cólica que chamamos de primária, que é aquela que desde o começo a menina sempre sentiu, desde a menarca. E existe a secundária, que acomete mulheres que não tinham cólicas ou tinham algumas muito leves, e passam a sentir dores agudas”, explica o Dr. Marcos Tcherniakovsky, ginecologista, obstetra e especialista em Vídeo-Endoscopia Ginecológica da Clínica Ginelife. A cólica menstrual secundária é a que merece maior atenção. Conhecida também como dismenorreia, ela é pré-menstrual, ou seja, acontece antes do sangramento. Ela costuma ser mais aguda e acomete principalmente mulheres com Endometriose, que é quando o tecido Endométrio cresce fora do Útero, como nos Ovários, nas Tubas Uterinas e até mesmo no Intestino. A doença acomete cerca de seis milhões de mulheres no Brasil.

A cólica menstrual que acontece durante o fluxo costuma ser menor intensa e variar de acordo com a quantidade de sangue. Em dias em que você sangra mais, sente mais dor. Quando o sangramento diminui, a dor também ameniza. “Ela diz mais respeito ao que está rolando no momento: à contração do Útero, à presença de sangue na cavidade… Lembrando que o sangue também libera uma substância que ativa as cólicas“, esclarece o Dr. Tcherniakovsky.

Dor abdominal, intestino solto, choro, dormência nas pernas… Esses são alguns pontos levantados por meninas que, mensalmente, sofrem com cólicas menstruais. Mas o que é ou não normal? O ginecologista Marcos esclarece: “nenhuma cólica é normal a partir do momento em que mexe com a qualidade de vida da garota. A escala de dor varia de pessoa para pessoa, então cada mulher sebe qual é o seu limite”. Sentir um leve desconforto antes ou durante a menstruação faz parte, agora, quando esse desconforto é muito intenso e frequente, ou seja, acontece todo mês, é preciso marcar uma consulta médica. Até porque ninguém merece viver apreensiva esperando a dor menstrual do mês seguinte, né? “A cólica nitidamente piora em pessoas mais estressadas. Uma alimentação equilibrada ajuda a diminuí-la, assim como praticar atividades físicas. Mas não existe nenhum alimento que aumente ou diminua as cólicas de maneira drástica e efetiva”.

Reprodução/Reprodução

O médico, que é especialista em Endometriose, ainda destaca que a cólica menstrual é um sintoma da TPM se (e somente se) aliada a outros sintomas, como dor de cabeça, irritabilidade, enjoo… A cólica também não tem herança genética. Não é porque sua mãe sentia muitas cólicas na adolescência que você também vai sentir. Isso não é uma justificativa para a dor. “Não existe nenhuma relação genética”, garante Tcherniakovsk. O ginecologista ainda lembra que não tem jeito: brecar a menstruação é o método mais eficaz para se livrar de cólicas intensas/dismenorreia. “Isso pode ser feito com pílulas anticoncepcionais ou com o Diu mirena, que é aquele com hormônio. Em compensação, o DIU de cobre não é indicado, pois tende a piorar as cólicas”, explica. A consulta ginecológica é indispensável em qualquer um dos casos.

Confira abaixo alguns sinais de alerta:
1) cólica frequente e intensa (principalmente, antes do fluxo chegar);
2) vômitos e náuseas que acompanham o ciclo menstrual;
3) inchaço abdominal;
4) dor durante e após o sexo;
5) dor para urinar e evacuar;
6) intestino preso ou solto demais;
7) menstruação irregular;
8) dificuldade para engravidar.

Você costuma sentir muita cólica menstrual? Tem alguma dúvida sobre o assunto? Manda uma mensagem para o capricho@abril.com.br!

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