Como ajudar a Amazônia de casa, sendo adolescente e sem doar dinheiro

Não é verdade que só rola ajudar doando dinheiro. Na realidade, algumas iniciativas são tão significativas quanto - pra não dizer mais!

Por Isabella Otto Atualizado em 30 out 2024, 17h12 - Publicado em 5 set 2021, 10h01

Nos últimos anos, o desmatamento na Amazônia vem batendo recordes alarmantes. Entre agosto de 2019 e julho de 2020, houve um aumento de 34% da área destruída em comparação ao último ano. Perdemos 9.205 km² da floresta tropical mais importante do mundo, o equivalente a 1,1 milhão de campos de futebol. Ao mesmo tempo em que o desmatamento cresce, a fiscalização diminui. Áreas de proteção estão sendo arruinadas pela ganância do homem. Garimpo, hidrelétricas, exploração ilegal de madeira, mineração, indústria do agronegócio e políticas ambientais falhas são algumas das principais ameaças. É preciso agir! Mas como fazer isso sem ser doando dinheiro? Afinal, se para um adulto ajudar financeiramente já pode ser complicado, para um adolescente que depende dos pais é ainda mais!

Ilustração de animais nativos da Amazônia
Litetokig/Getty Images

Neste 5 de setembro, Dia da Amazônia, conversamos com a Eliz Tessinari, coordenadora de comunicação e relacionamento da ONG SOS Amazônia, para entender como um jovem pode fazer a diferença, muitas vezes, sem nem mesmo precisar sair de casa.

1. Assinando petições online

Participar de manifestações nacionais em prol da Amazônia é essencial e uma forma de fazer isso é assinando petições online, uma ato simples que pode fazer a diferença e chamar a atenção para mudanças que precisam urgentemente ocorrer. “As petições são importantes porque evidenciam a união de pensamentos e pessoas por uma causa, mostra que há milhares de indivíduos que discordam de alguma pauta a ser votada e que deveria ser melhor debatida com a sociedade civil. É uma forma de fazer pressão nas tomadas de decisões daqueles que possuem poder para mudar rumos ou causar retrocessos em diversas áreas“, explica Eliz. Apesar de legais, algumas pessoas tentam desvalidar os abaixo-assinados virtuais dizendo que o impacto que eles causam é pequeno. Como resposta, sites famosos de petições como o Change.org e o Avaaz garantem que um impacto pequeno é melhor que impacto nenhum.

2. Diminuindo o consumo de carne

Você já se perguntou se precisa mesmo de toda essa carne que consome diariamente, muitas vezes no café da manhã (presunto ou peito de peru), no almoço (carne vermelha ou branca) e na janta? Se for por causa de proteína, saiba que ela pode ser encontrada em vários outros alimentos, que inclusive têm um valor de mercado menor, como soja, tofu, ovos e verduras verdes-escuras. Não é preciso tornar-se vegetariano ou vegano, mas diminuir o consumo de carne, principalmente da vermelha, contribui positivamente para o planeta e para o seu organismo. O Ministério da Saúde, por exemplo, indica consumir entre 300 g e 500 g de carne vermelha por semana, ou seja, um bife pequeno, de cerca de 70 g, por dia. Entretanto, uma pesquisada realizada neste ano pela Organização das Nações Unidas mostra que um brasileiro chega a consumir até 42 kg de carne por ano, comendo mais que o dobro necessário por dia! No mundo, o Brasil é o 6º país que mais consome o alimento. Também no Brasil, a indústria do agronegócio é uma das principais destruidoras da floresta. “Sabendo que a pecuária extensiva é a principal causa do desmatamento e uma das principais responsáveis pela emissão dos gases do efeito estufa, além de ter enorme pressão sobre os recursos hídricos, reduzir o consumo de carne ajuda muito a Amazônia”, garante a coordenadora da organização.
Dica: no site da SOS Amazônia, é possível calcular seu rastro consciente respondendo um quiz!

