Comportamento

Como ajudar um amigo ou amiga com distorção de imagem

Quem sofre com o problema não consegue identificar a distorção, por isso saber conversar e instruir da forma certa é tão importante

Por Juliana Morales 10 Maio 2025, 20h00

Ilustração de mãos segurando pedaços de espelhos quebrados, que refletem o rosto de uma mulher — maystra/Getty Images

m tempos de filtros e onda de cirurgias e procedimentos estéticos, a distorção de imagem tem impactado mais e mais jovens. Eles se olham no espelho e veem uma imagem diferente do que realmente está refletido ali. Isso tudo gera uma enorme insatisfação corporal, insegurança e baixa autoestima. Para ajudar alguém com essa condição, é preciso ter, além de empatia, conhecimento e informação.

“A distorção se desenvolve durante a infância e adolescência, e seu início se dá por causa de críticas e comentários negativos acerca do corpo daquela pessoa. Diante de críticas e comparações negativas, o cérebro cria uma imagem irreal do próprio corpo, e a pessoa passa a acreditar que seu corpo é inadequado”, explica a Neuropsicóloga, especialista em transtornos alimentares, Renata Carvalho.

Um exemplo bem atual é o que aconteceu com Eliezer. O ex-bbb decidiu reverter sua harmonização facial recentemente após perceber que estava sofrendo com distorção de imagem. Mas ele só foi se dar conta do problema quando olhou para uma foto dele e pensou que tinha sido manipulada, quando, na verdade, não havia edição e o formato de seu rosto estava se deformando.

Desde sua participação no BBB em 2022, ele afirma sofrer ataques de hate na internet, que sempre apontam como ele é ‘feio’ e quais mudanças deveriam ser feitas. Desde então, passou a realizar procedimentos estéticos no rosto, principalmente por baixo da barba, o que dificulta a visualização completa da mudança.

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Renata explica que as queixas constantes sobre algum aspecto do rosto ou corpo, a comparação da aparência com a de outras pessoas e essa vontade constante de fazer procedimentos estéticos são grandes sinais de que alguém está lidando com o distúrbio de imagem. Ela acrescenta que um hábito comum nesses casos também é “citar ‘defeitos’ que são imperceptíveis para os outros”.

“A pessoa com distorção de imagem pode desenvolver o costume de fazer uma checagem corporal frequente: ela se olha no espelho, se toca e “mede” o próprio corpo com as mãos. Outro comportamento comum são dietas radicais e restrição alimentar, com contagem de calorias e pesagem de alimentos – tudo com o objetivo de diminuir o tamanho do corpo”, acrescenta a especialista.

Como ajudar um amigo com distorção de imagem

A neuropsicóloga destaca que a distorção de imagem “engana” a pessoa. “Ela acredita na imagem distorcida e irreal que vê no espelho, portanto, não consegue identificar a distorção. Por isso, familiares e amigos são capazes de perceber mais facilmente”, diz.

Ela acrescenta que é um tema delicado e é preciso muita cautela ao abordá-lo. “A melhor forma é acolher a dor da pessoa e mostrar caminhos para o tratamento. Caso tenha muita intimidade, chame a pessoa para conversar, e pontue, com muito amor, que percebe o sofrimento enorme pelo qual ela passa, e que gostaria de ajudar. Ofereça-se para buscar profissionais que possam ajuda-la”, aconselha.

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O que NÃO falar para alguém com distorção de imagem

A pedidos da CH, Renata elencou abaixo o que não se deve falar ou fazer ao tentar ajudar alguém com distorção de imagem. Confira!

Jamais critique a aparência dessa pessoa (e nem de ninguém!). Isso pode (e vai!) agravar o problema;
Não critique a própria aparência nem de outros na frente dessa pessoa – isso contribui para que ela busque os padrões de beleza e ainda pode gerar comparações negativas.
Se essa pessoa perder peso, não elogie! Os elogios reforçam a busca pela magreza e a ideia de que o corpo é inadequado;
Não valorize a aparência e o corpo magro: a distorção de imagem é gerada justamente por essa valorização.