Bilheterias inativas prejudicam público em jogo de futebol feminino em SP
'Só consegui entrar no intervalo', diz torcedora. Em jogos masculinos, sempre há mais cabines operantes.
Demorou muito mais tempo do que deveria, mas, em 2019, o futebol feminino parece finalmente estar começando a ganhar destaque no Brasil. É ano de Copa do Mundo Feminina e, pela primeira vez, as partidas brasileiras femininas serão transmitidas pela Rede Globo, principal emissora de canal aberto. Já o Campeonato Brasileiro Feminino, maior competição feminina do esporte no país, ganhou a cobertura televisiva da Rede Bandeirantes. O campeonato não passava na televisão desde 2017.
E falando em Brasileirão Feminino, a cidade de São Paulo foi palco de uma partida histórica entre Corinthians e Iranduba, time de Manaus, na última semana. O jogo, que aconteceu em um horário agradável, com preços acessíveis e em um estádio grande, o Pacaembu, recebeu a campanha #UmSóCorinthians para convocar a Fiel para torcer pelas meninas, da mesma forma que torce pelos homens. Afinal, é realmente um clube só. A campanha deu resultado e 5.387 torcedores compareceram ao jogo – um número alto em comparação a média das partidas femininas. Mas, apesar disso, nem todo mundo conseguiu ver os 90 minutos de ação.
Apesar de toda a campanha organizada para arrecadar um público grande, as bilheterias do Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho definitivamente não estavam preparadas para receber o número de torcedores que compareceram na noite de jogo. Mesmo quem entrou na fila quase uma hora antes da partida começar teve problemas para conseguir comprar os ingressos. Apenas um guichê do Pacaembu estava funcionando.
“Só consegui entrar no intervalo por conta da demora para comprar os ingressos(…) nem vi os gols, que ódio!“, comentou a torcedora Débora Gonçalves, no Twitter. Os 3 gols do Corinthians saíram ainda no primeiro tempo, quando dezenas de torcedores ainda não haviam conseguido entrar no estádio. Muita gente que estava no final da fila acabou desistindo por conta da demora.
Phelipe Oliveira é torcedor do Santos e costuma ir ao Pacaembu com frequência. Apesar de sempre presenciar filas longas, ele afirma que nunca viu poucos guichês funcionando na bilheteria. “Depende muito do jogo, mas nunca vi operarem com apenas um“, disse.
A CAPRICHO procurou a Secretaria de Esportes e Lazer para entender como funciona a bilheteria do Pacaembu. De acordo com o posicionamento, a organização do estádio no dia de jogo depende do time mandante da partida. Nesse caso, o Corinthians. “Quando um clube aluga o estádio para utilizar o gramado, todos os espaços acessórios são disponibilizados, tais como vestiários, bilheterias, cabines de rádio e TV, torres de iluminação, entre outros. Neste sentido, toda logística é de responsabilidade do clube mandante. A ele cabe conduzir, quantas e quais bilheterias do estádio deseja utilizar para comercializar seus ingressos (há caso, inclusive, de jogos em que nem se abrem as bilheterias, optando o clube por venda de ingressos apenas online), quais portões do estádio serão abertos, valores do ingressos, quais setores será disponibilizada gratuidade (idosos, deficientes, etc), entre outras situações”, informou a Secretaria.
A CAPRICHO também procurou o Corinthians, mas não obteve retorno.
Considerando toda essa situação, podemos concluir que a noite do 9 de maio foi, sim, histórica para o Corinthians e para o futebol feminino brasileiro como um todo. Entretanto, não dá para ignorar o fato de que apenas uma bilheteria estava funcionando. Será que os organizadores não estavam botando fé nas meninas? Por que em dias de futebol masculino isso nunca acontece? Se vamos incentivar o futebol feminino brasileiro, precisamos garantir que nossos estádios estejam preparados para receber a torcida, seja ela de 100 pessoas, 5 mil ou 40 mil. Atletas e torcedores estão visivelmente fazendo sua parte, mas e os “grandes” por trás disso?