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Ativista protesta no Festival de Cannes contra estupros na Ucrânia

Apenas de calcinha, mulher tinha marcas de tinta vermelha na virilha, que imitavam sangue, e a bandeira da Ucrânia pintada sobre os seios

Por Isabella Otto Atualizado em 30 out 2024, 15h57 - Publicado em 21 Maio 2022, 12h30

A 75ª edição do Festival de Cannes começou nesta semana, na França, e na última sexta-feira (20), durante o tapete vermelho do filme Três Mil Anos de Saudade, do diretor George Miller, uma ativista protestou contra os estupros que tem ocorrido na Ucrânia.

A mulher, que não foi identificada, entrou no tapete vermelho com um sobretudo e só depois tirou a peça de roupa. Seminua, apenas de calcinha, ela estava com o peitoral pintado com os dizeres “Pare de nos estuprar”. Na região da virilha, com tinta vermelha que imitava sangue, haviam marcas de mãos. Nas costas, a palavra “escória” estava escrita.

Foto de uma mulher seminua, apenas de calcinha, protestando no tapete vermelho do Festival de Cannes. Ela está com a bandeira da Ucrânia pintada no peito, sob os dizeres
Pascal Le Segretain/Getty Images

A ativista segue o Manifesto do SCUM (Society for Cutting Up Men Manifesto), que prega a destruição dos homens. Ele foi escrito pela jornalista Valerie Solanas e publicado em 1967.

A norte-americana, um dos símbolos do movimento feminista radical, sofreu abuso sexual do próprio pai durante a infância e, mais tarde, quando já era escritora, foi enganada por Andy Warhol, que prometeu filmar uma de suas histórias, o que nunca aconteceu.

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Por causa disso, em 1968, Valerie disparou três tiros contra o diretor, sendo que um o atingiu na região da barriga. A jornalista foi encaminhada para um hospital psiquiátrico e ficou presa por três anos, pena pela tentativa de assassinato da qual Warhol, a vítima, não quis depor.

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“Nós somos as descrentes do culto ao falo, dos blasfemos da religião patriarcal”, gritou a ativista durante seu protesto. Pouco tempo depois, a mulher foi contida pelos seguranças e arrastada para fora do tapete vermelho.

A cultura do estupro em guerras

Dentre as muitas violências sofridas pelo povo durante conflitos armados, como social e econômica, um grupo específico, o das mulheres, acaba sofrendo também com a violência de gênero, uma vez que seus corpos são usados como moeda de troca e punição.

Nesta semana, Lyudmyla Denisova, comissária de Direitos Humanos do Parlamento da Ucrânia, relatou novos casos de estupro cometidos por solados russos no país. Um deles teria envolvido trigêmeas de 9 anos de idade.

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Alguns dias antes, em entrevista à rádio ucraniana Svoboda, a psicóloga Oleksandra Kvitko disse que havia atendido há pouco tempo uma adolescente de 14 anos que havia engravidado após sofrer um estupro coletivo cometido por soldados russos.

A guerra Rússia vs. Ucrânia já dura quase três meses e, apesar das várias denúncias de violência contra a mulher, apenas algumas dezenas estão sendo realmente investigadas pelas autoridades, como relatou Volodymyr Zelensky, presidente ucraniano. Ele declarou ainda que as principais vítimas são crianças e adolescentes, uma vez que muitos soldados russos usam o estupro para punir e torturar os pais dessas jovens mulheres.

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