Dayane Mello naturaliza o racismo em A Fazenda: “Tem que ser branquinha”
Participante associou a pele branca a uma beleza mais elegante e sussurrou na hora de usar a palavra "morena"
Fazer matéria sobre A Fazenda é dar moral para um programa, e uma emissora, que há anos escala perfis duvidosos em troca de audiência – e é também dar audiência “de graça” para o reality. Mas algumas coisas não podemos deixar passar, porque são bastante significativas e dizem muito sobre o mundo em que ainda vivemos.
Na tarde da última segunda-feira, 20, Dayane Mello, queridinha dos brasileiros desde o Grande Fratello, o BBB da Itália, disse para o sertanejo Tiago Piquilo que não pode tomar muito sol por causa da sua profissão de modelo. Até aí, faz sentido. O problema é a justificativa que ela usa: “Tu sabe que eu não posso ficar muito morena por conta do meu trabalho, né? Tem que ser branquinha. As campanhas não querem muito morena, querem uma beleza um pouco mais elegante do que muito… Sabe?… Morena”, terminou num sussurro, dando a entender que usou a palavra “morena” numa tentativa falha de suavizar o preconceito contra peles escuras.
+: Perfis como o de Nego do Borel em “A Fazenda” são um insistente desserviço
Confira:
dayane falando que nao quer pegar muito sol por causa do trabalho dela, que as campanhas nao querem muito morena, preferem uma beleza mais elegante pic.twitter.com/7Frl1i8v8J
— fer (@titchelx) September 20, 2021
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Obviamente, a fala da participante entrega todo o racismo estrutural de nossa sociedade, muito presente na indústria na moda, mas a maneira como ela se posiciona é extremamente questionável, trazendo falas e um tom de voz que compactua com o racismo por tantas vezes “naturalizado”.
+: 13 palavras e expressões da língua portuguesa para não usar mais
Nas redes sociais, o episódio repercutiu:
Entre uma mamada e outra venho na rede social e vejo o vídeo da moça falando que não pode pegar muito sol pq tem que ser branquinha e que as marcas querem uma beleza mais “elegante”… Isso, na #Fazenda13 . Quem é a mulher da fala racista que expõe o racismo na fala? Dayane Mello
— Daiane Oliveira (@Daianejoliveira) September 21, 2021
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Não acredito que a @daymelloreal falou aquilo. Porra, vocês nem para preparar a mulher sabendo que o Brasil tem o cancelamento e a forma como ela falou soou extremamente racista
— Athena Quinnhead ♦️ (@PhDHarleen) September 20, 2021
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Vi um vídeo da Dayane Mello dizendo que tem que se manter branquinha pq as campanhas não querem morena, querem uma beleza elegante.
A tranquilidade da racista falando como o racismo é natural.
Meu medo de ir pra reality, é ver essas coisas e ficar igual a Lumena.— Isabela Campos (@isaabelaacampos) September 21, 2021
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A fala de Dayane é problemática em três pontos:
- reforça a ideia da superioridade branca, ao associar a cor de pele clara a uma beleza elegante, como se pessoas negras não fossem tão elegantes quanto pessoas brancas;
- ao sussurrar a palavra “morena”, fica implícito que ela usa esse termo numa tentativa de “suavizar” palavras como negra e preta, como se estas fossem “ruins”,;
- ela escancara uma questão envolvendo toda a indústria da moda e beleza mundial, mas parece compactuar com ela e demonstra certo comodismo, como se: “Poxa, é uma droga, mas estou confortável aqui no meu lugar de mulher branca e pretendo assim seguir”.
Tem que pedir justiça neste caso aqui também, né, internet? #EstamosDeOlho