Blog da Galera: compartilhar vivências é uma das bases do feminismo

Gyovanna Cabral, da Galera CH, participou de um evento do movimento Girl Up sobre assédio e feminismo.

Por Da Redação Atualizado em 31 out 2024, 02h17 - Publicado em 29 mar 2019, 12h28

Oi, gente! Aqui é a Gyovanna Cabral. Tudo bom? No dia 25 de março aconteceu um evento muito bacana de uma organização chamada Girl Up. O evento seria a exibição de um documentário sobre assédio chamado Chega de Fiu Fiu e depois teria uma roda de conversa com as meninas presentes.

Essas foram as meninas que participaram do evento. Girl Up/Reprodução

De cara, achei que fosse um evento com mulheres adultas que querem aprender mais um pouco sobre o feminismo. Devo admitir que não tinha grandes expectativas. Até que me falaram que estava vindo um ônibus de uma escola municipal da Cidade de Deus cheio de meninas e meu coração ficou cheio. Não adianta falarmos com quem já entende o feminismo, não adianta continuarmos nesse telefone sem fio dentro da nossa bolha. Essas meninas possuem vivências diferentes e foi maravilhoso saber que elas estariam lá.

O Girl Up é um projeto da Organização das Nações Unidas (ONU) que oferece suporte para todos os tipos de meninas de todo lugar do mundo. “Nós não podemos mudar o mundo, mas podemos mudar a cabeça de vocês para mudarem o mundo por nós”, disse uma das organizadoras do evento. Em alguns países, eles chegam a oferecer apoio financeiro para garotas chegarem até as escolas e ajuda para mães adolescentes. E o documentário, com uma trilha sonora inspiradora, me fez pensar bastante sobre tudo o que vivemos e guardamos para nós mesmas, acabamos tendo o assédio como algo normal e não deveria ser assim. O filme também mostrou opiniões masculinas e da maravilhosa filósofa Djamila Ribeiro, que devo admitir que dei um gritinho quando a vi na tela.

A roda de conversa começou com uma simples pergunta: “quem aqui já sofreu assédio?”. Todas levantaram as mãos. A maioria das meninas relatou não ouvir esse tipo de conversa na escola e não serem instruídas a como agir nesse momento, o que me assustou também. Eu estava em uma sala com garotas com no mínimo doze anos que já foram assediadas, porém nunca ouviram sobre isso nas escolas, sendo que uma pesquisa recente revelou que 46,2% das meninas já sofreram assédio nas dependências escolares. Sem palavras!

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O evento foi muito estimulador. Conversar com essas garotas que no futuro vão estar cuidando do nosso mundo (talvez bem melhor do que a gente cuidou) e que, com certeza, vão fazer a diferença de alguma forma, seja contando para uma amiga o que ela aprendeu nesse evento ou levantando a voz para um ato indecente de algum homem na rua. Infelizmente, algumas pessoas nasceram com uma barreira invisível imposta pela sociedade, a fragilidade é uma corrente que amarraram em nossos pés por décadas e quando reconhecemos a existência dessas âncoras sociais e às vezes até físicas (como é o caso das mulheres que sofrem com cólicas menstruais intensas ou por uma forte depressão nos períodos de TPM), é mais fácil de discutimos sobre elas e exigirmos que todos as enxerguem. Mas, mesmo assim, tenham a consciência de que nada vai me impedir de querer correr junto de você apesar das dificuldades.

“Sejamos todas feministas!”

Beijos,
@poesiade1minuto

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