Diário de Intercâmbio: precisamos trocar “adeus” por “até logo”
Marcela Bonafé, nossa intercambista no Canadá, descobriu um lado ruim em viajar: as despedidas.
Por Marcela Bonafé
No começo desta semana, completaram-se três meses desde que eu cheguei a Montréal. Em um clima nostálgico, comecei a ver as fotos desde os primeiros dias da viagem e concluí que existe um lado meio triste em fazer intercâmbio por um longo período: você tem que dar muitos “tchaus”.
Há um tempinho, escrevi aqui no Diário de Intercâmbio sobre a arte do desapego, mas não falei muito de despedidas – que implicam esse desprendimento também. Hoje queria focar especialmente nelas, já que elas rolam desde o momento em que você sai do aeroporto na sua cidade rumo a outro país, até a hora em que você pisa em solo brasileiro novamente.
Tem muita gente que odeia despedidas e sofre real com elas. Mas, descobri uma coisa por aqui: talvez a gente só precise trocar a palavra e passar a usar “até logo“. Assim fica mais fácil lembrar que, no fim das contas, ninguém sai da nossa vida se a gente não quiser. Sempre dá para arrumar um jeitinho de rever as pessoas.
Ao embarcar para um intercâmbio, você diz “até logo” para os seus pais e amigos, certo? Porque você sabe que vai vê-los de novo. Não importa o tempo que esse “logo” leve, o importante é que ele existe. E para os amigos que você faz pelo mundo, é a mesma coisa. Às vezes a gente acha que nesse tipo de experiência, a pessoa cria conexões que duram somente o tempo que ela estiver lá e depois acabou. Mas não.
É claro que, como acontece na vida em geral, nesse tipo de viagem muitas pessoas vêm e vão – e algumas de fato somem. São muitos “ois” e “tchaus” a todo o tempo, mas diante disso a gente aprende algumas coisas. A primeira é, obviamente, lidar com a perda. Afinal, não é nada fácil saber que, de repente, você não vai mais ver todos os dias uma pessoa com quem você conviveu durante os últimos meses e criou um laço de amizade real. Cada tchau que dei aqui foi triste, sim.
Mas aí vem a segunda lição. Você só precisa perceber que, justamente por esse laço ter sido criado, você ganha novos motivos para visitar outros países pelo mundo ou, quem sabe, receber visitas internacionais na sua casa. Pode até ser que leve um tempo, mas enquanto isso não acontece, você tem a internet aí para manter contato.
E em meio a tudo isso, você ainda consegue parar e fazer uma reflexão sobre as pessoas que ficaram no Brasil e perceber quais foram as “despedidas” e quais foram os “até logos” que você teve por lá. No fim das contas, é tudo uma questão de escolha de palavras e de iniciativa para manter contato. No intercâmbio e na vida.
Salut!
Ma Bonafé