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Bienal do Rio tem livros com temáticas LGBTQ+ distribuídos de graça

A feira vem sendo atacada pelo prefeito Marcelo Crivella, que mandou fiscais ao local para recolher publicações "impróprias para menores"

Por Da Redação Atualizado em 31 out 2024, 01h28 - Publicado em 8 set 2019, 12h54

Depois de uma ordem judicial garantir nesta sexta-feira (6) o funcionamento da Bienal do Livro do Rio de Janeiro e impedir o recolhimento de obras comercializadas pela feira, uma nova decisão do Tribunal de Justiça do RJ, no sábado (7), revogou a anterior e permitiu que a prefeitura da cidade retirasse publicações com temáticas LGBTQ+ para o público jovem ou infantil que não estivessem lacradas e com advertência do conteúdo. O YouTuber Felipe Neto, que havia comprado mais de 10 mil exemplares que tratavam do assunto, distribuiu todos gratuitamente junto da organização do evento antes que os fiscais de Marcelo Crivella chegassem ao local.

Bienal do Livro do Rio tem obras com temáticas LGBTQ+ distribuídas gratuitamente em resposta à ação do prefeito Marcelo Crivella. Divulgação/Reprodução

Os livros distribuídos não continham nenhum elemento pornográfico e foram embalados com plástico preto e um aviso que dizia: “Este livro é impróprio para pessoas atrasadas, retrógradas e preconceituosas”. Houve protesto dos participantes da feira contra a censura após a chegada dos fiscais ao evento.

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7 de setembro, tinha que ser nesse dia, o nosso dia, o dia do BRASIL! O dia em que mandamos um recado claro para a censura e os opressores: vocês nunca irão calar o amor! O bem sempre vence e sempre vencerá. Foram 14 mil livros de temática LGBTQ+ distribuídos gratuitamente. Foi o recorde de público da história da Bienal do Livro em 39 edições! Foi lindo, foi amor, foi luta por um mundo melhor! No final, chegaram os carros dos agentes da censura de Crivella e 20 homens armados prontos para recolher todos os livros. Só tinha um problema, TODOS já tinham sido entregues de graça. Hoje, o amor venceu! Hoje, o Brasil venceu! Feliz 7 de setembro. Comemore hoje, a luta continua amanhã.

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Felipe Neto usou seu Instagram para comentar a ação e falou “7 de setembro, tinha que ser nesse dia, o nosso dia, o dia do BRASIL! O dia em que mandamos um recado claro para a censura e os opressores: vocês nunca irão calar o amor! O bem sempre vence e sempre vencerá. Foram 14 mil livros de temática LGBTQ+ distribuídos gratuitamente. Foi o recorde de público da história da Bienal do Livro em 39 edições! Foi lindo, foi amor, foi luta por um mundo melhor! No final, chegaram os carros dos agentes da censura de Crivella e 20 homens armados prontos para recolher todos os livros. Só tinha um problema, TODOS já tinham sido entregues de graça. Hoje, o amor venceu! Hoje, o Brasil venceu! Feliz 7 de setembro. Comemore hoje, a luta continua amanhã”.

A obra “Vingadores: A Cruzada das Crianças”, que era comercializada na Bienal do Livro, foi atacada pelo prefeito do Rio de Janeiro por trazer uma cena em que dois homens se beijam. Reprodução/Reprodução

A Bienal divulgou uma nota oficial dizendo que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal contra a decisão do presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. “Consagrada como o maior evento literário do país, a Bienal do Livro reafirma a manutenção da programação para o fim de semana, dando voz a todos os públicos, sem distinção, como uma democracia deve ser. Este é um festival plural, onde todos são bem-vindos e estão representados. Autores, artistas, pensadores e acadêmicos do Brasil e exterior têm participado de inúmeros painéis sobre os mais variados temas, como fé, fake News, felicidade, ciências, maternidade, teatro, literatura trans, LGBTQA+ e muito mais. Além de todo um pavilhão dedicado às crianças, com contação de histórias, lançamento de livros e espetáculos circenses”, diz parte do comunicado.

A Defensoria Pública do Rio de Janeiro fez um pedido ao STF contra a suspensão da medida que impedia o município do Rio de recolher obras na feira. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, também recorreu ao Supremo Tribunal Federal para proibir a apreensão de livros. Em parte da nota divulgada, ela diz que a medida “visa a impedir a censura ao livre trânsito de ideias, à livre manifestação artística e à liberdade de expressão no país”, e continua: “A decisão ora impugnada fere frontalmente a igualdade, a liberdade de expressão artística e o direito à informação, que são valorizados intensamente pela Constituição de 1988, pelos tratados internacionais de direitos humanos ratificados pelo Brasil e, inclusive, por diversos precedentes do Supremo Tribunal Federal”.

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