 

3. Incentivando pequenos comerciantes

Se você gosta muito de carne e não consegue viver sem o alimento, tente comprá-lo de produtores e comerciantes menores, que consequentemente causam menos impactos negativos ao meio ambiente. Vontade de comer um hambúrguer? Que tal pedir daquela lanchonete do bairro e não daquele fast-food? O mesmo vale para outros itens da lista, como, por exemplo, os produtos de beleza. Grandes empresas, muitas vezes, lançam produtos “sustentáveis”, mas que continuam pertencendo às grandes empresas, que produzem enormes quantidades de lixo, nem sempre fazem o descarte correto dele, gastam bastante energia, desperdiçam água e usam plásticos não-biodegradáveis na composição dos produtos (esfoliantes) e em suas embalagens. Que tal dar uma chance para os cosméticos naturais fabricados por lojas menores? Há uma infinidade delas no Instagram e nós indicamos algumas testadas: @tropicabotanica, @retornavel.studio, @amokarite, @pazemgaia e @alquimia.afrikkana.

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4. Comprando de empresas verdes

Ser uma empresa verde significa desenvolver tecnologias e estratégias que façam o crescimento econômico e a promoção do desenvolvimento sustentável caminharem lado a lado. Um conhecido exemplo de empresa verde brasileira é a Natura, mas existem outras. Entretanto, infelizmente, na lista das 10 empresas mais verdes do mundo, elaborada pela Newsweek, nenhuma se encontra no Brasil. Significa? E como! “Fazer o consumo consciente é uma das principais maneiras de ajudar. Mesmo que a pessoa não tenha ciência ainda disso, a destruição da floresta está muito relacionada ao seu jeito de viver na Terra. Existem várias empresas e indústrias que causam grande pressão sobre a Amazônia, e deixar de comprar produtos ligados ao desmatamento significa reduzir ou parar a sua participação, mesmo que indireta, na destruição da mata. Devemos sempre ter em mente que, quando compramos um produto, estamos aceitando o seu modo de produção. Por isso, a importância de sabermos a origem e os processos de produção dele”, esclarece Eliz Tessinari.

Foto do desmatamento na Amazônia
Ricardo Lima/Getty Images

5. Usando sua voz nas redes sociais

Para a especialista, não há nada mais poderoso que usar sua voz para fazer a diferença! E não é preciso ter milhares de seguidores para isso. O negócio é começar a transformar o seu mundo para depois causar impactos maiores e mais efetivos. Por isso, não pense que não adianta mudar alguns hábitos porque as grandes empresas continuam poluindo, destruindo e sendo as maiores ameaças. Adianta muito! Cada um precisa fazer a sua parte, isso inclui ter responsabilidade sobre o próprio lixo, fazer a coleta seletiva, economizar água e energia, consumir de maneira consciente, procurar alternativas ao plástico e ser um ser humano que não passa frio, pois está sempre coberto de bom senso. Eliz aproveita para dar a dica: “Fique sempre por dentro das questões ambientais e comece a falar sobre o assunto em suas redes!”.

 

6. Votando nas eleições em candidatos que apresentem propostas ambientais efetivas

Se você tem 16 anos, já pode tirar o título de eleitor e votar. Essa também é uma maneira poderosa de ter voz ativa! “O voto é a principal ferramenta de transformação social. Para que tenhamos políticas públicas ambientais mais efetivas, precisamos buscar candidatos que incluam a sustentabilidade e a proteção do meio ambiente em suas agendas políticas“, conta Tessinari, que lamenta o posicionamento, os representantes no poder e as falhas políticas públicas ambientais do governo Bolsonaro: “É preciso considerar que presenciamos declarações políticas desfavoráveis às questões ambientais no Brasil, em especial para a Amazônia, contribuindo significativamente para movimentos de desmatamento seguidos de queimadas, bem como pelo enfraquecimento dos órgãos e instrumentos públicos de controle e redução do desmatamento”.

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7. Sendo um voluntário

Não é preciso ser maior de idade para se voluntariar em diversas ONG, como, por exemplo, no próprio Greenpeace. Lembre-se de que a Greta Thunberg, antes de se tornar uma famosa ativista ambiental, foi uma adolescente que começou a atrair a atenção da mídia fazendo protestos contra as mudanças climáticas na porta de sua escola.

 

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